A nova economia da defesa
Chegou a hora das Forças Armadas pensarem seriamente no conceito de soberania nacional e acelerarem a parceria com institutos de pesquisa
Luís Nassif/Jornal GGN
Durante o regime militar, o principal desenvolvedor da energia nuclear no Brasil, Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, conseguiu uma concessão admirável do Ministro da Marinha: não exigir atestado ideológico dos físicos civis convidados para desenvolver o programa. Físicos do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) foram essenciais para o desenvolvimento do programa brasileiro de enriquecimento de urânio.
Chegou a hora das Forças Armadas pensarem seriamente no conceito de soberania nacional e acelerarem a parceria com institutos de pesquisa, visando o desenvolvimento de uma base tecnológica autônoma.
Hoje em dia, a FAB (Força Aérea Brasileira) continua com seu acervo de material de voo dependente dos Estados Unidos. A parte Amazônica do Sistema Brasileiro de Defesa e Proteção ao Voo, o chamado projeto SIVAM, depende fundamentalmente de material israelense com ligações umbilicais tecnológicas americanas, assim como equipamento naval de superfície.
Como aconselha José Amaro Ramos, com amplo histórico na indústria de defesa, está ocorrendo uma revolução tecnológica e é hora da Defesa Nacional se aproximar da Universidade, especialmente das áreas de Física da Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal de Minas Gerais.
A tecnologia de defesa evoluiu para armas que, em outros tempos, pareciam fruto de ficção científica.
Por exemplo:
–Armas de Energia Direcionada (DEWs), são sistemas que utilizam feixes concentrados de energia, em vez de projéteis convencionais, para neutralizar, danificar ou destruir alvos. Transferem energia diretamente para o alvo, na forma de raios laser.
–Lasers de Alta Energia que são feixes de luz concentrados que podem destruir ou incapacitar drones, foguetes e mísseis. Sua principal vantagem é a interceptação instantânea com um custo por disparo drasticamente mais baixo em comparação com mísseis tradicionais.
–Micro-ondas de Alta Potência (HPM): arma silenciosa que não destrói fisicamente, mas emite um pulso eletromagnético que “frita” os circuitos do adversário, desabilitando enxames de drones, veículos e sistemas de comunicação.
–Armas Sônicas / Acústicas: ondas sonoras direcionadas, para controle de distúrbios e incapacitação não letal.
–Feixes de partículas carregadas: prótons, elétrons ou íons acelerados, com potencial destrutivo contra eletrônicos ou blindagens.
Essas novas tecnologias mudam o cálculo financeiro das guerras. Com um “carregador” virtualmente infinito (dependendo apenas de energia) o custo para interceptar uma ameaça torna-se muito menor do que o custo do próprio ataque.
A busca por novos minérios, a febre por terras raras, tem como pano de fundo a própria indústria bélica. As principais potências militares, incluindo EUA, China, Rússia e Israel, e nações europeias, não dispõem da quantidade suficiente de minérios estratégicos, que o Brasil tem. Daí as pressões dos EUA sobre o Brasil, o jogo EUA-Ucrânia-Rússia, o lítio da Argentina, que, com 30% das reservas mundiais, estimulou Donald Trump e investir no pesadelo Milei.
É importante que, ao lado de uma legislação para terras raras, pense-se também em uma política industrial para o setor.
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