Palavra de poeta: Marcelo Mario de Melo
AS BORBOLETRAS
Marcelo Mário de Melo*
Muito verso sem poesia
muita poesia no ar.
Muita vitrine atraente
sem estoque a ofertar.
Caneta com pouca tinta
e teclado a encalhar.
Inspiração de robô
aplicativo a letrar.
Mas na vida soberana
as borboletras voando
nas raízes e nos sumos
se metamorfoseando
em novos e velhos viços
as asas ardorejando
às trilhas da invenção
o poeta arrastando.
Nas nuvens borboletradas
o natural o estranho
o comum delimitado
o espanto sem tamanho
uma maravilhação
o imenso e o tacanho
a alegria a dor
o medo a perda o ganho.
Cavalgando as borboletras
voando nas asas delas
nos espaços que desvendam
suas portas e janelas
altos e baixos da vida
maravilhas e sequelas
a glória e a desgraça
fecundando coisas belas.
Bater asas de beleza
das borboletras é o dom
mesmo ante coisas sofridas
o branco o negro o marrom
doce amargo agridoce
treva nuvem e baton.
Os voos das borboletras
nunca saem desse tom.
[Ilustração: pintura rupestre]
*Jornalista, poetaA indiferença nas relações
interplanetárias bit.ly/3mfkAAo
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