29 agosto 2025

PCdoB debate

Rumo ao Congresso do PCdoB, Ciclo de Debates aponta estratégias da esquerda contra crise, direita e imperialismo
Mesas em cinco capitais discutiram soberania, partido, eleições, o papel da classe trabalhadora e os rumos do desenvolvimento nacional
Leandro Melito/Portal Grabois 

Promovido pela Fundação Maurício Grabois, o Ciclo de Debates para o 16º Congresso do PCdoB mobilizou a militância comunista ao longo das últimas semanas presencialmente em cinco capitais brasileiras e também virtualmente por meio das transmissões ao vivo no YouTube. As mesas aprofundaram o debate sobre “Os desafios brasileiros num mundo em transição”  a serem discutidos no Congresso do partido que acontece entre 16 e 19 de outubro em Brasília (DF).

“O Ciclo indicou que os temas em debate no Congresso do PCdoB estão na mais íntima sintonia com os desafios e dilemas do país para superar a condição dependente e periférica sob direção das forças populares”, aponta Walter Sorrentino, presidente da Fundação Maurício Grabois (FMG) e vice-presidente do PCdoB. E destaca:

“É uma bela contribuição aos debates da esquerda brasileira, a fim não apenas de vencer as próximas eleições presidenciais, como também de disputar na sociedade a correlação de forças necessária para mudar estruturas que constrangem o desenvolvimento e autonomia estratégica do país.”

Foram cinco mesas de discussão realizadas entre os dias 28 de julho e 25 de agosto em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Porto Alegre (RS) e Recife (PE), com um público presencial de mais de mil pessoas.

As transmissões online espalharam os debates pelo Brasil. A playlist do Ciclo de Debates na TV Grabois. composta por 21 vídeos, já acumula mais de 13,3 mil visualizações e 2,8 mil horas de tempo de exibição.

Mundo em transição

Na tentativa de recuperar sua hegemonia, os EUA intensificaram a ofensiva contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, antecipando os embates eleitorais de 2026 ao apoiar explicitamente as forças de extrema direita que atuam no país, lideradas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo de uma ação penal por tentativa de golpe de Estado e outros nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).

Esse fato político atravessou os debates sobre a Crise do capitalismo e da globalização neoliberal em São Paulo (SP). Anunciada logo após o encontro do Brics no Rio de Janeiro (RJ), a taxação extra de 40% aos produtos brasileiros foi a primeira sanção dirigida especificamente ao país por Donald Trump não teve caráter econômico, mas político, com objetivo exatamente de desestabilizar a economia do Brasil, destacou  Davidson Magalhães, economista e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Soberania nacional

O tema da soberania nacional, que já havia surgido durante as discussões da mesa anterior, ganhou corpo e foi objeto de consenso entre os debatedores da mesa Mundo em Transição.

Diretor do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luis Fernandes defendeu:

“A contradição principal, eu diria, é entre imperialismo e projetos nacionais anti-imperialistas, que não se apresenta com essa linguagem no mundo, mas na essência, no conteúdo, são. Essa é a contradição principal. A segunda contradição é uma contradição de reserva, que são as tensões sobre as potências, sobretudo.”

Centralidade da classe trabalhadora

Com o tema Mudanças estruturais para o Brasil do século XXI, a terceira mesa realizada em Salvador (BA) trouxe para o centro da discussão a classe trabalhadora brasileira.  José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras (2005-2012), colocou como um dos desafios centrais para promover mudanças estruturais no Brasil de hoje o estado de fragilização e fragmentação em que se encontra a classe trabalhadora a partir de um processo de alteração estrutural com a ausência de formulações de projetos nacionais.

“O PCdoB tem razão em cobrar a ausência das reformas estruturais”, afirmou Gabrielli. “O projeto nacional desaparece, o projeto de transformação da sociedade desaparece e, portanto, nós temos que recompor isso nesse momento.”

“Falta dos partidos, da parte consciente da classe trabalhadora, fazer com que esse projeto nacional de desenvolvimento expresse e reflita, coloque em primeiro lugar os anseios dessa classe trabalhadora brasileira”, destacou o economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Diogo Santos.

[Ilustração: em foto de Pedro Caldas o debate no Recife]

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Leia: Convergência necessária e possível https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/08/minha-opiniao_15.html 

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