26 agosto 2025

Uma crônica de Abraham Sicsu

Agosto: dá praia na Paraíba?
Abraham B. Sicsu  

O vento é muito forte. As chuvas não pararam. Um mantra foi criado. Não é tempo de praia, não é tempo de espreguiçar ao sol, de “tomar um bronze”. Esperemos o verão, no mínimo a primavera.

Fins dos setentas, se adianta um pouco. Uma rede televisiva. Cria uma campanha publicitária. Sete de setembro, dia de “abraçar o Sol”. Dia retomar as praias, de se apinhar no meio de uma multidão de barracas. Bom que pegou, nesse dia se encontram velhos amigos.

Gostamos de ser do contra. As praias semi-desertas. Para caminhar, para ver a natureza, para conviver com pássaros e plantas que às vezes ignoramos.   Vamos ao sul da Paraíba. Sempre no mês de agosto.

Jacumã, Carapibus, Tabatinga, Coqueirinho, Tambaba, bem pertinho, ao sul de João Pessoa. Todas belas com seus encantos.

As falésias, paredões rochosos que se impõe nas paisagens frente ao mar, os maceiós, lagoas costeiras onde crianças passam horas na brincadeira.

O mar bravio, com as ondas fortes que, ás vezes, podem nos derrubar. Como dizíamos antigamente, nos dão um caldo. Os coqueiros e suas sombras, que nos acolhem no fugir do abrasar solar.

Todo ano, mesma época.

Oceano das Conchas, nossa bar pé de areia. Bem cuidado, com um jardim interno gramado, com barracas de praia sempre novinhas. A caipirinha e os drinks, uma entrada triunfal. Tem suco das boas frutas, de cajá ao caju, do abacaxi à graviola. A cerveja gelada ao ponto.

Bom mesmo os tira gosto. Uma agulhinha imperdível. Pequena e torradinha, se come lambendo os beiços. Os ensopados de camarão e caranguejo. Maravilhas vindas do mar. Os peixes, com fartura. Cioba inteira assada com verdura bem fresquinha, um belo almoço.

Horas de contemplação e de alegria. Este ano deu sorte e não choveu. Pelo menos enquanto na praia, lá estávamos.

Nosso restaurante preferido. Turek, comida de excelente qualidade. Seja a costela assada na brasa, embrulhada em papel alumínio, sejam os frutos do mar. Tudo impecável. O suco de abacaxi com hortelã é magnífico.

Neste ano, nossas escolhas. Maravilhas que nos fartaram. Verduras grelhadas com camarões na brasa. Camarões, camarões, graúdos e com gosto, nada desses de gosto de plástico que a padronização tem nos obrigado a ingerir. Massas com frutos do mar. Muito bem cuidadas e ao ponto. Pescada grelhada acompanhada com batata rústica e um delicioso pirão. Tudo é muito bem cuidado lá, até o café expresso com um biscoitinho crocante.

De noite, fazer um lanche. La Caravella é o lugar. Sem sofisticação, mas com uma boa pizza.

Há hambúrgueres e um bom cachorro quente. Que você mesmo monta. Junto à salsicha, carne moída, um pouco de calabresa, cebola chip, e uns tomatinhos. Como sou guloso, uma maionese para arrematar e um pouco de mostarda. Feita a festa e a lambuseira, voltando à juventude.

As praias têm seus encantos. As pedras pelo caminho. Formam paisagens desconhecidas. Subir escadas para escalar falésias, boas pernas temos que ter. O Mirante e o deslumbramento. Vistas que alimentam a alma.

No meio do mar tem uma pedra. Colocarem uma sereia em cima. Só poetas têm essas idéias. Difícil de ver detalhes. É preciso ter um binóculo. Mas, chama a atenção. Bom para apaixonados, criar histórias do imaginário.

Quase solidão tem seus encantos. Momentos de auto encontro, de sonhar novos caminhos, de viver novos espaços. Os dias são mais longos. As horas se fazem belas. Deixando o burburinho, de um mundo muito agitado. Silêncio se faz presente, permite que se medite, permite que se idealize, novas jornadas hão de se fazer surgir.

O vento continua forte, o frio leve se faz presente, a noite se apresenta. O céu tem estrelas, poucas, mas são vistas. Prenúncio de um novo dia. Em que o sol aparecerá. Pelo menos, por algumas horas. O lençol como coberta. Os braços da amante como afago. Mãos delicadas que acariciam. O amor como companhia.

As praias da Paraíba. Nunca abandonamos. Mensagens que são mantidas. Início de um novo ciclo.

Tudo acontece, afinal, é agosto, mês do cachorro louco, nada de desgosto, como mal dizem em Portugal, para os sonhadores, mês do sempre reencontro.

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