06 março 2022

Discordar faz bem

Diferentes visões engrandecem o futebol, a sociedade e a vida

Quando opino, não tenho nenhuma pretensão de ser o dono da verdade
Tostão, Folha de S. Paulo

 

O segundo parágrafo de minha última coluna ficou incompreensível, com uma frase que não tinham nada a ver com o texto. O certo era: "Tite, com razão, criticou as críticas de que Vinicius Junior, na seleção, joga muito recuado para ajudar o lateral. Ele atua da mesma forma no Real Madrid. Marca e ataca. Em algumas ocasiões, isso não será possível, como no jogo do Brasil contra o Chile e no do Real contra o PSG, quando Brasil e Real ficaram acuados, sem contra-atacar".

Neste ano de Copa do Mundo, aumentam os pedidos de torcedores e da imprensa para a convocação de alguns jogadores, mas não dizem quem deveria ficar fora. Hulk, Pedro e Raphael Veiga são os mais reclamados. Gabigol e Éverton Ribeiro, que têm sido chamados, correm grandes riscos de não ir ao Mundial. Dos que atuam no Brasil, os mais certos são Arana e, principalmente, o goleiro Weverton.

Alguns comentaristas falam que, se os jogadores brasileiros jogassem nos grandes clubes europeus com a mesma qualidade, seriam chamados. É a realidade. É muito mais difícil brilhar na seleção e nos grandes times da Europa que nos estaduais.

Raphael Veiga, ótimo jogador, atua na mesma posição de Neymar. Os reservas imediatos são Paquetá e Coutinho. As chances de Raphael Veiga são mínimas. Marcos Rocha, que nunca foi pedido, é a melhor opção na lateral direita, depois de Daniel Alves e de Danilo. Marcos Rocha tem o estilo parecido com o de Daniel Alves, de ser mais um armador que um lateral que avança pelo lado.

Existem também muitos pedidos para escalar e mudar os esquemas táticos das equipes brasileiras.

Paulo Sousa fez várias mudanças no Flamengo. Ainda é cedo para dizer se são as melhores opções. No esquema com três zagueiros do técnico, alguns pedem a escalação do trio de atacantes, Gabigol, Pedro e Bruno Henrique, além de Arrascaeta, dois volantes, dois alas e um goleiro. São 12.

Gosto das escalações e das mudanças táticas feitas pelo treinador Abel Ferreira, de acordo com o momento e com o adversário. Não gostei da escalação de Rony pela direita, para marcar o lateral do Chelsea, mas dizer que o Palmeiras perdeu porque não tinha centroavante é se desconectar da realidade. O Chelsea é muito superior ao Palmeiras e às outras equipes brasileiras.

O novo técnico do Atlético tem mantido a escalação, as variações e a maneira de jogar da equipe com Cuca. Hoje, o Atlético tem mais chance de vencer, mas, como já dizia o filósofo Neném Prancha nos anos 1950, clássico é clássico. Será uma boa chance para avaliar o novo time do Cruzeiro.

O novo treinador do Corinthians, o português Vítor Pereira, deve ter gostado muito da atuação do time contra o Bragantino, que também jogou muito bem. Seja qual tenha sido a atuação e o resultado da partida contra o São Paulo, penso que, assim como é necessário ter um volante centralizado, como Queiroz ou Cantillo, para proteger a defesa e iniciar as jogadas de ataque com um bom passe, um time precisa ter um centroavante, o que não significa que tenha de ser um jogador fixo, apenas para ser pivô e para finalizar. Falta esse atacante ao Corinthians. Róger Guedes atua melhor da esquerda para o centro.

Quando opino, não tenho nenhuma pretensão de ser o dono da verdade. As diferentes opiniões são bem-vindas e engrandecem o futebol, a sociedade e a vida. Aprendo com elas. Precisamos ser melhores profissionais, sem ser reféns da audiência, da radicalização e da ira de muitas pessoas.

[Ilustração: Mario Zanini]

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