Nota da Comissão Política Nacional do PCdoB orienta a luta contra o golpe e a tentativa de evitar que o Senado vote pelo afastamento definitivo da presidenta Dilma.
Fortalecer a mobilização contra o golpe, a hora
decisiva chegou
Instaura-se no
Senado Federal, na próxima semana, a fase última e decisiva do processo de
impeachment, na verdade um golpe de Estado que, se consumado, representará um
grave retrocesso político-institucional, expondo a Nação e os trabalhadores ao
risco de uma regressão severa em todos os seus fundamentos, direitos e
conquistas. Impõe-se às forças democráticas, progressistas e populares
reforçarmos a jornada contra o golpe direcionando-a ao Senado, pressionando
cada senador, cada senadora para que não se concretize esse retrocesso.
Carta: libelo
contra o golpe, compromisso com o Plebiscito - A carta divulgada pela presidenta Dilma
Rousseff, no último dia 16 de agosto, além de se constituir um contundente
libelo contra o golpe, apresenta uma saída para se restaurar a democracia e
superar o impasse que o país enfrenta: a presidenta assume o claro compromisso
com a convocação de um Plebiscito para consultar a população sobre a realização
antecipada das eleições presidenciais diretas e também sobre uma reforma
política e eleitoral.
A convocação de
novas eleições é apoiada pela maioria da população, como atestam várias
pesquisas de opinião; o Plebiscito tem o respaldo de um elenco expressivo de
parlamentares, parcelas importantes do movimento social, corresponde à posição
de senadores e senadoras que se opõem ao impeachment. Em razão disso, o apoio
de amplos setores sociais ao manifesto dos advogados e juristas ao Plebiscito é
importante para fortalecer o repúdio ao golpe e a proposta da soberania do voto
popular para a saída da crise.
Na carta, a presidenta
Dilma afirma não existir “injustiça mais devastadora do que condenar um
inocente”, uma pessoa honesta. Essa verdade se torna explícita de forma ainda
mais gritante quando Michel Temer, deliberadamente, se movimenta para adiar,
sem data à vista, a cassação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, figura
emblemática da corrupção no país. Temer receia que retaliações de Cunha, sua
alma gêmea, possam comprometer a aprovação do impeachment e, além disso,
ampliam-se denúncias de ilícitos contra o próprio Temer e seus ministros.
O objetivo do
golpe - Nestes dias e horas
que antecedem o veredito do Senado é preciso ampliar a denúncia, sublinhar o
alerta, rasgar as pretensas vestes legalistas desse golpe de Estado e revelar –
no alcance máximo da voz das forças democráticas e populares – quais os reais
objetivos ocultados pela pesada máquina de propaganda dos grandes veículos de
comunicação.
Neste processo de
impeachment fraudulento, uma vez que está provado e comprovado que não houve
crime de responsabilidade, não é ré apenas a presidenta Dilma Rousseff. São
também a democracia pela qual mais de 54 milhões de votos a elegeram, bem como
o ciclo político que, desde a histórica vitória do ex-presidente Lula em 2002,
associou desenvolvimento com distribuição de renda, ampliou a democracia e
combinou reforço da soberania nacional com integração solidária da América
Latina e do Caribe.
O objetivo do golpe
é eliminar, jogar cal nas conquistas dos governos Lula e Dilma e impor um
projeto de poder da classe dominante capitalista, sobretudo de seus estratos
financeiros globalizados, somados às forças mais conservadoras do país. O golpe
visa a restaurar uma ordem política recorrente na trajetória da República,
erguida sob a concepção de um Estado autoritário e conservador, a serviço da
ganância das classes dominantes, e da cobiça e do saque das potências
estrangeiras sobre a riqueza nacional. Essa ordem política buscará prolongar,
indefinidamente, o domínio dessas forças, para além de 2018.
Trata-se, pois, de
desmontar o pacto de desenvolvimento e progresso social firmado pela
Constituição de 1988 para canalizar o Orçamento Federal aos ganhos fabulosos da
grande finança, consolidando e aprofundando um modelo econômico correspondente
ao conteúdo e aos ditames do capitalismo contemporâneo, neoliberal.
Tenta-se no Brasil,
com esse golpe de feição parlamentar, o que já se passa na Argentina e se busca
também impor à Venezuela: realinhar nosso país à estratégia dos países
capitalistas centrais mediante a qual, para assegurar o resgate do grande
capital, sobretudo financeiro, se lança o ônus da grande crise mundial do
capitalismo sobre os ombros do povo e dos trabalhadores – daí a maré de
desemprego, de corte de direitos sob a espada da austeridade.
Ultraliberalismo
e austeridade são agenda do governo interino - A agenda do governo interino, do usurpador
da cadeira presidencial, Michel Temer, não é outra coisa senão a expressão
desse ultraliberalismo e da austeridade que estão por vir. A Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) do Orçamento, já em tramitação, com uma só tacada pretende
acabar com a dotação orçamentária obrigatória para a Saúde e a Educação, além
de receitas para programas sociais, e amiudar o Estado Nacional comprometendo
seu papel de alavanca do desenvolvimento. Além disso, o Projeto de Lei 257/16
que trata da dívida dos estados vai provocar uma redução drástica da capacidade
desses entes de realizar políticas sociais inclusivas e de induzir o
crescimento.
O enfraquecimento
do Estado virá também por uma nova onda de privatizações, em frenética
preparação, a começar pela entrega do pré-sal às multinacionais, com o fim do
regime de partilha.
O governo interino
busca liquidar a política externa altiva e ativa que fortaleceu a soberania
nacional e a integração regional, para a volta da conduta subalterna a grandes
potências, de agressividade aos países vizinhos e ataques ao Mercado Comum do
Sul (Mercosul).
A Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), históricos direitos trabalhistas e a política de
aumento do salário-mínimo são apontados pelo governo golpista como obstáculos
que precisam, implacavelmente, ser removidos. Anuncia-se uma cruel reforma da
previdência que pode na prática impedir que amplas camadas dos trabalhadores
tenham direito à aposentadoria.
Como a resistência
e as mobilizações populares persistem contra essa agenda regressiva, o país se
depara com uma escalada autoritária, repressiva, como o intento de censura ao
Fora Temer durante os Jogos Olímpicos. Aliás, é preciso sublinhar o orgulho do
povo brasileiro de sediar as Olímpiadas, Rio-2016, grande conquista dos
governos Lula e Dilma conduzida por lideranças do PCdoB que estiveram à frente
do Ministério do Esporte. É emblemática também a anunciada ausência do
usurpador Michel Temer na solenidade de encerramento dos Jogos, por medo das
vaias e da repulsa do povo, a exemplo do que se passou na solenidade de
abertura.
Para atingir os
objetivos assinalados, promover a regressão em toda a linha, o consórcio
golpista dá prosseguimento ao seu plano de criminalizar a esquerda, por
intermédio da Operação Lava Jato, que segue seletiva contra o Partido dos
Trabalhadores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a própria presidenta
Dilma Rousseff, mas que na verdade pretende alvejar as forças progressistas como
um todo. É escancarado o estratagema jurídico-político para tentar excluir o
ex-presidente Lula da disputa de 2018. Além disso, a já anunciada reforma
política vem para restringir o pluralismo político e partidário, excluir as
minorias, ficando o Congresso Nacional e demais casas legislativas sob o
monopólio dos partidos conservadores.
Eleições
municipais, capítulo importante da resistência - No presente contexto, polarizado entre a
agenda golpista e a jornada democrática, a disputa eleitoral ocupará crescentemente
o cenário político. Desse modo, além de serem decisivas para o destino das
cidades, as eleições municipais são importantes para o destino do país, uma vez
que o seu resultado vincula-se diretamente com as eleições de 2018.
A pauta das cidades
– tema e foco centrais desse tipo de disputa – se mesclará, sobretudo nos
médios e grandes munícipios, com a luta democrática em curso; e, se efetivado o
golpe, com as mobilizações contra a agenda regressiva que se imporá no país.
O PCdoB,
embandeirado da luta por cidades mais humanas, inclusivas e inovadoras, partido
da linha de frente da luta contra o golpe, proporcional à sua força concorre
com um elenco significativo de candidaturas, maior que em 2012. Destaca-se um
razoável número de candidaturas, inclusive a prefeito e a vice, nas trezentas
maiores cidades, entre as quais cinco capitais, e mais uma dezena de milhar de
candidatos e candidatas a vereador, muitos dos quais em chapa própria do PCdoB.
Uma vez mais ganha
visibilidade o empoderamento das mulheres no PCdoB, simbolizado no fato de as
cinco mulheres que integram a bancada federal serem candidatas: Luciana Santos,
Jandira Feghali, Alice Portugal, Professora Marcivânia, Ângela Albino, que
concorrem, nesta ordem, às prefeituras de Olinda (PE), Rio de Janeiro (RJ),
Salvador (BA), Santana (AP), Florianópolis (SC) e, ainda, Jô Moraes, à
vice-prefeitura de Belo Horizonte (MG). Destacam-se, ainda, a candidatura de
Lélio Costa à prefeitura de Belém (PA) e Edvaldo Nogueira, à prefeitura de
Aracaju, apoiado por uma ampla coligação, e também as campanhas por reeleições,
por continuidade de lideranças do Partido, à frente das administrações de
Contagem (MG), Juazeiro (BA), Açailândia (MA) e Barra Mansa (RJ).
Fruto do êxito do
governo Flávio Dino, ganha relevo inédito, cercado de boas expectativas, o
projeto eleitoral do PCdoB do Maranhão. Este engloba mais de uma centena de
candidatos a prefeito, inclusive em grandes cidades, e dezenas de candidatos a
vice-prefeito, e presença nas eleições em praticamente todos os municípios
desse estado.
O PCdoB conclama
sua militância, amigos(as) e apoiadores(as) a se empenharem ao máximo pela
vitória de seus(suas) candidatos(as) e, também, de seus(suas) aliados(as), uma
vez que a luta democrática dependerá agora e em 2018 da força real que nosso
Partido e as demais forças progressistas conquistarem nestas eleições.
Fortalecer a
mobilização popular e democrática - Nesta hora em que paira essa dura ameaça sobre o presente e o futuro do
país, o PCdoB, em conjunto com as forças democráticas e progressistas, faz um
chamamento a todas e a todos que prezam a democracia para que nestes dias que
antecedem a decisão do Senado – e sobretudo durante as sessões finais do
julgamento da presidenta Dilma – intensifiquemos a denúncia do golpe e a
pressão sobre os senadores e senadoras.
Tem importância
especial o 29 de agosto, Dia Nacional de Mobilização, direcionado sobretudo a
Brasília e às capitais, quando, conforme está previsto, a presidenta Dilma
Rousseff fará sua própria defesa no plenário do Senado. Será um acontecimento
emblemático que realçará a coragem política e altivez da presidenta Dilma e
poderá se constituir num forte libelo contra o golpe com ampla ressonância
entre o povo.
Finalmente, o PCdoB
destaca que, independentemente do resultado do julgamento, a resistência
prosseguirá em defesa da Nação e dos trabalhadores e até a completa restauração
da democracia.
São Paulo, 19 de
agosto de 2016
A Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil – PCdoB
A Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil – PCdoB
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Um comentário:
Companheiro a luta continua, não podemos deixar que a injustiça vença a justiça, que o mal prevaleça.
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