29 janeiro 2024

Cláudio Carraly opina

O novo – o final do ciclo e seu eterno recomeço 
Cláudio Carraly*

Ao se desenrolar diante de nós, o começo de um novo ano emerge como uma tela em branco, uma página em branco na absurda existência humana, somos lançados ao mundo sem escolha, condenados à liberdade, e é na medida dessa liberdade que confrontamos a responsabilidade de esculpir nosso próprio destino, a temporalidade, como o rio do poeta Khalil Gibran, escorre diante de nossos olhos, e somos compelidos a questionar o sentido, a razão de ser em meio a um universo aparentemente indiferente. 

Em um mundo sem essência pré-definida, uma grandeza que não encontra significado senão na autenticidade de nossos desejos mais profundos, o universo mira em nossa direção e talvez esse observador, mesmo diante do aparente impossível, faça com que cada desejo, cada anseio, se realize, esses nossos desejos, pedidos, gritos, pode quem sabe ser recebido com algum significado em um cosmos aparentemente desprovido de qualquer propósito e vontade. 

Ao ingressarmos em um ciclo, somos confrontados com o absurdo da transformação, onde ecoa na mudança constante nos instiga a enfrentar o "como" quando temos um "porquê" profundo, em um mundo onde existência precede a essência, cada proposição e desejo são como atos de rebelião contra o absurdo, uma tentativa de conferir significado ao significado insubstancial, ao fecharmos este capítulo não encontramos respostas definitivas, mas sim a percepção de que a vida é uma busca constante em meio à incerteza, uma dança no delicioso palco do absurdo. 

Diante da possibilidade do novo, somos confrontados com a liberdade de moldar nossas próprias narrativas, cada página é um ato de escolha em meio à contingência, uma expressão individual na vastidão do universo, não encontramos resoluções finais na máxima cínica de que existência é dor, em meio às angústias da vida, encontramos a liberdade de sermos autênticos, únicos e singulares, quando, na verdade, sabermos não ser nada especiais, apenas seres minúsculos, de um pequeno planeta no canto extremo do braço espiral da nossa galáxia. 

Ao se desenrolar diante de nós, mais um começo de ano, emerge novamente diante de nós essa página a ser desenhada, na absurda existência humana, somos lançados ao mundo que nos faz crer que temos escolhas, condenados a essa liberdade, a de escolher sempre, e nessa medida confrontamos a responsabilidade de esculpir nosso próprio destino, e assim nossos desejos ecoam no cosmos, como estrelas solitárias em um céu aparentemente indiferente, uma grandeza que não encontra significado senão na autenticidade de nossos sonhos, desejos e amores. 

Diante do novo, com a renovada liberdade de moldar nossas próprias narrativas, cada página é um ato de escolha em meio à contingência, uma expressão individual na vastidão do absurdo, e ao final, quando encerrarmos este capítulo, não haverá resoluções, mas sim a compreensão de que a existência vida é, em si, um ato de criação constante, e aí tudo recomeça mais uma vez, pois, somos os artífices de nossos próprios destinos, construindo nossa realidade a cada passo. Sim, não somos únicos, mas que possamos ser ao menos autênticos, mas, às favas com o racionalismo, em meio ao caos que chamamos vida, é uma verdadeira dádiva sempre podermos recomeçar, e se isso não bastar, a chegada do carnaval haverá de resolver.

[Ilustração: Salvador Dali]

*Advogado, ex-secretário executivo de Diureitos Humanos de Pernambuco
Melhor talvez do que nunca ttps://bit.ly/3Ye45TD

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