Biden hoje, Lula amanhã
O risco de um candidato idoso enfrentar um pavão da extrema-direita também pode se materializar aqui
Ruy Castro/Folha de S. Paulo
As semelhanças são muitas. Biden, que é de novembro de 1942, assumiu a Presidência dos EUA aos 78 anos, em janeiro de 2021. Lula, que é de outubro de 1945, assumiu a do Brasil aos 77, em janeiro de 2023. Biden, se reeleito este ano, assumirá o mandato com 82 anos e o terminará em 2028, com 86. Lula, se reeleito em 2026, assumirá com 81 e terminará, em 2030, com 85. Nesta fase da vida, um ano de diferença não faz de Lula um garoto diante de Biden. O risco não está só em como eles se apresentam hoje, embora isso já pareça mortal para Biden, mas em como estarão, física e mentalmente, ao fim de um segundo mandato.
Biden fala fino e parece tíbio. Lula fala grosso e com autoridade. Mas os dois têm uma rouquidão que pode incapacitá-los em palanques. Biden nunca teve doenças sérias, mas sofre de artrite espinal, tem uma neuropatia nos pés e já aparenta confusão e desligamento em momentos. Lula parece bem —para quem teve um câncer de laringe, em 2011, e duas Covids, em 2020 e 22.
Assim como Trump (só oito meses menos que Lula) não perde uma chance de se pavonear perante a fragilidade de Biden, o adversário de Lula, seja quem for, poderá tentar fazer o mesmo com ele.
Biden e Lula têm em comum não estarem dispostos a fazer sucessores. Dinastias que começam e terminam com seus titulares não vão muito longe.
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