Sintomas da ômicron: saiba
quais são os principais sinais que têm levado infectados a buscar testes de
Covid
Dor de garganta é mais comum? Crianças e idosos têm
sintomas diferentes? Problemas pulmonares ainda são frequentes? g1 ouviu
especialistas sobre o tema.
Por Roberto Peixoto, g1
Dor de garganta e cabeça, coriza, dores musculares,
fadiga, febre e tosse seca. Esses são os principais sintomas da variante
ômicron do novo coronavírus, já responsável pela maioria dos
casos de Covid no Brasil.
Infectologistas ouvidos pelo g1 ressaltam
que a ômicron, com suas dezenas de mutações em relação ao vírus original, tem
uma tendência
de infectar áreas superiores do trato respiratório, como a garganta, o
que explica a ocorrência desses sintomas.
Essa diferença na apresentação clínica
da doença faz com que quadros de perda de paladar e olfato, dificuldade para
respirar ou falta de ar, sintomas tão característicos do começo da pandemia,
sejam cada vez mais raros.
Isso
também ocorre pelo fato de que a variante encontra atualmente uma população mais vacinada e
que, em muitos casos, já teve um episódio de Covid. Assim, em muitos casos, a variante
infecta uma pessoa que já possui alguma resposta imune ao vírus Sars-cov-2
(embora não especificamente à nova variante).
Confira abaixo os principais sintomas relatados
pelos médicos:
·
Dor de garganta
·
Congestão nasal/coriza
·
Cansaço no corpo ou dores musculares
(mialgia)
·
Fadiga
·
Febre (em alguns casos, não muito alta
e mais comum em adultos)
·
Tosse seca (geralmente associada à uma
irritação na garganta)
·
Problemas estomacais (mais raros)
Os
sintomas se assemelham aos relatados pelo Zoe COVID Symptom Study,
um projeto da Universidade King's College de Londres. O estudo, que registra,
via smartphone, como centenas de milhares de pessoas infectadas estão se
sentindo no Reino Unido, indicou que os britânicos estão apresentando os cinco
principais sintomas: nariz escorrendo, dor de cabeça, fadiga (leve
ou grave), congestão nasal/coriza, dor de garganta.
Os
pesquisadores compararam dados de dezembro de 2021 (quando a ômicron se tornou
dominante no Reino Unido), com dados do início de outubro (quando a delta era a
dominante).
“Com a
ômicron não temos essa característica. Eu só vi um único caso desde então”,
destaca.
“O sintoma mais frequente é a dor de garganta.
Disparado”, diz Lina Paola, infectologista da Beneficência
Portuguesa de São Paulo. “Antes a gente falava mais de febre, agora é dor de
garganta. É uma sensação de coceira na garganta, ou dor mesmo. Em segundo lugar está a coriza (nariz escorrendo) e em terceiro eu diria
que está a fadiga e o cansaço no corpo, acompanhando de dor”.
A
infectologista ressalta ainda que alguns pacientes têm apresentado um quadro
febril mais leve, geralmente em torno de 38ºC. Sintomas como diarreia e dor de
cabeça, embora menos comuns, também estão associados.
Paola
explica que o vírus da ômicron tem uma afinidade, o que os cientistas chamam de
“tropismo viral”, de replicação nas vias aéreas respiratórias superiores
(cavidade nasal, faringe). Assim, alguns pacientes têm apresentam uma tendência
maior de replicação viral na região da faringe, onde está a garganta.
Para a
especialista, contudo, o porquê de a ômicron ter essa
característica é algo que ainda precisa ser investigado pelos cientistas.
Já Jamal
Suleiman, infectologista do Instituto Emilio Ribas, destaca que todos os
sintomas comumente associados à ômicron têm uma característica
fundamental: sua transitoriedade.
“São
sintomas que passam muito rápido”, diz Suleiman. “Essa sensação de garganta
arranhando, geralmente acompanhada de uma tosse seca é o que dura mais. Às
vezes pode durar duas semanas. Mas a tosse não é severa, ela incomoda”.
Crianças e idosos têm sintomas diferentes com a ômicron?
Os
especialistas ressaltam que a variante
tem mantido os sintomas em todas as faixas etárias. A diferenciação, nesses
casos, é a intensidade de apresentação da doença.
Apesar disso, embora crianças tenham menos
risco de desenvolver sintomas graves de Covid, a probabilidade
não é nula.
A variante ômicron, inclusive,
provocou um aumento inédito das internações nas UTIs pediátricas de capitais
estaduais. Somente no estado de São Paulo, o número de crianças e
adolescentes internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) registrou uma
alta de 61% nos últimos dois meses.
Os especialistas ouvidos pelo g1 pontuam
que a dor de garganta também é sintoma que acomete os mais jovens. Contudo, em
bebês, a identificação desses sintomas é mais difícil tendo em vista que os
pequenos não conseguem manifestar o que estão sentindo. Assim, os pais precisam
estar atentos para sinais como perda de apetite.
A infectologista também alerta que, nesses casos, quando os
pacientes não conseguem se hidratar e comer adequadamente, eles podem
apresentar um quadro de tontura, embora esse seja um sintoma raro.
“Esse não tem sido um sintoma tão importante como foi nas
últimas cepas”, diz.
“A tontura é muito mais um
sintoma neurológico, de vertigem. Não entra na classificação de um sintoma
gripal”,
complementa a médica Carla Kobayashi.
Sintomas
pulmonares não são mais comuns
A
variante ômicron – também chamada B.1.1529 – foi reportada à OMS em 24 de
novembro de 2021. Desde então, com a predominância desses casos, o quadro dos
principais sintomas associados à Covid mudou bastante.
Segundo a
análise do Zoe COVID Symptom Study, a perda de
olfato e paladar não é tão comum em infectados com a ômicron. O projeto apontou
que o sintoma estava entre os 10 mais citados no início de 2021. Atualmente, ele ocupa o 17º lugar, com apenas uma em cada cinco
pessoas relatando a falta de olfato e paladar.
“Isso é
excepcionalmente raro hoje em dia”, diz Suleiman
Ele
explica que as manifestações sintomáticas das variantes anteriores tinham duas
fases: as pessoas tinham uma síndrome gripal, com obstrução, coriza, mal estar
e febre. Ao fim da primeira semana, o indivíduo apresentava então problemas
pulmonares.
“Com a
ômicron não temos essa característica. Eu só vi um único caso desde
então”, destaca.
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