22 agosto 2025

Obscurantismo norte-americano

Casa Branca divulga carta assustadora denunciando obras de arte com temas de migrantes e LGBTQIAPN+
Das Artes https://dasartes.com.br/  

A Casa Branca divulgou, em 21 de agosto, um memorando de 26 pontos que escancara a nova frente de ataque de Donald Trump contra o Smithsonian. O documento cita nominalmente obras, artistas e exposições que, segundo o governo, promovem “narrativas divisivas”. Entre os alvos estão a pintura Transforming Liberty (2024), de Amy Sherald — que retrata uma mulher trans e já havia sido retirada de uma mostra por receio de censura —, trabalhos que humanizam migrantes e até animações que homenageiam o médico Anthony Fauci. A medida vem dias após a exigência oficial para que o Smithsonian entregasse relatórios curatoriais e abrisse caminho para “correções de conteúdo”.

Na lista constam obras como Refugees Crossing the Border Wall into South Texas (2020), de Rigoberto A. González, que retrata uma família migrante atravessando a fronteira. O artista, finalista do prêmio Outwin Boochever, comparou o gesto do governo à ofensiva nazista contra a chamada “arte degenerada”, reforçando que sua obra foi criada a partir de diálogos com imigrantes reais e carrega símbolos da perseguição política, como a manchete sobre o impeachment de Trump. Também foram citadas exposições que abordam a história LGBTQ+, a cultura afrofuturista, a democracia americana e até um infográfico do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana sobre privilégios associados à branquitude. 

O embate reflete a cruzada de Trump para impor o chamado “excepcionalismo americano” aos 21 museus e centros de pesquisa do Smithsonian. Desde que voltou ao poder, ele acusa a instituição de ser um bastião do “woke liberal”, ameaçando eliminar referências à escravidão, às lutas LGBTQ+ e à imigração das narrativas oficiais. A ofensiva não apenas coloca em risco a autonomia curatorial do maior complexo museológico dos EUA, como sinaliza um movimento político mais amplo de controle ideológico sobre a arte e a cultura do país.

Ele também atacou novamente o Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana por suas exposições sobre a “cultura branca dominante”, algo que ele já havia destacado em um decreto executivo no início deste ano.

[Ilustração: Amy Sherald]

[Se comentar, identifique-se]

Na cena política, placas tectônicas se movem https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/08/minha-opiniao_4.html

Nenhum comentário: