Nosso futebol em transe
Luciano Siqueira
A seleção brasileira enfrenta hoje o Uruguai, pela Copa América, cercada por um misto de receio e alguma indiferença.
Não empolga os torcedores, postos a uma distância emocional talvez maior do que a que já se estabeleceu nos últimos anos, e com o status de time em formação.
Errado é avaliar que o time entrará em campo fragilizado e dependente de lampejos ocasionais de alguns craques e hipotéticas falhas do adversário por uma razão circunstancial: o trabalho do técnico Dorival Júnior, ainda nos primeiros passos, após o fracasso do treinador temporário Fernando Diniz.
Não é simplesmente isso, infelizmente.
O futebol brasileiro que chegou a encantar o mundo a partir da conquista de 1958 até o final dos anos 70 perdeu a técnica, a estrutura e o encanto.
São novos tempos, o futebol profissional elevado pela ciência e pela tecnologia sofisticadas e por conceitos gerenciais muito superiores aos de décadas passadas.
Os europeus estão na frente por inúmeras razões e, sobretudo, pelo profissionalismo elevado ao extremo, lastreado por uma infraestrutura de ponta apoiada no chamado grande negócio do futebol.
No Brasil, com algumas poucas exceções em grandes clubes, a improvisação ainda é a marca e o imediatismo a consequência.
Subproduto disso é uma espécie de crise de concepção estratégica e tática dentro do campo, que tem levado grandes clubes da série A a recorrer cada vez mais a técnicos portugueses e argentinos, subestimando os brasileiros, mesmo os mais experiente e bem testados.
Então a seleção canarinha, repito, em crise existencial, momentaneamente se vê num incômodo quarto lugar em nosso subcontinente, atrás de Argentina, Uruguai e Colômbia.
Temos chances de recuperar a aura de melhores do mundo? Talvez. Mas levará ainda muito tempo.
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