Lição de casa: distinguir adversários de inimigos
políticos
Enio Lins www.eniolins.com.br
Lula, em sua passagem por Pernambuco, na quarta-feira, deu mais
algumas lições de civilidade e de respeito político, ao acolher e ser acolhido
por Raquel Lira, governadora do estado e liderança que derrotou, na recente
eleição, duas candidaturas simpáticas ao PT.
Em público, ao fazer seu discurso, Lula criticou a militância (parte dela
petista) que vaiava a governadora Raquel Lira: “Nós precisamos compreender e
conviver até com adversários. O que a gente não pode é aprender a conviver com
inimigo”.
Seguiu Lula: “a governadora pode ser nossa adversária política, mas ela é
governadora do estado, ela foi eleita e eu vou respeitá-la como governadora do
estado”. Que diferença! O energúmeno destratava governantes que não lhes fossem
subservientes.
Essa demonstração de respeito mútuo entre lideranças adversárias é algo além
das formalidades da diplomacia política, é uma necessidade civilizatória, um
marco evolutivo democrático que precisa ser valorizado e multiplicado.
Nos últimos quatro anos a gestão bandoleira do mito apostou na hostilidade
geral aos governos estaduais, no fundo, com tentativa de centralização do
poder, tentando acuar as demais instâncias do Poder Executivo e detonar o
conceito federativo.
Indo além das palavras, Lula assinou com Raquel um importante acordo sobre a
administração do arquipélago de Fernando de Noronha, um dos alvos da
picaretagem do ex-presidente miliciano que fez tudo para tomar conta das ilhas.
E para que o vagabundo (hoje em Orlando) queria sequestrar Fernando de Noronha
para sua alçada? Para cancelar os protocolos de proteção ambiental do
arquipélago, entregando aquele pedaço de paraíso da vida silvestre para o
turismo predatório.
Esses protocolos ambientais foram reafirmados hoje num acordo que envolve o
Governo Federal e o Governo do Estado de Pernambuco, com o testemunho do
Supremo Tribunal Federal (que apreciou às demandas sobre Fernando de Noronha).
Já era a pretensão de Jair, o mentecapto, de devolver Fernando de Noronha à
condição de “território federal”, anomalia que faz a alegria dos golpistas de
1964 (e autoritários de todos os tempos) ao criar bolsões excludentes das
normas eleitorais vigentes.
No balanço do dia 22 de março, dois gols de placa do craque Luiz Inácio da
Silva, o que reforça a esperança de que o Brasil possa avançar
institucionalmente na reconstrução das relações democráticas entre os entes
federados e os poderes constituídos.
Em tempo: Inimigo é quem, mestre em armações, mesmo tendo a
vida salva, ataca o salvador.
Informar-se e formar opinião própria, eis
o desafio https://bit.ly/3Ye45TD
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