15 julho 2020

Alternativa à crise


Plano emergencial para a defesa da vida e da economia
Luciano Siqueira

O mundo inteiro ainda vive sem medicamentos efetivamente eficazes contra a Covid-19 e sem a vacina.

Quando será o “pós-pandemia”?

Teremos uma nova vida “normal”?

E a economia se recuperará da catástrofe?

A última questão pesa sobre governos, empresas e, sobretudo a população que sobrevive do próprio trabalho, formal ou informal.

A pandemia incide fortemente sobre a cena mundial, que já enfrentava, antes, uma crise econômica e financeira sistêmica deflagrada em 2008. Agudiza contradições e impasses e acirra conflitos internacionais.

Países são mais ou menos afetados conforme suas realidades particulares.

O Brasil é duramente atingido em razão da fragilidade da economia, que vinha em crise profunda, das desigualdades sociais e da insensibilidade e inoperância do governo federal.

O Banco Mundial estima retração de 8% do PIB brasileiro para este ano. Analistas de várias instituições chegam a admitir um percentual mais severo, em torno de 10%. Metade da população economicamente ativa já está desempregada, milhões de trabalhadores tiveram salários reduzidos, principalmente na faixa dos que ganham de 1 a 2 salários mínimos.

As micro, pequenas e médias empresas – que contribuem com a maior parte dos postos de trabalho –, estão praticamente abandonadas, sem acesso ao crédito, sem o socorro do governo federal. Respondem por 71% das falências.

Dados referentes a maio indicam que a indústria, no seu conjunto, permaneceu 21% abaixo do nível de produção de fevereiro de 2020, enquanto 47% de seus parques regionais ficaram em níveis ainda mais baixos, de acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Frágeis lampejos de consumo têm se dado em razão basicamente do auxilio emergencial, que o governo federal concede por decisão do Congresso e retardou o quanto pôde.

Nessas circunstâncias, urge um plano emergencial em defesa da vida, que fortaleça o sistema público de saúde e que possibilite renda aos necessitados (prorrogando pelo menos até dezembro a ajuda emergencial de R$ 600) e estimulem a economia nacional, socorrendo as micro, pequenas e médias empresas, indispensáveis à geração de empregos.

E investimentos públicos que aqueçam a atividade industrial.

Medidas que implicam esforço estatal, financiadas pelo Banco Central a partir da compra de títulos do Tesouro, como vem acontecendo mundo afora.

Mas tudo isso esbarra no fundamentalismo fiscalista de Paulo Guedes e equipe, chancelado pelo presidente Bolsonaro.

A agenda do governo prioriza o rentismo, em detrimento da produção e do consumo.

Um contraponto há de ser feito, através de uma plataforma comum, pelos agrupamentos que se formam no sentido de uma ampla frente de salvação nacional.

Agora, mais do que nunca, ao protesto e à crítica, há que se somar um rol de proposições consistentes e viáveis. Salvar vidas e recuperar a economia e o emprego se impõem.

Enfrentando a tragédia nacional https://bit.ly/2CwMpND

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