Brasil se fortalece no cenário mundial com apoios à proposta de reforma da ONU
Nações como Rússia e EUA corroboram pleito do governo Lula para ampliar participação de países da América Latina, Caribe e África nos organismos internacionais
Priscila Lobregatte/Vermelho
Estados Unidos e Rússia sinalizaram apoio a uma das principais bandeiras da política externa do Brasil: a necessidade de reformar os organismos mundiais para incluir novos atores, sobretudo a ONU (Organização das Nações Unidas). Os posicionamentos — explicitados na reunião do G20 e em encontros com o presidente Lula — e representam uma vitória do governo, na mesma semana em que tentou-se criar uma crise diplomática envolvendo Brasil e Israel.
Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos, reiterou a promessa feita pelo presidente Joe Biden de apoiar a reforma do Conselho de Segurança da ONU e apontou para a intenção de acelerar esse processo, considerando as eleições presidenciais estadunidenses deste ano.
De acordo com o Palácio do Planalto, no encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Blinken, na quarta-feira (21), Lula reafirmou a necessidade de reformar os organismos financeiros internacionais e o Conselho de Segurança da ONU, no que foi apoiado pelo secretário.
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No dia seguinte, durante evento do G20, Blinken voltou ao assunto: “Temos de ter instituições mais responsáveis e mais eficazes. Estamos atuando no esforço de expandir o Conselho de Segurança das Nações Unidas, tanto em termos de membros permanentes quanto de não permanentes, para que ele reflita melhor o mundo de hoje”, declarou.
Em encontro entre Lula e o chanceler Sergei Lavrov, nesta quinta-feira (22), o ministro russo reiterou o apoio ao pleito do Brasil para ocupar assento permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Na reunião ministerial do G20, Lavrov salientou que “a formação de uma ordem mundial multipolar justa, sem centro e periferia definidos, tornou-se muito mais intensa nos últimos anos. Os países asiáticos, africanos e latino-americanos estão a tornar-se partes importantes da economia global”. E disse que instituições como FMI, Banco Mundial e a OCDE estão se tornando “relíquias do passado”.
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Ao falar especificamente da ONU, afirmou: “Os países em desenvolvimento estão claramente sub-representados nos processos de tomada de decisão. Considerando que seis dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU representam o bloco ocidental, apoiaremos a expansão deste órgão apenas através da adesão de países da Ásia, África e América Latina”.
Em declaração à imprensa feita nesta quinta-feira, no encerramento da reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, salientou que todos os representantes concordaram quanto ao fato de que “as principais instituições multilaterais – ONU, Organização Mundial do Comércio, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, entre outras – precisam de reforma para se adaptarem aos desafios do mundo atual”.
Sobre a ONU, disse haver “consenso quanto à essencialidade da organização para a paz e a segurança e para a promoção do desenvolvimento sustentável. Por isso, todos mencionaram a necessidade de se conferir impulso às discussões sobre reforma da organização, em especial do seu Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes e não permanentes, sobretudo da América Latina e Caribe e da África”.
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No que diz respeito aos bancos multilaterais de desenvolvimento e ao FMI, Vieira apontou que “também houve grande convergência sobre a necessidade de facilitar acesso a financiamentos aos países mais pobres, bem como sobre a urgência de se aumentar a representatividade do mundo em desenvolvimento em sua governança”.
Se a semana começou com o desenrolar de uma suposta crise diplomática entre os governos brasileiro e israelense, terminou como fortalecimento do papel do Brasil no concerto internacional, demonstrando, mais uma vez que o país pode ter papel central em grandes questões da atualidade.
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