O problema dos republicanos: o que fazer com Trump?
Luís Antonio
Paulino, no site Bonifácio
Diz um ditado que
quem cavalga um tigre tem medo de desmontar. Parece ser essa a situação do
Partido Republicano em relação a Donald Trump. O resultado das eleições de
meio-mandato mostrou o quanto uma eventual nova candidatura do ex-presidente em
2024 pode ser ruinosa para os republicanos. A tão esperada “onda vermelha”
ficou mais para uma “marola” e, em grande parte, isso se deveu ao repúdio do
eleitorado a alguns candidatos republicanos claramente identificados com o
radicalismo negacionista de Donald Trump. A maior derrota de Trump foi na
Pensilvânia, onde seu candidato, Dr. Oz, entregou aos democratas uma cadeira no
Senado que hoje é ocupada por um republicano, Pat Toomey. No mesmo Estado, Doug
Mastriano, negacionista do resultado das eleições de 2020, perdeu para o
democrata Joshua Shapiro. Candidatos apoiados por Trump também foram derrotados
no Michigan e em New Hampshire. Mas, por medo de ser devorada, falta à elite
política republicana a coragem necessária para se livrar de Trump.
Logo que o resultado
das eleições de meio-mandato mostrou a continuidade do controle do Partido
Democrata no Senado e a derrota de vários candidatos republicanos apoiados por
Trump ao Senado e a governos estaduais, ele se apressou em lançar sua candidatura
às eleições primárias para a escolha do candidato republicano que irá concorrer
nas próximas eleições presidenciais de 2024. Embora o controle da Câmara dos
Deputados tenha passado por uma margem bastante estreita para os republicanos –
conseguiram apenas seis cadeiras a mais do que possuem hoje – a expectativa de
que uma onda republicana varreria o país foi totalmente frustrada. E o fato de
o Senado ter continuado sob o controle do partido Democrata é uma péssima
sinalização para os republicanos, uma vez que a eleições para o Senado, por
serem majoritárias, sinalizam uma tendência para a eleição presidencial.
Apesar da pouca
popularidade de Biden, que passa para os eleitores americanos a imagem de uma
pessoa já senil, com pouca energia, pesquisas mostram que, caso Trump fosse
candidato em 2024, Biden o derrotaria novamente. Mas livrar-se de Trump não é
uma tarefa simples para os republicanos. Embora Trump tenha com segurança
apenas 30% dos votos dos delegados republicanos, os 70% restantes estão
divididos entre diversos candidatos ao posto, como o vitorioso recém-eleito
governador da Flórida, Ron DeSantis, Mike Pence, Liz Cheney e outros, que
representam diferentes tendências e com pouquíssima chance de se unirem contra
Trump. Além do mais, a popularidade de Trump entre os eleitores republicanos em
geral continua elevada; parte deles ainda acredita na grande mentira de Trump
de que as eleições de 2020 foram roubadas.
Para piorar as
coisas, Trump é uma pessoa sem princípios, cruel, com uma língua ferina, capaz
das maiores maldades. Com uma única palavra tem o poder de inviabilizar a
candidatura de qualquer um que o ameace em seu próprio partido. Basta ver o que
tem dito de seu correligionário Ron DeSantis, o maior vitorioso dessas eleições
nos Estados Unidos, que se elegeu com larga margem para o governo da Flórida,
ali sim provocando uma onda vermelha. Trump insinuou que sabe coisas de
DeSantis que apenas sua esposa saberia e o chamou, em um comício, de Ron
DeSanctimonius, que na língua inglesa seria algo equivalente a “santo do pau
oco”. Como afirmou Justin Webb, ex-editor da BBC nos EUA, “A genialidade
de Donald Trump é o dano que ele pode causar com uma palavra ou frase.
Pocahontas, Hillary corrupta, Jeb de baixa energia. Ele encontra algo que você
pode sentir por uma pessoa, algo que você pode até ter vergonha de pensar, algo
que você pode não dizer publicamente, e traz isso à tona. Torna-o público e
inevitável: visível do espaço”.
As
múltiplas faces do que acontece https://bit.ly/3Ye45TD
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