Para além do minimamente razoável
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
O ponto de partida foi a votação do requerimento de urgência ao projeto
do decreto legislativo que derrubaria o novo decreto do IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras), editado pelo presidente da República uma semana antes.
Porém a sanha fisiológica da maioria parlamentar conservadora na Câmara dos
Deputados impôs mais uma derrota contundente ao governo.
Integrantes de partidos que ocupam 12 ministérios — União Brasil, PP,
Republicanos, MDB, PSD PDT — se somaram à direita.
Essa aparente incongruência nem é novidade nem cessará a partir de
agora. Faz parte de uma correlação de forças evidentemente desconfortável para
o governo. Ao que se acrescenta uma cobertura midiática absolutamente
tendenciosa e destinada a enfraquecer o presidente Lula, mirando 2026.
Mais ainda, tão nocivo comportamento de parlamentares de siglas
aparentemente aliadas, diz-se, também tem a ver com a insatisfação em relação
ao que consideram morosidade na liberação das malfadadas emendas ao Orçamento.
Não há como minimizar o episódio. Uma vez mais fica escancarado que
governar contando com o apoio parlamentar tão fluido e traiçoeiro e ao mesmo
tempo sem a solidariedade ativa de ampla base social não
funciona.
Tudo a ver com os números negativos recolhidos nas mais recentes
sondagens de opinião pública.
E também com o jogo de forças em curso no qual pontifica o esforço da elite
dominante em enfraquecer continuamente o presidente e o governo, conter a
extrema direita às voltas com o desgaste do bolsonarismo e viabilizar uma candidatura presidencial de centro-direita eleitoralmente
competitiva.
Ao governo está mais do que comprovado de que circunscrito a esse jogo
de forças indigesto na relação com o parlamento inevitáveis são as fraturas
administrativas e políticas e profundamente negativa à percepção da chamada
opinião pública, mal informada e sujeita a um tremendo bombardeio midiático e das
ditas redes sociais.
Melhorar a comunicação do governo? Sim, é importante e indispensável.
Porém é preciso, uma vez mais, que se compreenda a absoluta necessidade de
alteração na conduta política do próprio presidente e das correntes populares e
progressistas que integram a frente ampla que governa.
Urge superar a relativa letargia que não enfrenta o debate sobre
questões essenciais postas na base do conflito com a oposição, onde tudo parece
girar em torno de uma quebra de braços entre o mercado financeiro e o governo
sobre quem se mostra mais capaz de assegurar o equilíbrio fiscal.
Aí reside a própria negação da plataforma de reconstrução nacional com a
qual se elegeu o presidente Lula.
Reagir é preciso. No discurso e na efetiva mobilização social.
*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho
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Leia também: O lugar do PCdoB na frente ampla https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/03/minha-opiniao_16.html
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