Jogo duro
Luciano
Siqueira
Um traço marcante da extrema direita neofascista, que graça mundo afora, é a habilidade em estimular a ansiedade e o medo no cidadão médio, de baixo espírito crítico, e manipulá-lo em seguida brandindo bandeiras antissistema que, na verdade, guardam na essência a manutenção do sistema vigente.
Na outra ponta, nas hostes militantes de esquerda e progressistas, há
como que um paradoxo comportamental: tanto quanto se condena a exploração algorítmica
dos sentimentos mais primários do ser humano por parte da direita, pratica-se a
superficialidade ao difundir mensagens igualmente instantâneas, superficiais e
fragmentadas.
Óbvio que nessa peleja a extrema direita leva vantagem, inclusive porque
é alimentada pela manipulação dos dados de milhões e milhões de internautas
absorvidos diariamente pelas poderosas big techs.
Nesse cabo de guerra, o lado de lá avança, enquanto o lado de cá tem
diante de si o dever heroico de resistir e prolongar o jogo até que venha a se
tornar minimamente equivalente.
Isso extrapola os limites das redes sociais.
Implica em tremenda luta de caráter estratégico para superar o capitalismo
dos nossos dias, ainda sob condições politicamente adversas.
Assim, não se trata apenas de entender e dominar o jogo digital.
Trata-se sobretudo de deslindar, nas condições presentes, modos de
enfrentamento do sistema dominante com fundamento teórico, domínio dos
complexos modos de acumulação do capital predominantemente rentista e adoção de
uma estratégia e de uma tática consentâneas com o tempo presente.
Leia também: "Mergulhar fundo para avançar na superfície" https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/11/meu-artigo-no-portal-da-fundacao.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário