PCdoB faz chamado a PT, PDT e PSB à unidade
Portal Vermelho
Ante à coesão que
se desenha do campo político da direita, a presidenta nacional do PCdoB,
deputada federal Luciana Santos (PE), na intervenção que fez na abertura da
reunião do Comitê Central do PCdoB, que segue até domingo (22), em São Paulo,
afirmou que aumenta a responsabilidade das forças progressistas, nomeadamente
do PCdoB, do PT, do PDT e do PSB, de buscarem a unidade eleitoral, como caminho
para vencer as eleições.
A pré-candidatura de Manuela D´Ávila seguirá ativa
contribuindo para que se alcance a vitória deste campo.
Na abertura da reunião do Comitê Central, a presidenta do
PCdoB analisou o quadro estratégico para as eleições de outubro, em que o
elenco das principais forças conservadoras e o poder econômico e financeiro
avançam para tentar eleger o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB-SP), mesmo com suas debilidades, isolando o expoente da extrema direita
deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), enquanto atua para dividir o campo
progressista.
As últimas horas produziram mais novidades no cenário
político, do que os últimos meses. Com esta constatação, Luciana observa que a
disputa eleitoral, que se aproxima, revela-se o centro da acirrada luta de
classes em que o país está mergulhado desde 2014. Com isso, a coalizão que se
desenha da direita e centro-direita em torno da candidatura de Alckmin mostra
que as forças que entronizaram e respaldam o fracassado governo Temer buscam
criar as condições para vencer a disputa presidencial.
“Este é o pleito eleitoral mais complexo desde a
redemocratização. Não é por menos, trata-se de uma mudança de ciclo político,
de recomposição de forças e alianças”, analisa a presidente do PCdoB.
“Neste
quadro, o que nos orienta é vencer as eleições e derrotar a agenda neoliberal e
neocolonial que busca ganhar a legitimidade das urnas. Somados a esse objetivo
maior, estão os objetivos diretos de nosso projeto eleitoral nesta disputa”,
disse ela, mencionando as metas do Partido de seguir avante com pré-candidatura
de Manuela D´Ávila à Presidência da República, garantir uma bancada forte no
Congresso Nacional, reeleger o governador Flávio Dino e a senadora Vanessa
Grazziotin (AM) e outras candidaturas ao Senado Federal e a Vice-governador, passando
pela superação da cláusula de desempenho de 1,5% de votos em nível nacional, e
1% de votos em pelo menos nove estados ou a eleição de deputados nesses nove
estados.
A reunião do Comitê Central ocorre num período de início das
decisões e de intensas movimentações, enquanto o campo da esquerda permanece
inconclusivo, obrigando o PCdoB ao esforço de ampliar a análise sobre os
cenários, e estabelecer conversações com vistas a atingir seus objetivos,
notadamente uma ampla unidade progressista para vencer a eleição. “Até o dia 5
de agosto, muita água vai rolar, e buscaremos, com a flexibilidade tática e a
firmeza de princípios que nos caracterizam, adotar a melhor decisão aos
interesses da Nação e do nosso partido”, afirmou.
O
fracasso do governo Temer - Luciana analisou as condições em que o governo do
golpe fracassou, que se resumem ao não cumprimento de nenhuma das metas que
propunha de melhoria da vida dos brasileiros, ao passo que avança com medidas
de desmonte dos direitos sociais, das políticas públicas conquistadas, com
privatizações e entrega do patrimônio nacional, culminando com a greve de
caminhoneiros que expôs essa incapacidade do Governo Temer e agravou a
capacidade de recuperação econômica do país.
A
guerra comercial desencadeada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, diminui
ainda mais as possibilidades do Brasil se recuperar, pelo modo como Temer
“apequena” o país internacionalmente. “Há quem avalie que esta guerra comercial
estimula que o Brasil retroceda para a produção de matérias-primas, que
impactam ainda mais na desindustrialização brasileira”, alertou. Para a
deputada e dirigente partidária, a sedução das elites brasileiras, por este
receituário neoliberal, “levará a manutenção da economia brasileira a uma
situação de semi-estagnação, de desindustrialização e desnacionalização,
ampliando a gravidade social, e se tornando terreno fértil para a emergência de
forças de extrema-direita”.
Se
por um lado, eles tiveram vitórias importantes como a aprovação da Lei do Teto,
e a realização a Reforma trabalhista, nós conseguimos paralisar a Reforma da
Previdência e vários intentos de privatização, como é o caso da Eletrobrás”,
lembrou ela. “O papel da nossa bancada, e do nosso líder Orlando Silva
[deputado federal de São Paulo, líder da bancada do PCdoB] são um fator para
ser registrado. Jogou um papel importante para uma saída e um pacto construído
na Câmara entre os diversos setores envolvidos, em especial para barrar a
privatização do setor de geração de energia.
Lula Livre - A prisão de Lula está sendo decisiva para o campo
conservador impor as condições da disputa. “A prisão é o troféu da Lava Jato.
Evitar que seja solto, restringir ao máximo os seus movimentos e mesmo sua voz,
é parte da estratégia do campo conservador, excluindo-o da disputa eleitoral;
somente assim, acreditam ter uma oportunidade de vencer as eleições”, avaliou
Luciana.
Os
fins justificam os meios, parafraseou ela. “As ilegalidades, a partidarização e
as manobras jurídicas são toleradas pelo establishment quando beneficiam seus
interesses”, disse ela, citando vários episódios, como a reação da Procuradoria
Geral da Republica de pedir a aposentadoria compulsória do desembargador
Rogério Fraveto no episódio recente do habeas corpus a Lula. “É um indicador de
que não se admite dissidências no seio desta operação, e quem o fizer merece
ser castigado de modo exemplar”.
No
entanto, pondera Luciana, esses excessos têm um custo, e o uso deste poder
conferido pela hegemonia política da mídia e das forças conservadoras possui um
limite. “É cada dia mais visível, por parte da população, da situação de
injustiça de que Lula está submetido e de que é perseguido pelo juiz Sérgio
Moro. Isto se revela nas pesquisas de opinião pública. Há um processo de
vitimização no imaginário popular do ex-presidente Lula, assim como o papel
persecutório de Moro”, observa ela.
A estratégia da
elite financeira - Luciana considera
que é neste contexto que o establishment começa a atuar de modo “silencioso,
acelerado e assertivo”. “A mão invisível do mercado recompôs seu time, o
recolocando no jogo em condições de chegar a final”, declara ela. Este é o
resultado desta semana, onde as forças do chamado centrão refluíram de
negociações com o PDT e Ciro Gomes e dão sinais que irão agrupadas ao encontro
da candidatura do PSDB. Um movimento que produz impactos em quase todas as
candidaturas. No decorrer dessa análise destacou as qualidades de Ciro Gomes e
a importância do candidato do PDT ter desfraldo um projeto de desenvolvimento
soberano.
Luciana
destacou a importância da pré-candidatura de Manuela D’Ávila protagonizando a
“grande política” e ganhando realce em função de sua defesa da unidade da
esquerda, e coloca o PCdoB num patamar diferente entre as forças de esquerda.
“Não somos de lançar holofotes sobre nós mesmos, mas é importante realçar os 2%
de intenções de voto em Manuela, alcançando um patamar acima das nossas
expectativas”, afirmou Luciana.
A
dirigente do PCdoB apontou a disputa do apoio do Partido, tanto pelo PT, quanto
pelo PDT. No entanto, a conjuntura vai se afunilando, com o “centrão”
anunciando sua tendência em apoiar Alckmin, mesmo com o candidato não tendo
decolado. “É a candidatura do establishment.
O campo
conservador - As eleições e o voto
continuam sendo o maior obstáculo para a continuidade do projeto neoliberal
para o país, um projeto que candidato nenhum candidato consegue defender à luz
do dia e precisa esconder do eleitor. Todavia, na opinião de Luciana, dão
sinais de que desatam uma operação de grande envergadura com vistas a gerar
condições de superar o crivo do voto popular. “Para isto, além de operar a
unidade do seu campo, eles atuam para desidratar Bolsonaro e estabelecer uma
divisão na esquerda”, analisou.
Mesmo
sendo farinha do mesmo saco, os tucanos tentam se descolar do governo Temer. A
candidatura de Henrique Meirelles (MDB) serve a essa necessidade do PSDB,
afirma Luciana. O mesmo grupo opera para isolar a extrema-direita de Bolsonaro,
com seus 15% de intenção de voto, sem apoios ou tempo de tv. A pergunta que
fica é se Bolsonaro nestas condições conseguirá manter a média das intenções de
voto que vem angariando. A dirigente comunista foi alinhavando especulações sobre
eventuais direções de candidaturas como a de Marina Silva (Rede) e Álvaro Dias
(Podemos), após as sinalizações do “centrão”.
O
centrão reúne forças com perfil fisiológico, que buscam estritamente cotas de
poder, e outras que possuem um viés mais ideológico, liberal e ultraliberal.
Composto hoje por DEM, PP, SD, PRB e PSC, tem na figura do presidente da Câmara
Rodrigo Maia seu principal expoente. “O DEM, que vinha flertando em ocupar um
espaço que era do PSDB, se tornando um novo pivô do campo das elites, volta a
se manter na esfera de influência dos tucanos, até por falta de alternativa
mesmo”.
O campo
progressista - A ampla coalizão que
vem se gestando no campo da direita, apenas dá mais relevância à necessidade
que o PCdoB tem afirmado de unidade do campo progressista. Os vários movimentos
realizados nos últimos meses com o intuito de criar bases para uma convergência
mais ampla do campo progressista e de esquerda tem sido, em grande parte,
iniciativa do PCdoB e de sua Fundação Maurício Grabois. Luciana destaca avanços
importantes em iniciativas programáticas, como foi o Manifesto pela
Reconstrução Nacional e a ideia de construção de uma Frente Parlamentar lançada
nas últimas semanas. “Isto tudo tem o peso da nossa construção política”, diz
ela.
“No
entanto, paradoxalmente, temos tido grandes dificuldades para a convergência de
um pacto eleitoral em torno de uma candidatura única com possibilidades reais
de vitória”, diagnostica Luciana. Esta necessidade somente cresce no novo
cenário. O PT e o PDT e mesmo PSB possuem grande responsabilidade diante desta
situação, na opinião dela. “Se nos apresentarmos fragmentados, dispersos, isto
nos será cobrado. Temos a obrigação de realizar esforços neste sentido. Manuela
tem dito que não somos óbice para a unidade. Com a fragmentação, a candidatura
se mantém”, enfatizou a dirigente comunista.
O êxito da
pré-candidatura de Manuela – A
presidenta do PCdoB avaliou como uma estratégia vitoriosa a condução da
pré-candidatura de Manuela D’Ávila, pelo frescor no ambiente político, e como
um excepcional instrumento de apresentação das bandeiras e posições do PCdoB,
bem como sobre as saídas para a crise brasileira.
“Sua
bravura e combatividade e assertividade sobre os desafios do Brasil lhe têm
permitido ganhar apoio e consideração de setores amplos que transcendem, e
muito, a área de influência do PCdoB.
Aparecer em pesquisas com 2% consolidados
e em espontâneas com 1% é sinal do potencial da pré-candidatura”, acredita,
mencionando a entrevista ao programa Roda Viva, em que ela conseguiu furar a
bolha da comunicação e obter uma repercussão de grandes magnitudes. “Nossa
campanha feita sob condições limitadas, sejam elas materiais ou humanas,
ultrapassou todas as expectativas”, salientou.
Projeto eleitoral
dos comunistas - A construção do
projeto eleitoral do PCdoB entra na última e mais decisiva fase: a das
coligações que projetem a competitividade das candidaturas. “Nada fica definido
em termos de resultados sem essa definição. Claro que se avançou bastante nos
arranjos regionais, mas manda a experiência que até o final do jogo é preciso
manter a concentração”, afirmou Luciana.
No
que foi construído até agora, o PCdoB tem condições de manter em situação
competitiva, nos termos dos objetivos traçados pelo Comitê Central, 17 estados,
com um total de um governador, ao menos uma senadora, até 20 deputados(as)
federais em 17 Estados e 37 a 45 deputadas(os) estaduais.
Em meio a isso, foram
colocados novos nomes em condições de disputa.
Em
termos de candidaturas majoritárias outras estão em definição, como a própria
Luciana para vice-governadora em Pernambuco, entre outras opções em Minas
Gerais, Mato Groso, Rio Grande do Norte, Roraima, Espírito Santo, Paraíba, Rio
de Janeiro e Pará.
Busca da unidade
até o último minuto - Luciana Santos
encerrou sua intervenção apontando indicativos de dar seguimento às
conversações com PT, PDT, PSB nas quais o PCdoB insistirá sobre a necessidade
um pacto eleitoral das forças progressistas visando a quinta vitória do povo
nas eleições presidenciais de outubro. A Convenção Nacional do PCdoB que se
realizará no dia 1º de agosto deverá delegar à Comissão Política Nacional as
últimas definições sobre a posição do PCdoB.
“Provavelmente, o cenário só vai evoluir nos
pênaltis. Mas o que nos orienta é a busca pela vitória do nosso campo e pelo
cumprimento dos objetivos do nosso projeto eleitoral. O que nos move é a
unidade do nosso campo e lutaremos por ela até o último minuto e a nossa
pré-candidata Manuela que segue sua campanha é o nosso grande trunfo para
isso”, reafirmou.