10 julho 2025

Contra Trump, reação altiva

Truculência de Trump faz renascer o nacionalismo brasileiro
Politicamente, a truculência de Trump conseguiu o feito inédito da montagem da grande feita midiática em favor do Brasil.
Luís Nassif/Jornal GGN 

Nessa loucura tarifária do governo Trump, o Brasil foi o único caso em que se alegou questão política. Na prática, igualam o Brasil às sanções impostas ao Irã, Venezuela e Cuba.

Estão em jogo dois pontos essenciais para o projeto Trump. O primeiro, a tentativa de substituir os poderes nacionais pelo poder das big techs. E o Brasil, graças ao Supremo Tribunal Federal e ao Ministro Alexandre Moraes, transformou-se na principal cidadela global contra o poder absoluto das grandes plataformas. O segundo motivo são os BRICS e o papel central do Brasil nas articulações geopolíticas.

A truculência de Trump vai provocar problemas imediatos. Mas, a médio prazo, levará cada vez mais os países a saírem da órbita de uma potência errática – os Estados Unidos – em direção a outra potência, que defende o multilateralismo e a colaboração entre nações.

Internamente, ficam caracterizados os crimes de lesa-pátria da família Bolsonaro e exposta a submissão vergonhosa do governador Tarcísio de Freitas ao Make America Great Again. 

Politicamente, a truculência de Trump conseguiu o feito inédito da montagem da grande feita midiática em favor do Brasil. O nacionalismo poderá se converter em uma grande bandeira, a ser empunhada por Lula.

O Estadão antecipou seu editorial para, com o título  “Coisa de mafiosos”, proclamar “que  o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump. E que aqueles que são verdadeiramente brasileiros não se permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha a democracia”. O Jornal Nacional se redimiu de edições recentes com reportagens expressando a indignação ante a truculência de Trump.

Haverá desafios pela frente. Um deles é a definição de estratégias para os produtos brasileiros a serem taxados pelos Estados Unidos.

As principais exportações brasileiras são de insumos industriais elaborados, categoria que engloba aço laminado, alumínio refinado, polietileno, solventes industriais, resinas plásticas, PVC, placas de circuito impresso etc. 


É o único setor em que o mercado norte-americano é dominante para o Brasil. 

Em 2024, o Brasil exportou aproximadamente 4,08 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos para os Estados Unidos, representando cerca de 42,6% do total das exportações brasileiras desse setor.  Em valor, essas exportações corresponderam a cerca de US$ 2,99 bilhões, dos quais US$ 2,3 bilhões foram referentes a produtos semielaborados (como placas de aço). 

Dados oficiais do governo brasileiro (ministério e Aço Brasil) indicam que, entre janeiro e março de 2025, o volume exportado para os EUA cresceu 40% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo 661,1 mil toneladas em março, e acumulando um aumento de 34% no trimestre.

O volume de carne bovina exportada pelo Brasil para os Estados Unidos em 2024 foi de aproximadamente 229 000 toneladas, gerando uma receita de cerca de US$ 1,35 bilhão. 

Esse volume dos EUA representou cerca de 7,9% do total das exportações brasileiras de carne bovina em 2024, considerando que o volume total foi de 2,89 milhões de toneladas .

Com a ajuda da Inteligência Artificial, há as seguintes alternativas de mercado:

1. Produtos Siderúrgicos

  • Mercado atual (EUA): ~42% das exportações brasileiras.
  • Alternativas principais:
    • México – já é comprador relevante, tem acordo com Mercosul.
    • União Europeia – demanda por aço verde pode favorecer o Brasil, mas barreiras ambientais são crescentes.
    • Turquia – importante polo de reexportação e transformação.
    • Sudeste Asiático (Vietnã, Indonésia, Tailândia) – em expansão industrial.
    • China – mais difícil, pois é autossuficiente, mas pode importar semiacabados.

2. Carnes (bovina, suína, de frango)

  • Mercado atual (EUA): ~8% da carne bovina brasileira.
  • Alternativas principais:
    • China e Hong Kong – principais compradores (carne bovina e frango).
    • Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita – carnes halal, crescente demanda.
    • Egito e Irã – forte demanda por carne bovina congelada.
    • Indonésia, Filipinas e Malásia – mercado em expansão.
    • Chile e Egito – para carne suína.

Mas há uma alternativa melhor. O governo poderia conceder isenção aos produtores, mais financiamento do BNDES, para direcionarem a carne para o Bolsa Família.

3. Petróleo bruto e derivados

  • Mercado atual (EUA): relevante para petróleo leve brasileiro.
  • Alternativas principais:
    • China e Índia – principais compradores.
    • Países europeus – após sanções à Rússia, buscam diversificar fontes.
    • Chile e Argentina – para derivados.

4. Celulose e Papel

  • Mercado atual (EUA): importante, mas não dominante.
  • Alternativas principais:
    • China e União Europeia – principais destinos.
    • Índia e Indonésia – setor industrial em crescimento.

5. Produtos Químicos e Fertilizantes (quando aplicável)

  • Mercado atual (EUA): importante para químicos finos.
  • Alternativas principais:
    • América Latina – crescente demanda por químicos industriais.
    • África Subsaariana – emergente para fertilizantes.
    • Ásia (Índia, Vietnã) – uso agrícola e industrial crescente.

Já as importações dos Estados Unidos concentram-se mais em motores e máquinas, aeronaves e demais produtos da indústria de transformação. 


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