No Rio, Lula classifica conflito em Gaza como genocídio e defende Estado Palestino
Ao anunciar patrocínio cultural histórico, Lula também criticou desmonte e ameaças de privatização da Petrobras
Cezar Xavier/Vermelho
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se posicionar sobre o conflito em Gaza durante o lançamento do programa Petrobras Cultural, realizado no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (23). Em seu discurso, Lula classificou as ações militares de Israel na Faixa de Gaza como genocídio e reiterou seu apoio à criação de um Estado Palestino livre e soberano.
“O que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças”, afirmou o presidente. Ele destacou a importância de se buscar a harmonia entre o Estado Palestino e Israel e ressaltou sua posição em defesa dos direitos do povo palestino.
Lula fez referência à sua recente entrevista na Etiópia, na qual comparou as ações de Israel em Gaza ao Holocausto. Ele enfatizou a necessidade de compreender o contexto de suas declarações e reiterou sua crítica à violência contra civis, especialmente mulheres e crianças.
O comentário de Lula na entrevista anterior gerou uma reação negativa por parte do governo de Israel, que o declarou persona non grata no país. Em resposta, o governo brasileiro convocou seu embaixador em Tel Aviv para consultas e o ministro das Relações Exteriores criticou as declarações do chanceler israelense.
Além de abordar a questão de Gaza, o presidente também falou sobre a necessidade de reforma no Conselho de Segurança da ONU para uma representação mais democrática e criticou a inação da classe política diante dos conflitos em curso no mundo.
“Vocês sabem que nós aqui no Brasil andamos brigando muito para que a gente tenha uma reforma do Conselho de Segurança da ONU para que ele possa representar o mundo no século XXI e não representar o mundo de 1945, 46, 47, 48. O Conselho de Segurança da ONU hoje não representa nada, não toma decisão para nada e não faz paz em nada”, afirmou Lula.
Lula enfatizou a importância da política na solução de guerras e destacou a necessidade de sensibilidade diante do sofrimento de milhões de pessoas afetadas por conflitos armados em todo o mundo.
“É importante que as pessoas saibam enquanto é tempo de saber. Nós precisamos ter consciência que o que existe no mundo hoje é muita hipocrisia e pouca política”, concluiu o presidente em seu discurso.
Durante o lançamento da Seleção Petrobras Cultural – Novos Eixos, realizado no Rio de Janeiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou sua posição contra as forças de direita que tentaram comprometer a integridade da Petrobras ao longo dos anos. Lula destacou a resistência da empresa diante de pressões pela sua privatização ou desmembramento, ressaltando a importância histórica e estratégica da estatal para o Brasil.
Lula relembrou os desafios enfrentados pela Petrobras desde sua concepção, apontando para a resistência contra tentativas de desvalorização por parte de setores conservadores e críticas internacionais que sugeriam a mudança de seu nome.
“Estamos numa empresa que não era para ter nascido. Quando se pensou em criar a Petrobrás, uma parte da elite conservadora, que vive de complexo de vira-lata, queria abortar a Petrobrás, uma empresa de petróleo que daria ao País a dignidade e a decência da soberania”, disse o presidente.
Lula também destacou a luta dos trabalhadores da Petrobras contra calúnias e associações injustas da empresa com corrupção, enfatizando a perseverança e o compromisso dos funcionários.
O presidente abordou ainda a campanha contrária à exploração do pré-sal pela mídia corporativa, salientando os avanços tecnológicos que permitiram à Petrobras extrair petróleo a profundidades significativas com custos competitivos.
Apesar das adversidades, Lula ressaltou que a Petrobras nunca deixou de perseguir seus objetivos, resistindo às tentativas de fragmentação e mantendo-se firme em sua missão.
Ao longo de sua fala, Lula também criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, em sua avaliação, destruiu o país: “Quem é que pensava que a gente ia voltar depois do homem que destruiu esse país por quatro anos, que gastou quase R$ 60 bilhões de dólares para não sair do poder”.
Patrocínio histórico
No mesmo evento, o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou investimentos de R$ 250 milhões da petrolífera no setor cultural. Prates destacou a importância da cultura e da inclusão social, convocando projetos que promovam a diversidade e contribuam para a reconstrução do Brasil.
O lançamento da Seleção Petrobras Cultural – Novos Eixos reforça o compromisso da estatal com o desenvolvimento cultural do país, ao mesmo tempo em que ressalta sua resiliência diante de desafios e adversidades ao longo de sua história.
“Fico muito gratificado de ver que a Petrobras não voltou a fazer investimento apenas em energia elétrica, eólica, biodiesel e hidrogênio verde. Ela voltou a investir numa energia que é, possivelmente, uma energia revolucionária, que é uma energia formadora de consciência política da sociedade brasileira, ela voltou a investir em cultura”, afirmou o presidente Lula durante o evento.
Lula ressaltou a importância econômica e social da cultura brasileira, enfatizando que a Petrobras tem a responsabilidade de investir em áreas que beneficiem a população. “A contrapartida que uma empresa do tamanho da Petrobras tem que dar ao povo que tanto fez para que ela fosse criada é investir em coisas que interessam ao povo. E cultura pode não interessar a um ditador, pode não interessar ao negacionista, mas cultura, simplesmente, interessa ao povo tanto quanto interessa um prato de comida”, defendeu.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou os esforços do ministério para promover a cultura em todo o país e celebrou o aumento dos investimentos no setor. “Temos a oportunidade de reposicionar a cultura como um elemento central para o crescimento econômico e o combate à desigualdade”, afirmou a ministra.
As inscrições para o programa Petrobras Cultural estão abertas e podem ser realizadas até 8 de abril. O programa visa selecionar projetos com elementos de brasilidade para compor os novos eixos do programa, que incluem áreas como produção e distribuição, ícones da cultura brasileira, cinema e cultura digital, festivais e festas populares.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ressaltou o impacto positivo dos investimentos em cultura para a economia do país. “Cada real em investimento na cultura traz um retorno para a economia do país. Acreditamos que um país que valoriza a cultura cria novas oportunidades todos os dias”, afirmou Prates.
O evento também contou com a presença da atriz e produtora cultural Leandra Leal, que destacou a importância da valorização da cultura brasileira. “Nós contribuímos com a geração de emprego e renda no nosso país, representando 3,11% do PIB. Nós somos responsáveis por mais de 7,4 milhões de empregos”, ressaltou Leal.
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