Ora (direis) ouvir estrelas? São ecos do 8 de janeiro...
Enio Lins www.eniolins.com.br
Definitivamente, 8 de janeiro de 2023 entrou para a História (com maiúscula). Cravou essa posição
pela tentativa do golpe e sua derrota; e tem conquistado relevância adicional
pelas ações subsequentes.
Entre as conquistas,
ou reconquistas, cidadãs do pós-dia da avacalhação bolsonariana está o
fortalecimento institucional, questão vital para a existência do Estado
Democrático de Direito, com cada Poder e cada instituição assumindo seu papel,
sua autonomia, e com força.
Poderes são o Executivo, o
Legislativo e o Judiciário, expressos na Presidência da República, no
Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. As demais instituições e
organizações são instituições e organizações, sejam civis ou militares. É óbvio
ululante, mas tem muita gente que ainda crê ser Poder Constituído o que não é (esteja
armado ou não).
Exemplo: Força
Armada não é Poder, até porque é a detentora dos equipamentos
bélicos da Nação e isso já é demais da conta. Farda não é sinônimo de
invulnerabilidade legal, nem escudo para irregularidades, e a missão do STF de
julgar militares por envolvimento no atentado do dia 8 causa arrepios em almas
antidemocráticas.
Para desarrepiar (desculpem o neologismo)
idólatras da farda, o presidente eleito do Superior
Tribunal Militar, Ministro Joseli Camelo, falou e destacou como
correta a posição do Supremo Tribunal Federal em julgar militares envolvidos no
domingo terrorista. Ora, (direis) ouvir estrelas é coisa de bom senso, como
versejou Bilac.
No STM desde 2015, o Tenente Brigadeiro do
Ar Francisco Joseli Parente Camelo afirmou, do alto de suas quatro estrelas,
para desespero do golpismo de plantão, que “li e reli a decisão do ministro
Alexandre de Moraes e entendi que está muito bem fundamentada. Não vejo, no
geral, que tenham sido crimes militares [os praticados no 8 de janeiro]”,
arrematando: “Não há afronta de maneira alguma com a decisão de Moraes. Entendo
que as decisões do STF devem ser cumpridas e respeitadas”. Ouviram?
Imagina-se a tremenda
pressão da ala golpista castrense para uma “passagem de pano” na
participação fardada no terrorismo bolsonariano, pois o mito de que militares
são uma casta imune à justiça comum é coisa que a direita, desde sempre, guarda
no lado esquerdo do peito. “Apois” a harmonia institucional entre STF e STM é
mais um raio de luz a iluminar a paisagem democrática brasileira, apesar de
nuvens – como diriam os literatos barrocos – plúmbeas teimarem em pairar sobre
o horizonte.
Velhos
fatos se revivem sempre com um dado novo https://bit.ly/3Ye45TD
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