A vida em fragmentos
Luciano Siqueira
Fim de ano em família é prazer sem limites. Sobretudo na forma que cultivamos há muitos anos: em alguma praia, do dia 26 de dezembro ao dia primeiro de janeiro, incluindo fogos de artifício à beira-mar e flores em oferenda a Iemanjá, precisamente na passagem de ano.
E tem as intermináveis conversas alimentadas com biritas variadas e cerveja gelada. E vinho. E uísque — conforme a preferência de cada um.
De modo absolutamente espontâneo, reminiscências se pincelam pela criatividade de tal modo que se tornam um exercício de recomposição da história de vida de cada um mediante uma espécie de colagem de fragmentos de narrativa.
E a imaginação voa.
Acontecimentos, personagens e datas se embaralham conforme o que dá na telha — e as falhas de memória — de quem conta.
Ao final, ninguém fica mal na foto. E todos se sentem personagens bem sucedidos de tramas reais ou imaginárias que passam a compor a biografia de cada um.
Mais tarde, diante do espelho, um quê de autoestima se acentua... Por que não?
[Ilustração: Tarsila Amaral]
Poema de Mia Couto com ilustração de Luiz Paulo Baravelli https://bit.ly/3RnWIGH
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