Vale a pena reverter
o envelhecimento?
Luciano Siqueira
Leio agora no Globo que
cientistas de Harvard, EUA, conseguiram reverter o envelhecimento em
camundongos.
O busílis da questão
está nas chamadas alterações epigenéticas em mamíferos, asseguram.
Opa! Nós
humanos também somos mamíferos; logo, em tese, há que se pensar em se não
reverter propriamente, pelo menos retardar nosso processo de envelhecimento.
Simples assim?,
pergunta o amigo Epaminondas.
Parece que não.
O Globo cita a
reportagem da revista científica Cell, onde se lê que a degradação na forma
como o DNA é organizado e regulado (é isso que tem o nome de epigenética) é a
causa do envelhecimento.
Tenho cá comigo que
há muitas outras causas. Mas não entro nesse detalhe por reconhecida
incompetência.
Mas, vejamos.
Valeria a pena mesmo
reverter o envelhecimento de seres humanos como este que lhe escreve agora
estas modestas linhas?
Sinceramente, tenho
muitas dúvidas. E, como se sabe, a dúvida é a antessala da discordância.
Eu mesmo me recusaria
a qualquer tratamento que me levasse a retroagir no tempo — e, naturalmente, em
minhas condições físicas e mentais — simplesmente porque considero que sairia
perdendo.
Estou na faixa etária
dos idosos. Com muita honra e satisfação.
Não me arrependo de
nenhuma das escolhas importantes que tive que fazer ao longo da vida.
Sigo vivendo
intensamente com a agradável sensação de uma reinvenção permanente do que sou,
do que sei e do que desejo.
Então, se os
cientistas encontrarem os meios de retroagir o envelhecimento dos seres humanos
em lapso de tempo que ainda me alcance vivo e ativo, manterei distância de
anos-luz disso.
Seguirei sendo o que
sou, inspirado nos versos de Cecília, para quem "a vida, a vida, a vida,/a
vida só é possível/reinventada."
A vida a cores e em branco
e preto https://bit.ly/3Ye45TD
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