Garimpo, evangélicos, militares e os vendedores de Bíblias ideológicas
No momento, há um movimento que pretende formar uma frente PL-MDB-PSD entre outros para fazer oposição a Lula.
Luís Nassif/Jornal GGN
Há um conjunto de elementos para se acreditar em uma tentativa de reorganização do pacto entre o crime organizado, o garimpo, neopentecostais para reorganizar a aliança que elegeu Jair Bolsonaro.
Os indícios são muitos:
- O importante “De Olho nos Ruralistas” mostrou as conexões históricas entre Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, e o garimpo.O artigo foi reproduzido no ICL. O mesmo fez a UOL.
- Há tempos, Aldo Rebelo vem defendendo, junto aos militares, a exploração do garimpo na Amazônia como um ato de afirmação nacional. Hamilton Mourão já criticou o controle do garimpo em terras yanomami. General Heleno autorizou garimpo em Roraima. A Polícia Federal confirmou o boicote do Exército em ação contra o garimpo no Pará. A PF prendeu um general três estrelas que extorquia garimpeiros. Em 2020, o Ministério da Defesa proibiu uma ação do Exército contra o garimpo.
- Leve-se em conta que o garimpo – e o jogo de bicho – foram os setores oferecidos aos membros dos porões, quando veio a redemocratização.
- No momento, há um movimento que pretende formar uma frente PL-MDB-PSD entre outros para fazer oposição a Lula. Segundo a Folha, o MDB lotou de lideranças a posse de Aldo como Secretário do prefeito Nunes de São Paulo. Se essa frente se consolida e elege o sucessor de Artur Lira – com David Alcolumbre como presidente do Senado – acaba o governo Lula e qualquer pretensão de normalização democrática.
- Na outra ponta, o inacreditável Roberto Mangabeira Unger, reeditando os velhos vendedores de Bíblias do Velho Oeste, coloca seu projeto de país nas costas e sai vendendo – agora, para evangélicos.
- E a mídia avança em dois temas nítidos. O primeiro, a hiper-dramatização da fala de Lula, comparando Gaza ao Holocausto. Só a Folha de hoje traz 11 (onze!) matérias sobre o tema.
- O segundo tema são os ataques diários dos jornalões – especialmente nos editoriais – a Alexandre de Moraes. Jornais, como o Estadão, que saudaram a prisão preventiva de Lula, hoje utilizam o garantismo como arma de guerra contra o Supremo. Mesmo sabendo que Alexandre foi o grande defensor da democracia, inclusive correndo riscos de vida. Não fosse sua coragem e firmeza, Bolsonaro e seus militares certamente já teriam imposto censura à imprensa. Mas a imbecilidade brasileira é galopante.
[Ilustração: Goya]
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