19 junho 2025

Minha opinião

Para além do minimamente razoável 

Luciano Siqueira 
instagram.com/lucianosiqueira65 

O ponto de partida foi a votação do requerimento de urgência ao projeto do decreto legislativo que derrubaria o novo decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), editado pelo presidente da República uma semana antes. Porém a sanha fisiológica da maioria parlamentar conservadora na Câmara dos Deputados impôs mais uma derrota contundente ao governo.

Integrantes de partidos que ocupam 12 ministérios — União Brasil, PP, Republicanos, MDB, PSD PDT — se somaram à direita.

Essa aparente incongruência nem é novidade nem cessará a partir de agora. Faz parte de uma correlação de forças evidentemente desconfortável para o governo. Ao que se acrescenta uma cobertura midiática absolutamente tendenciosa e destinada a enfraquecer o presidente Lula, mirando 2026.

Mais ainda, tão nocivo comportamento de parlamentares de siglas aparentemente aliadas, diz-se, também tem a ver com a insatisfação em relação ao que consideram morosidade na liberação das malfadadas emendas ao Orçamento.

Não há como minimizar o episódio. Uma vez mais fica escancarado que governar contando com o apoio parlamentar tão fluido e traiçoeiro e ao mesmo tempo sem a solidariedade ativa de ampla base social não funciona. 

Tudo a ver com os números negativos recolhidos nas mais recentes sondagens de opinião pública. 

E também com o jogo de forças em curso no qual pontifica o esforço da elite dominante em enfraquecer continuamente o presidente e o governo, conter a extrema direita às voltas com o desgaste do bolsonarismo e viabilizar uma candidatura presidencial de centro-direita eleitoralmente competitiva. 

Ao governo está mais do que comprovado de que circunscrito a esse jogo de forças indigesto na relação com o parlamento inevitáveis são as fraturas administrativas e políticas e profundamente negativa à percepção da chamada opinião pública, mal informada e sujeita a um tremendo bombardeio midiático e das ditas redes sociais. 

Melhorar a comunicação do governo? Sim, é importante e indispensável. 

Porém é preciso, uma vez mais, que se compreenda a absoluta necessidade de alteração na conduta política do próprio presidente e das correntes populares e progressistas que integram a frente ampla que governa. 

Urge superar a relativa letargia que não enfrenta o debate sobre questões essenciais postas na base do conflito com a oposição, onde tudo parece girar em torno de uma quebra de braços entre o mercado financeiro e o governo sobre quem se mostra mais capaz de assegurar o equilíbrio fiscal. 

Aí reside a própria negação da plataforma de reconstrução nacional com a qual se elegeu o presidente Lula. 

Reagir é preciso. No discurso e na efetiva mobilização social.

*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho

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Leia também: O lugar do PCdoB na frente ampla https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/03/minha-opiniao_16.html 

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