A visita de Blinken e a mídia firme no BBB da política
Esqueçam-se temas relevantes, deixem de lado temas fundamentais. E viva o BBB da política!
Luís Nassif/Jornal GGN
O comunicado oficial da embaixada americana, de autoria do porta-voz Mathew Miller, descreveu assim a reunião do Secretário de Estado Antony J. Blinken e Lula:
- O secretário expressou o comprometimento dos Estados Unidos à parceria com o Brasil em sua agenda para a presidência do G20 para combater a fome e a pobreza, mobilizar contra a crise climática e tornar a governança global mais eficaz.
- O secretário destacou o aniversário do bicentenário Brasil-EUA em maio de 2024, quando os nossos dois países celebrarão os benefícios dos 200 anos de fortes laços políticos, econômicos e culturais.
- O secretário Blinken elogiou o presidente Lula pelo papel do Brasil na desescalada das tensões entre a Guiana e a Venezuela sobre a região de Essequibo.
- Ele também reconheceu o apoio de longa data do Brasil ao povo do Haiti e reiterou a necessidade urgente de assistência internacional para melhorar a situação de segurança no país.
- O secretário discutiu o empenho dos EUA em relação ao conflito em Gaza, incluindo o trabalho urgente com parceiros para facilitar a libertação de todos os reféns e para aumentar a assistência humanitária e melhorar a proteção dos civis palestinianos.
- O secretário Blinken agradeceu ao presidente Lula pela participação do Brasil no processo do Plano de Paz da Ucrânia.
- O secretário Blinken elogiou o presidente Lula por defender os direitos dos trabalhadores por meio da Parceria Brasil-EUA para os Direitos dos Trabalhadores.
- Ele agradeceu ao presidente pela liderança global do Brasil em matéria de clima, incluindo o compromisso de acabar com o desmatamento na Amazônia até 2030.
- Destacou a importância de reforçar a cooperação com o Brasil em matéria de minerais críticos, por meio da Parceria para a Segurança dos Minerais.
- O secretário saudou o interesse do presidente em aprofundar a cooperação em energia limpa e diversificação das cadeias de abastecimento globais, bem como o engajamento contínuo no Plano de Ação Conjunta Brasil-EUA para Eliminar a Discriminação Racial e Étnica e Promover a Igualdade (JAPER).
Ao mesmo tempo, o portal do G20 (o clube das 20 nações mais desenvolvidas do planeta) divulga o calendário para o período em que o Brasil assume sua presidência.
Serão 130 reuniões. No discurso de abertura, o chanceler Mauro Vieira destacou as três prioridades da gestão brasileira à frente do órgão:
1) o combate à fome, pobreza e desigualdade;
2) o desenvolvimento sustentável, em suas dimensões econômica, social e ambiental); e
3) a reforma da governança global.
Com o discurso de Lula, aumentando o tom contra o genocídio de Gaza, o Brasil assume uma posição de maior liderança política de defesa da paz mundial – ao lado do papa Francisco.
Na África, durante encontro na 37a Cùpula da União Africana, Lula consolidou-se como a grande liderança do chamado sul global.
“Ser humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses e demandar a libertação imediata de todos os reféns. Ser humanista impõe igualmente o rechaço à resposta desproporcional de Israel, que vitimou quase 30 mil palestinos em Gaza, em sua ampla maioria mulheres e crianças, e provocou o deslocamento forçado de mais de 80% da população”, defendeu Lula. “A solução para essa crise só será duradoura se avançarmos rapidamente na criação de um estado palestino livre e soberano. Um estado palestino reconhecido como membro pleno das Nações Unidas”, salientou.
Ou seja, tem-se um momento em que há uma escalada perigosa nos movimentos bélicos dos principais países, e no qual o Brasil se destaca como a grande voz do bom senso, na busca da paz e da melhoria das condições de vida das populações. Três episódios de peso mostrando a consolidação diplomática de um país que, há pouco tempo, colocava-se como pária internacional.
Manchete principal da Folha: "Secretário dos EUA diz a Lula que não há genocídio em Gaza."
O show BBB Lula prossegue nos jornais impressos, embora tenha sumido dos digitais.
No Estadão, jornal que se orgulhava de ser os olhos do Brasil do mundo, a condenação de Daniel Alves é destaque. Nos editoriais, o discurso de Lula para todas as lideranças africanas é tratado como “passeio de Lula na África”, e descrito como mero álibi para suas “ambições internacionais”, como se a volta do protagonismo brasileiro na diplomacia internacional fôsse uma mera questão de “ambição pessoal”.
Está difícil! Nas redes sociais, há a balbúrdia cada vez mais ampla, alimentada por notícias e manchetes enviezadas dos jornalões. Há uma ampla incapacidade de uma análise minimamente aprofundada sobre os movimentos diplomáticos de Lula, assim como uma crítica minimamente fundada sobre a nova política industrial.
Esqueçam-se temas relevantes, deixem de lado temas fundamentais. E viva o BBB da política!
O mundo gira. Saiba mais https://bit.ly/3Ye45TD
Nenhum comentário:
Postar um comentário