Diferentes visões engrandecem o
futebol, a sociedade e a vida
Quando opino, não tenho nenhuma
pretensão de ser o dono da verdade
Tostão, Folha de S. Paulo
O segundo
parágrafo de minha última coluna ficou
incompreensível, com uma frase que não tinham nada a ver com o texto. O certo
era: "Tite, com razão, criticou as críticas de que Vinicius Junior, na
seleção, joga muito recuado para ajudar o lateral. Ele atua da mesma forma no
Real Madrid. Marca e ataca. Em algumas ocasiões, isso não será possível, como
no jogo do Brasil contra o Chile e no do Real contra o PSG, quando Brasil e
Real ficaram acuados, sem contra-atacar".
Neste ano de Copa do Mundo,
aumentam os pedidos de torcedores e da imprensa para a convocação de alguns
jogadores, mas não dizem quem deveria ficar fora. Hulk, Pedro e Raphael Veiga são
os mais reclamados. Gabigol e Éverton Ribeiro, que têm sido chamados, correm
grandes riscos de não ir ao Mundial. Dos que atuam no Brasil, os mais certos
são Arana e, principalmente, o goleiro Weverton.
Alguns
comentaristas falam que, se os jogadores brasileiros jogassem nos grandes
clubes europeus com a mesma qualidade, seriam chamados. É a realidade. É muito
mais difícil brilhar na seleção e nos grandes times da Europa que nos estaduais.
Raphael Veiga, ótimo jogador, atua na
mesma posição de Neymar. Os reservas imediatos são Paquetá e Coutinho.
As chances de Raphael Veiga são mínimas. Marcos Rocha, que nunca foi pedido, é
a melhor opção na lateral direita, depois de Daniel Alves e de Danilo. Marcos
Rocha tem o estilo parecido com o de Daniel Alves, de ser mais um armador que
um lateral que avança pelo lado.
Existem
também muitos pedidos para escalar e mudar os esquemas táticos das equipes
brasileiras.
Paulo Sousa
fez várias mudanças no Flamengo. Ainda é cedo para dizer se são as melhores
opções. No esquema com três zagueiros do técnico, alguns pedem a escalação do
trio de atacantes, Gabigol, Pedro e Bruno Henrique, além de Arrascaeta, dois
volantes, dois alas e um goleiro. São 12.
Gosto das
escalações e das mudanças táticas feitas pelo treinador Abel Ferreira,
de acordo com o momento e com o adversário. Não gostei da escalação de Rony
pela direita, para marcar o lateral do Chelsea, mas dizer que o Palmeiras
perdeu porque não tinha centroavante é se desconectar da realidade. O Chelsea é
muito superior ao Palmeiras e às outras equipes brasileiras.
O novo técnico
do Atlético tem mantido a escalação, as variações e a maneira de jogar da
equipe com Cuca. Hoje, o Atlético tem mais chance de vencer, mas, como já dizia
o filósofo Neném Prancha nos anos 1950, clássico é clássico. Será uma boa
chance para avaliar o novo time do Cruzeiro.
O novo
treinador do Corinthians, o português Vítor Pereira,
deve ter gostado muito da atuação do time contra o Bragantino, que também jogou
muito bem. Seja qual tenha sido a atuação e o resultado da partida contra o São
Paulo, penso que, assim como é necessário ter um volante centralizado, como
Queiroz ou Cantillo, para proteger a defesa e iniciar as jogadas de ataque com
um bom passe, um time precisa ter um centroavante, o que não significa que
tenha de ser um jogador fixo, apenas para ser pivô e para finalizar. Falta esse
atacante ao Corinthians. Róger Guedes atua melhor da esquerda para o centro.
Quando opino,
não tenho nenhuma pretensão de ser o dono da verdade. As diferentes opiniões
são bem-vindas e engrandecem o futebol, a sociedade e a vida. Aprendo com elas.
Precisamos ser melhores profissionais, sem ser reféns da audiência, da
radicalização e da ira de muitas pessoas.
[Ilustração: Mario Zanini]
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