26 julho 2018

Interrégno

Ontem, quarta-feira e no próximo dia 1, sucessivamente, submetido a tratamento cirúrgico oftalmológico, permanecerei em repouso — inclusive sem usar as ferramentas digitais. 

Minhas postagens aqui no blog, portanto, ficam temporariamente interrompidas.

Até breve.


24 julho 2018

Amigos


Há amizades que, construídas na luta comum, se fazem perenes. Reginaldo Muniz Barreto — ex-secretário de Finanças da Prefeitura do Recife na gestão de João Paulo, camarada e amigo desde início dos anos 80 —, que recebi hoje em meu gabinete, é verdadeiramente um irmão. Minhas filhas o chamam “tio” e assim o consideram. Há anos atua no DIEESE, instalado em São Paulo. Sempre lúcido e comprometido com a causa da soberania nacional e os direitos dos trabalhadores. (Foto: Flávio Campos)

Crônica da vida cotidiana


O leão e Marli
Luciano Siqueira

Dois leões fugiram de um circo. Um deles ganhou o caminho da selva, o outro perdeu-se na cidade.

Tempos depois, o da vida selvagem retornou cambaleante, magro, desnutrido e triste. E assim facilmente se deixou conduzir à jaula do circo.

Não demorou muito apareceu o outro leão, apreendido pelo Corpo de Bombeiros: gordo, largo sorriso estampado no rosto, juba imensa.

- Que houve, cara? Você viveu livre na Natureza e está assim tão depauperado!?

- Pois é, desaprendi de me alimentar na selva... Você é que se deu bem, onde estava mesmo?

- Ah, amigo, dei a maior sorte! Me acomodei no quintal da casa de Marli, no Prado, e a todo instante ela me servia carne, sanduíche, suco, bolo, pipocas... uma farra!

- Onde a gente acha essa Marli?

- Ela passa o dia no gabinete do vice-prefeito, dedicada a engordar os colegas de trabalho.

(Adaptação livre da piada dos dois leões, relembrada por Carmen Fischer.)

Combate frontal

Agressivos e emocionalmente descontrolados os entrevistadores do ex-prefeito Fernando Haddad na Rádio CBN, agora cedo. Não buscaram informar os ouvintes; destilaram rancor anti-Lula e anti-PT. 

23 julho 2018

Para onde vamos?


Xadrez da maior aposta de Lula
Luis Nassif, Jornal GGN

Peça 1 – entendendo a estratégia
A estratégia do PT para as eleições consiste dos seguintes passos:
Passo 1 – a pré-campanha, mantendo a candidatura de Lula até o fim
Objetivo – manter o eleitorado coeso, aumentar a adesão ao candidato permitindo até aumentar sua força eleitoral e fortalecendo o ungido, que deverá substituir Lula.
Passo 2 – a campanha do 1º turno
São feitas duas apostas na cabeça de Lula.
A primeira é que a jurisprudência do STF (Supremo Tribunal Federal) permite a candidatura de candidatos condenados em 2ª instância. Ela será por conta e risco do candidato. Lula imagina que, se eleito não haverá como despojá-lo da presidência.
A segunda convicção é que, quanto mais prorrogar a candidatura, mais a opinião pública entenderá a perseguição de que está sendo alvo, e maior será a transferência de votos para o seu candidato.

Passo 3 – o 2º turno

Passando para o 2º turno, montar o arco de alianças de esquerda para enfrentar o candidato de direito: Bolsonaro ou Geraldo Alckmin.

Passo 4 – o 3º turno

Vencendo as eleições, enfrentar as ameaças de impugnação, confiando no clamor popular.

Peça 2 – a correlação de forças

Como Garrincha já dizia, faltou combinar com os russos.
Eleição não se confunde com Poder. Em países democráticos, todo poder emana do povo. Em situações de estado de exceção, como a atual, o povo, ora, o povo! O sentimento democrático desaparece até de quem deveria defender a Constituição, o STF (Supremo Tribunal Federal) e a Procuradoria Geral da República (PGR)
Grosso modo, a estrutura de Poder é representada pelos seguintes grupos.
1.      Mídia, melhor dizendo, Globo, potencializando a influência do mercado.
2.      Judiciário: a corrente Lava Jato à TRF4 à STJ/TSE à STF, francamente anti-PT e disposta a punir os recalcitrantes internos.
3.      Os empresários, subdivididos em três grupos: as associações empresariais, as grandes corporações e o mercado. As associações aceitam até Bolsonaro; mais informadas, as grandes corporações não chegam a tanto. Mas em todos eles consolidou-se o sentimento anti-PT.
4.      O poder armado: Forças Armadas, Política Federal e Polícia Militar. Estão a reboque do poder central, mas sempre disponíveis para utilizar o poder da borduna contra os inimigos.
5.      O crime organizado e as milícias.
6.      Finalmente, os setores minoritários:
·         Sindicatos de trabalhadores.
·         Movimentos populares
·         Mídia alternativa
·         Setores da sociedade civil
·         Setores minoritários da Justiça
·         Consciências individuais que participam dos poderes anteriores.

·         Em relação à correlação de forças, há uma frente fechada anti-PT, uma aliança tão intransponível, que tacitamente admite até a alternativa Bolsonaro, se for para evitar a volta de Lula.
·         Esse é um dado da realidade, que não será removido com o uso da fé. Historiadores já descreveram a marcha da insensatez que acomete nações e civilizações. O Brasil claramente atravessa um desses momentos, sem que uma massa crítica de racionalidade se interponha no caminho do desastre.
·         Enquanto essa frente tosca não for rompida, não se deve alimentar nenhuma veleidade de se impor em nome do estado de direito e da consciência democrática.
·         Restam as eleições, como tentativa de freada de arrumação.
·         Dentro de cada Poder existem as pessoas de bom senso percebendo a loucura. Mas não ousam colocar o pescoço para fora, temendo – com razão – serem alvos de represália. Daí a importância das eleições e de saídas que, se não forem o sonho ideal do eleitor, pelo menos represente uma redução de danos do futuro próximo.

·         Peça 3 – o que os russos irão fazer

·         Entendido isso, vamos a uma análise da estratégia de Lula, colocando os russos – o Poder – em campo.

·         Etapa 1 – a pré campanha

·         Já se tem os resultados aí.
·         Houve o absurdo da juíza da execução impedir até entrevistas de Lula, e não haver nenhum poder capaz de revogar o arbítrio.
Conseguiu-se, com isso, afastar Lula de qualquer articulação política. E, pior ainda, nenhuma liderança petista se habilitou a essas negociações.
·         Por outro lado, fortaleceu a imagem de Lula e a percepção da perseguição política a que está exposto. Além disso, manteve a união do PT, evitando a implosão do partido, que poderia se converter em um arquipélago de tendências e regiões, perdendo a noção de projeto nacional.

·         Etapa 2 – o 1º turno

·         Agora se entra na parte mais delicada, de definição da estratégia para o 1º turno.
O que se tem de objetivo:
·         Jair Bolsonaro mantendo seu índice de votação.
·         Geraldo Alckmin fazendo a liga entre o governo Temer, o mercado e a mídia, montando um arco de alianças que o deixará sozinho no campo da direita.
Aí entra o fator transferência de votos de Lula. Não se sabe quem será o ungido, mas em apenas 20 dias o eleitor terá que saber que ele é o indicado de Lula.
Haverá o seguinte desenho no período:
·         A PGR e a Lava Jato, em parceria com a mídia, soltando denúncias a torto e a direito contra o ungido.
·         A mídia tratando-o como corrupto e recorrendo a toda sorte de factoides, que não serão  eternos, posto que factoides, mas infinitos enquanto durar o 1º turno.
·         O PT com 90 segundos por dia para informar o eleitor quem é o candidato de Lula. E ainda dividindo votos especialmente com Ciro Gomes.
·         Blogs e portais independentes falando para o público de militantes e para os democratas dispersos.
Etapa 3– o 2º turno
Na hipótese do ungido passar para o 2º turno, haverá uma guerra mundial. A jurisprudência do Supremo, TSE, TRE e o escambau serão  confrontadas com o estado de exceção em vigor.
Etapa 4 – a pós-eleição
E, afianço, nem o algoritmo do Supremo ou do TSE terá muito trabalho, porque a maioria dos Ministros e juízes já faz parte da frente anti-Lula e votará com o que o Poder determinará.

Peça 4 – a revisão da estratégia

Com o auxílio do tapetão, as possibilidades de um 2º turno com Alckmin e Bolsonaro é real. Há que se analisar, então, o segundo tempo da estratégia. Esse é o busílis da questão.
Na luta contra a droga, adota-se a política de redução de danos.
Lula está fazendo a maior aposta da sua vida.
Não se poder dizer que Judiciário, Ministério Público, a própria Polícia Federal, sejam organizações homogêneas. Os abusos antidemocráticos cometidos contra Lula, as negociatas com o serviço público, a incapacidade de recuperação da economia, a volta do país ao mapa da fome, decorrem de uma aliança pontual cimentada pelo antipetismo, com um poder de represália capaz de demover as reações individuais internas em cada setor. Repito: o único fator de coesão desse banquete bárbaro é o anti-petismo.
Só se recuperará o caminho democrático se se romper essa aliança. E, aí, exigirá uma articulação que vá  além do PT, que seja multipartidária, e, mais que isso, suprapartidária.
Mais quatro anos do estilo Temer, aprofundado com a eleição de Alckmin, significará jogar definitivamente as forças democráticas no gueto, os movimentos populares na clandestinidade e os direitos sociais no lixo.
Prosseguirá a demolição de qualquer ponto de resistência, o próprio PT, sindicatos, governadores de oposição, imprensa independente, juízes independentes, procuradores que defendam direitos humanos e, especialmente, uma certa convicção democrática que começa a florescer internamente nesses poderes, fruto dos abusos reiterados de Temer e companhia.
O que está em jogo é o legado de Lula e seu próprio futuro político e seu papel na história. Se falhar nessa aposta de tudo-ou-nada, esquerda, centro-esquerda, forças democráticas estarão definitivamente fora do jogo. E Lula se tornará apenas um retrato na parede, lembrando os tempos em que o país parecia ter encontrado o seu destino.
Daí a importância de se analisar a política de redução de danos e compor a frente democrática antes que seja tarde. Mesmo que signifique o PT abdicar de um protagonismo que, por direito, deveria ser seu.
Leia mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF e acesse o canal ‘Luciano Siqueira opina’, no YouTube https://bit.ly/2ssRlvd

22 julho 2018

Poesia sempre


A palavra mágica
Carlos Drummond de Andrade 

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra. 

Leia mais sobre poesia e temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF e acesse o canal ‘Luciano Siqueira opina, no YouTube https://bit.ly/2ssRlvd      

Humor de resistência

Myrria vê o retrocesso social no governo Temer

21 julho 2018

No rumo certo


PCdoB faz chamado a PT, PDT e PSB à unidade
Portal Vermelho

Ante à coesão que se desenha do campo político da direita, a presidenta nacional do PCdoB, deputada federal Luciana Santos (PE), na intervenção que fez na abertura da reunião do Comitê Central do PCdoB, que segue até domingo (22), em São Paulo, afirmou que aumenta a responsabilidade das forças progressistas, nomeadamente do PCdoB, do PT, do PDT e do PSB, de buscarem a unidade eleitoral, como caminho para vencer as eleições.

A pré-candidatura de Manuela D´Ávila seguirá ativa contribuindo para que se alcance a vitória deste campo.      

Na abertura da reunião do Comitê Central, a presidenta do PCdoB analisou o quadro estratégico para as eleições de outubro, em que o elenco das principais forças conservadoras e o poder econômico e financeiro avançam para tentar eleger o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), mesmo com suas debilidades, isolando o expoente da extrema direita deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), enquanto atua para dividir o campo progressista. 

As últimas horas produziram mais novidades no cenário político, do que os últimos meses. Com esta constatação, Luciana observa que a disputa eleitoral, que se aproxima, revela-se o centro da acirrada luta de classes em que o país está mergulhado desde 2014. Com isso, a coalizão que se desenha da direita e centro-direita em torno da candidatura de Alckmin mostra que as forças que entronizaram e respaldam o fracassado governo Temer buscam criar as condições para vencer a disputa presidencial. 

“Este é o pleito eleitoral mais complexo desde a redemocratização. Não é por menos, trata-se de uma mudança de ciclo político, de recomposição de forças e alianças”, analisa a presidente do PCdoB. 

“Neste quadro, o que nos orienta é vencer as eleições e derrotar a agenda neoliberal e neocolonial que busca ganhar a legitimidade das urnas. Somados a esse objetivo maior, estão os objetivos diretos de nosso projeto eleitoral nesta disputa”, disse ela, mencionando as metas do Partido de seguir avante com pré-candidatura de Manuela D´Ávila à Presidência da República, garantir uma bancada forte no Congresso Nacional, reeleger o governador Flávio Dino e a senadora Vanessa Grazziotin (AM) e outras candidaturas ao Senado Federal e a Vice-governador, passando pela superação da cláusula de desempenho de 1,5% de votos em nível nacional, e 1% de votos em pelo menos nove estados ou a eleição de deputados nesses nove estados.

A reunião do Comitê Central ocorre num período de início das decisões e de intensas movimentações, enquanto o campo da esquerda permanece inconclusivo, obrigando o PCdoB ao esforço de ampliar a análise sobre os cenários, e estabelecer conversações com vistas a atingir seus objetivos, notadamente uma ampla unidade progressista para vencer a eleição. “Até o dia 5 de agosto, muita água vai rolar, e buscaremos, com a flexibilidade tática e a firmeza de princípios que nos caracterizam, adotar a melhor decisão aos interesses da Nação e do nosso partido”, afirmou. 

O fracasso do governo Temer -  Luciana analisou as condições em que o governo do golpe fracassou, que se resumem ao não cumprimento de nenhuma das metas que propunha de melhoria da vida dos brasileiros, ao passo que avança com medidas de desmonte dos direitos sociais, das políticas públicas conquistadas, com privatizações e entrega do patrimônio nacional, culminando com a greve de caminhoneiros que expôs essa incapacidade do Governo Temer e agravou a capacidade de recuperação econômica do país. 

A guerra comercial desencadeada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, diminui ainda mais as possibilidades do Brasil se recuperar, pelo modo como Temer “apequena” o país internacionalmente. “Há quem avalie que esta guerra comercial estimula que o Brasil retroceda para a produção de matérias-primas, que impactam ainda mais na desindustrialização brasileira”, alertou. Para a deputada e dirigente partidária, a sedução das elites brasileiras, por este receituário neoliberal, “levará a manutenção da economia brasileira a uma situação de semi-estagnação, de desindustrialização e desnacionalização, ampliando a gravidade social, e se tornando terreno fértil para a emergência de forças de extrema-direita”.

Se por um lado, eles tiveram vitórias importantes como a aprovação da Lei do Teto, e a realização a Reforma trabalhista, nós conseguimos paralisar a Reforma da Previdência e vários intentos de privatização, como é o caso da Eletrobrás”, lembrou ela. “O papel da nossa bancada, e do nosso líder Orlando Silva [deputado federal de São Paulo, líder da bancada do PCdoB] são um fator para ser registrado. Jogou um papel importante para uma saída e um pacto construído na Câmara entre os diversos setores envolvidos, em especial para barrar a privatização do setor de geração de energia.

Lula Livre - A prisão de Lula está sendo decisiva para o campo conservador impor as condições da disputa. “A prisão é o troféu da Lava Jato. Evitar que seja solto, restringir ao máximo os seus movimentos e mesmo sua voz, é parte da estratégia do campo conservador, excluindo-o da disputa eleitoral; somente assim, acreditam ter uma oportunidade de vencer as eleições”, avaliou Luciana. 

Os fins justificam os meios, parafraseou ela. “As ilegalidades, a partidarização e as manobras jurídicas são toleradas pelo establishment quando beneficiam seus interesses”, disse ela, citando vários episódios, como a reação da Procuradoria Geral da Republica de pedir a aposentadoria compulsória do desembargador Rogério Fraveto no episódio recente do habeas corpus a Lula. “É um indicador de que não se admite dissidências no seio desta operação, e quem o fizer merece ser castigado de modo exemplar”. 

No entanto, pondera Luciana, esses excessos têm um custo, e o uso deste poder conferido pela hegemonia política da mídia e das forças conservadoras possui um limite. “É cada dia mais visível, por parte da população, da situação de injustiça de que Lula está submetido e de que é perseguido pelo juiz Sérgio Moro. Isto se revela nas pesquisas de opinião pública. Há um processo de vitimização no imaginário popular do ex-presidente Lula, assim como o papel persecutório de Moro”, observa ela.

A estratégia da elite financeira - Luciana considera que é neste contexto que o establishment começa a atuar de modo “silencioso, acelerado e assertivo”. “A mão invisível do mercado recompôs seu time, o recolocando no jogo em condições de chegar a final”, declara ela. Este é o resultado desta semana, onde as forças do chamado centrão refluíram de negociações com o PDT e Ciro Gomes e dão sinais que irão agrupadas ao encontro da candidatura do PSDB. Um movimento que produz impactos em quase todas as candidaturas. No decorrer dessa análise destacou as qualidades de Ciro Gomes e a importância do candidato do PDT ter desfraldo um projeto de desenvolvimento soberano.

Luciana destacou a importância da pré-candidatura de Manuela D’Ávila protagonizando a “grande política” e ganhando realce em função de sua defesa da unidade da esquerda, e coloca o PCdoB num patamar diferente entre as forças de esquerda. “Não somos de lançar holofotes sobre nós mesmos, mas é importante realçar os 2% de intenções de voto em Manuela, alcançando um patamar acima das nossas expectativas”, afirmou Luciana. 

A dirigente do PCdoB apontou a disputa do apoio do Partido, tanto pelo PT, quanto pelo PDT. No entanto, a conjuntura vai se afunilando, com o “centrão” anunciando sua tendência em apoiar Alckmin, mesmo com o candidato não tendo decolado. “É a candidatura do establishment. 

O campo conservador - As eleições e o voto continuam sendo o maior obstáculo para a continuidade do projeto neoliberal para o país, um projeto que candidato nenhum candidato consegue defender à luz do dia e precisa esconder do eleitor. Todavia, na opinião de Luciana, dão sinais de que desatam uma operação de grande envergadura com vistas a gerar condições de superar o crivo do voto popular. “Para isto, além de operar a unidade do seu campo, eles atuam para desidratar Bolsonaro e estabelecer uma divisão na esquerda”, analisou. 

Mesmo sendo farinha do mesmo saco, os tucanos tentam se descolar do governo Temer. A candidatura de Henrique Meirelles (MDB) serve a essa necessidade do PSDB, afirma Luciana. O mesmo grupo opera para isolar a extrema-direita de Bolsonaro, com seus 15% de intenção de voto, sem apoios ou tempo de tv. A pergunta que fica é se Bolsonaro nestas condições conseguirá manter a média das intenções de voto que vem angariando. A dirigente comunista foi alinhavando especulações sobre eventuais direções de candidaturas como a de Marina Silva (Rede) e Álvaro Dias (Podemos), após as sinalizações do “centrão”.

O centrão reúne forças com perfil fisiológico, que buscam estritamente cotas de poder, e outras que possuem um viés mais ideológico, liberal e ultraliberal. Composto hoje por DEM, PP, SD, PRB e PSC, tem na figura do presidente da Câmara Rodrigo Maia seu principal expoente. “O DEM, que vinha flertando em ocupar um espaço que era do PSDB, se tornando um novo pivô do campo das elites, volta a se manter na esfera de influência dos tucanos, até por falta de alternativa mesmo”. 

O campo progressista - A ampla coalizão que vem se gestando no campo da direita, apenas dá mais relevância à necessidade que o PCdoB tem afirmado de unidade do campo progressista. Os vários movimentos realizados nos últimos meses com o intuito de criar bases para uma convergência mais ampla do campo progressista e de esquerda tem sido, em grande parte, iniciativa do PCdoB e de sua Fundação Maurício Grabois. Luciana destaca avanços importantes em iniciativas programáticas, como foi o Manifesto pela Reconstrução Nacional e a ideia de construção de uma Frente Parlamentar lançada nas últimas semanas. “Isto tudo tem o peso da nossa construção política”, diz ela. 

“No entanto, paradoxalmente, temos tido grandes dificuldades para a convergência de um pacto eleitoral em torno de uma candidatura única com possibilidades reais de vitória”, diagnostica Luciana. Esta necessidade somente cresce no novo cenário. O PT e o PDT e mesmo PSB possuem grande responsabilidade diante desta situação, na opinião dela. “Se nos apresentarmos fragmentados, dispersos, isto nos será cobrado. Temos a obrigação de realizar esforços neste sentido. Manuela tem dito que não somos óbice para a unidade. Com a fragmentação, a candidatura se mantém”, enfatizou a dirigente comunista.

O êxito da pré-candidatura de Manuela – A presidenta do PCdoB avaliou como uma estratégia vitoriosa a condução da pré-candidatura de Manuela D’Ávila, pelo frescor no ambiente político, e como um excepcional instrumento de apresentação das bandeiras e posições do PCdoB, bem como sobre as saídas para a crise brasileira.

“Sua bravura e combatividade e assertividade sobre os desafios do Brasil lhe têm permitido ganhar apoio e consideração de setores amplos que transcendem, e muito, a área de influência do PCdoB. 

Aparecer em pesquisas com 2% consolidados e em espontâneas com 1% é sinal do potencial da pré-candidatura”, acredita, mencionando a entrevista ao programa Roda Viva, em que ela conseguiu furar a bolha da comunicação e obter uma repercussão de grandes magnitudes. “Nossa campanha feita sob condições limitadas, sejam elas materiais ou humanas, ultrapassou todas as expectativas”, salientou. 

Projeto eleitoral dos comunistas - A construção do projeto eleitoral do PCdoB entra na última e mais decisiva fase: a das coligações que projetem a competitividade das candidaturas. “Nada fica definido em termos de resultados sem essa definição. Claro que se avançou bastante nos arranjos regionais, mas manda a experiência que até o final do jogo é preciso manter a concentração”, afirmou Luciana.

No que foi construído até agora, o PCdoB tem condições de manter em situação competitiva, nos termos dos objetivos traçados pelo Comitê Central, 17 estados, com um total de um governador, ao menos uma senadora, até 20 deputados(as) federais em 17 Estados e 37 a 45 deputadas(os) estaduais. 
Em meio a isso, foram colocados novos nomes em condições de disputa.

Em termos de candidaturas majoritárias outras estão em definição, como a própria Luciana para vice-governadora em Pernambuco, entre outras opções em Minas Gerais, Mato Groso, Rio Grande do Norte, Roraima, Espírito Santo, Paraíba, Rio de Janeiro e Pará.

Busca da unidade até o último minuto - Luciana Santos encerrou sua intervenção apontando indicativos de dar seguimento às conversações com PT, PDT, PSB nas quais o PCdoB insistirá sobre a necessidade um pacto eleitoral das forças progressistas visando a quinta vitória do povo nas eleições presidenciais de outubro. A Convenção Nacional do PCdoB que se realizará no dia 1º de agosto deverá delegar à Comissão Política Nacional as últimas definições sobre a posição do PCdoB. 

“Provavelmente, o cenário só vai evoluir nos pênaltis. Mas o que nos orienta é a busca pela vitória do nosso campo e pelo cumprimento dos objetivos do nosso projeto eleitoral. O que nos move é a unidade do nosso campo e lutaremos por ela até o último minuto e a nossa pré-candidata Manuela que segue sua campanha é o nosso grande trunfo para isso”, reafirmou. 

Leia mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF e acesse o canal ‘Luciano Siqueira opina’, no YouTube https://bit.ly/2ssRlvd

Papo furado

‘Meirelles se coloca como o JK da era moderna ao prometer ampliar a malha ferroviária do País’ [Promessa vã, que não combina com suas concepções ultra liberais].

Arte é vida

Tarsila do Amaral

As mulheres e as eleições


"Não há desenvolvimento sem igualdade entre homens e mulheres"
Portal Vermelho

A pré-candidata do PCdoB à presidência da República, Manuela d’Ávila defendeu na tarde desta sexta-feira (20), em São Paulo, no Encontro “as mulheres e as eleições” promovido pela secretaria nacional da Mulher da legenda, que não há desenvolvimento de país sem igualdade entre homens e mulheres”.

Com objetivo de orientar e fortalecer as candidaturas femininas nestas eleições, o encontro contou com a participação de pré-candidatas da legenda, com representação na maioria dos estados da federação.

Manuela participou da última mesa do evento e debateu a situação do país e a luta das mulheres. Ela defendeu que é preciso garantir a representatividade feminina nas diversas esferas de poder. Para a pré-candidata, é preciso reconhecer o esforço permanente de seu partido para dar visibilidade à essa luta.

Uma das principais atribuições das candidatas comunistas nessas eleições, segundo a pré-candidata, é apresentar um projeto de desenvolvimento para o país, mas que combata à desigualdade. “Creio que o encontro eleitoral das nossas candidatas mulheres afirma que é preciso criar um projeto de desenvolvimento para o país. Precisamos criar projetos soberanos que farão com que o país possa enfrentar a crise valorizando o trabalho”.

“Não há desenvolvimento do país sem igualdade entre homens e mulheres”, frisou Manuela.

Emancipação - “Mais importante é que nossas mulheres negras, brancas, lésbicas e heterossexual, todas nós, compreendendo essa diversidade e esse conjunto de opressões que sofremos, sabemos que só garantiremos a nossa emancipação com o desenvolvimento do país. Porém, segundo Manuela, não se pode nutrir a ingenuidade de que a igualdade de gênero aconteça naturalmente. É preciso lutar e resistir.

Retrocessos para as mulheres - Pesa muito mais para a mulher trabalhadora que para o homem trabalhador a crise que o país atravessa, com a paralisação de investimentos públicos, o grande números de desempregados e a falta de perspectiva da população, disse Manuela. “É igual ser trabalhador e trabalhadora após a reforma trabalhista?”, questiona.
“Já era mais difícil para mulheres, principalmente após serem mães. Não ter a CLT, agora, que protegia um pouco as mulheres, não é o mesmo para ambos os gêneros. Somos as primeiras a perder empregos”, afirmou Manuela.

A pré-candidata recordou que a destituição da única presidenta da república mulher deve-se ao machismo e que as mulheres devem lutar contra a opressão cotidiana. “Somos oprimidas de múltiplas formas. E precisamos ter uma reação ao golpe, já que o centro do discurso do golpe foi a misoginia”.
“O que conecta as mulheres neste momento de crise é a reação às medidas de austeridade”

Pré-candidatura feminina - “Não é por acaso, quando vivemos um quadro político difícil como esse, somos a única frente de esquerda que apresenta a candidatura de uma mulher, lembrou a pré-candidata.

“Fico feliz que nós estejamos neste belo momento das nossas organizações reafirmando o feminismo, percebendo o conjunto da nossa diversidade, a dimensão de classes e do conjunto de opressões que nós sofremos nesse país”.

Leia mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF e acesse o canal ‘Luciano Siqueira opina’, no YouTube https://bit.ly/2ssRlvd

19 julho 2018

PCdoB+PT


Luciana em reunião com PT: "Nossa estratégia é vencer as eleições"

Portal Vermelho, Dayane Santos


A presidenta nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos, o vice-presidente, Walter Sorrentino, o presidente da Fundação Mauricio Grabois, Renato Rabelo, e o deputado federal Orlando Silva (SP) estiveram reunidos nesta terça-feira (17), na sede do partido em São Paulo, com a presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffman, o também senador Lindberg Farias (RJ), os deputados Paulo Teixeira (SP) e José Guimarães (CE), e Sergio Gabrielli.

Na conversa, que tratou sobre o processo eleitoral e as possibilidades de aliança nacional e nos estados das duas legendas, Gleisi Hoffman manifestou o desejo do PT em construir formalmente uma aliança para as eleições de outubro.

“Nós viemos aqui reiterar a nossa vontade de caminharmos conjuntamente. De que o PCdoB possa estar, dentro da estratégia deles de unidade, caminhando conosco nacionalmente, seja através de um programa construído conjuntamente, pois temos muita unidade programática, mas também das alianças estaduais, que são muito fortes”, enfatizou a presidenta do PT.

A presidenta Luciana Santos, por sua vez, disse que o partido tem como centro de sua estratégia a vitória nas eleições e que a unidade do campo progressista e de esquerda é fundamental para atingir esse objetivo, por isso o diálogo.

“Para o PCdoB, o centro da nossa estratégia é vencer as eleições no Brasil pela quinta vez consecutiva. Achamos que, apesar da ofensiva da direita, é possível nós ganharmos as eleições. E para isso defendemos a unidade, uma estratégia comum”, reforçou.

Luciana disse ainda que na reunião, o PCdoB reafirmou alguns compromissos programáticos e os dois partidos trataram das alianças nos estados “numa perspectiva superar os impasses e otimizar as potencialidades de competitividade” para eleger um número expressivo de parlamentares federais.
“Tanto do PCdoB como do PT, em qualquer que seja a circunstância, isso é fundamental. Seja para a governabilidade ou para fazer a luta de resistência, se for o caso”, frisou.

Manuela d'Ávila - Gleisi reafirmou o respeito que o PT tem à pré-candidatura de Manuela d’Ávila e o “papel que ela cumpre, inclusive na mobilização de setores importantes da sociedade”, como a juventude. Ao ser questionada sobre as especulações sobre uma possível aliança, tendo Manuela como vice, Gleisi disse que seria uma articulação vista com “muita simpatia”.

“Temos muita simpatia por Manuela e por esse arranjo de tê-la na vice. Obviamente que isso não é uma decisão que se toma de momento, pois depende de uma discussão no PCdoB, já que essa é uma candidatura construída nas instâncias partidárias e também nas instâncias que o PT tem internamente e com outros partidos”, frisou a senadora.

Luciana declarou que o debate sobre a possibilidade de Manuela ser vice “não está posto hoje”. “Sempre dissemos que não somos óbice para qualquer tipo de unidade. Nós defendemos que o nosso campo possa caminhar junto. Não acontecendo isso, temos a candidatura de Manuela. Estabelecer convergências e caminhos comuns, entendendo que o PT tem a candidatura de Lula e o PCdoB tem a candidatura de Manuela D’Ávila, que está nesta cena procurando debater saídas para a crise”, disse.

Segundo Gleisi, o momento é de muita conversa e o PT ainda mantém o diálogo com o PSB e com o PR. “Essas conversas ainda não terminaram. As tratativas nem as conversas terminaram. Temos um tempo de maturação. A nossa decisão não será agora, embora a gente tenha uma reunião amanhã da executiva. A nossa decisão vai ser no início de agosto”, disse. 

Leia mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF e acesse o canal ‘Luciano Siqueira opina’, no YouTube https://bit.ly/2ssRlvd