Lula agradece a parceria do PCdoB: “Nós vamos
recuperar este país”
Ex-presidente participou do Ato Político Frente Ampla para
Florescer a Esperança, no Caminho Niemeyer, em Niterói (RJ).
André Cintra, Portal Vermelho
A participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o
ponto alto, neste sábado (26), da programação do Festival Vermelho – o
principal evento comemorativo dos cem anos do PCdoB. Ao lado de dirigentes e
parlamentares comunistas, autoridades políticas, representantes de outros partidos
e lideranças dos movimentos sociais, Lula participou do Ato Político Frente
Ampla para Florescer a Esperança, no Caminho Niemeyer, em Niterói (RJ).
Boa parte dos discursos ressaltou a urgência da unidade em torno
de uma nova candidatura presidencial de Lula, para derrotar o governo Jair
Bolsonaro. O PCdoB aproveitou a ocasião para também tornar pública sua adesão a
esse projeto político-eleitoral.
“Presidente Lula, nós decidimos anunciar o apoio à sua
candidatura exatamente nessa data porque ela se reveste de simbolismos. Há cem
anos, foi fundado nesta cidade de Niterói o glorioso Partido Comunista do
Brasil”, afirmou a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos. “A história
desse partido se entrelaçou com a história do Brasil. Não há um momento importante
de inflexão, de luta pela democracia e de lutas por direitos do povo que não
tenha o DNA, a lucidez e a contribuição política e teórica do PCdoB. Somos
aqueles que têm a convicção de que este país tem jeito.”
Conforme a dirigente, a federação partidária viabilizada entre
PT, PCdoB e PV foi um passo importante para reverter a “terra atrasada” que o
Brasil se tornou, “com este governo de destruição”. Luciana defendeu “uma
agenda” de soberania nacional, retomada da industrialização e combate às
desigualdades. “Você, Lula, é o homem certo, na hora certa, para garantir essa
agenda”, afirmou. “Mas precisamos de uma frente ampla para derrotar o
neofascismo e o retrocesso do Brasil.”
“Fazer mais e melhor”
Lula declarou sentir “grande satisfação e emoção” em estar na
comemoração do centenário do PCdoB. Em seu discurso, ele citou passagens
vividas com comunistas como João Amazonas, Renato Rabelo, Haroldo Lima e
Gustavo Petta, além de agradecer a parceria. “Não é fácil um partido sobreviver
cem anos, dos quais grande parte na clandestinidade. Todo meu carinho pelo
PCdoB.”
Com críticas à “elite escravista” do Brasil e ao presidente
“fascista”, Lula demostrou ânimo para mais uma eleição ao Planalto. Na visão do
ex-presidente, “o mais difícil não é ganhar a eleição” de outubro. “Se eu
voltar, vou ter que fazer mais e melhor do que fiz na primeira vez.”
Lula afirmou que os governos encabeçados por ele e Dilma
Rousseff, de 2003 a 2016, elevou o salário mínimo em 74% e promoveu “a maior
política de inclusão social que este país já teve”. No palanque do Festival
Vermelho, ele renovou esse compromisso. “Temos que colocar o povo pobre no
orçamento do Estado”, disse Lula. “Eu viajei o mundo para mostrar que o pobre
não é problema, mas solução.”
“Vamos recuperar a dignidade e a soberania”, conclamou ele, que
se comprometeu a, se eleito, ter como primeiro ato a convocação dos 27
governadores “para discutir um plano de recuperação do Brasil, com um pacto
federativo. Nós vamos recuperar este país!”. Ele também provocou o atual presidente:
“Bolsonaro, pode se preparar, porque nós estamos chegando”.
Unidade
Outros expositores reforçaram a mensagem de ampla unidade das
forças democráticas e progressistas contra Bolsonaro. Entre os representantes
dos movimentos sociais, sobraram citações. A presidenta da Unegro (União de
Negras e Negros pela Igualdade), Ângela Guimarães, declarou que “ revolução
será protagonizada por quem trabalha, por quem tira seu sustento do suor que
cai do rosto”. E citou versos do cantor e compositor Caetano Veloso – que, por
sua vez, remetia ao poeta soviético Vladimir Maiakovski: “Gente é pra brilhar /
Não pra morrer de fome”.
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil), lembrou o Manifesto
Comunista. “Há 174 anos, um manuscrito dirigido por Karl Marx e
Friedrich Engels proclamava: ‘trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo,
uni-vos’! A unidade é um fator fundamental”.
Também exaltaram a unidade da classe trabalhadora os
secretários-gerais da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, e da
Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, além de Marina dos Santos, dirigente
nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). “Que no ano de
2022 nossa unidade leve Lula a presidente da República”, disse Juruna. “Estaremos
juntos na luta para derrotar a extrema-direita, a fome, o desemprego e o
projeto de destruição nacional”, afirmou Índio. “Viva a esperança que nós vamos
reconstruir juntos”, declarou Marina.
As jovens à frente das principais entidades estudantis do País
denunciaram os ataques à educação. Denunciaram e cantaram. Rozana Barroso, da
Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), foi de Vermelho,eternizada na voz
de Fafá de Belém: “Meu coração é vermelho / De vermelho vive o coração”. Já
Bruna Brelaz, da UNE (União Nacional dos Estudantes), entoou o funk Eu Só Quero É Ser Feliz.
Por sua vez, Vanja Andréa Santos, presidenta da UBM (União Brasileira de
Mulheres), puxou uma paródia de Ô
Abre Alas!, de Chiquinha Gonzaga: “Ô abre alas, que eu quero passar
/ Sou feminista, não posso negar / Estou com Lula, este é o meu lugar”.
Pela JPL (Juventude Pátria Livre), falou o vereador de
Araraquara (SP) Guilherme Bianco. “Só podemos ganhar essa eleição construindo
uma ampla frente democrática, que seja capaz de unir o Brasil inteiro, de
verde-amarelo, para derrotar Bolsonaro”. Thiago Morbach, presidente da UJS
(União da Juventude Socialista), pediu mobilização “por um Brasil muito melhor
para nosso povo, com emprego e educação”.
Partidos
Os representantes dos partidos políticos convergiram na
necessidade de vencer o bolsonarismo. Segundo Vanessa Grazziotin, secretária
nacional da Mulher do PCdoB, é preciso “devolver o Brasil aos brasileiros e às
brasileiras”. Para o ex-deputado André Lazaroni (PV), “nós precisamos voltar a
sorrir”. Ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT) mencionou o exemplo de sua
cidade: “Sempre construímos a unidade popular das forças democráticas”.
“Estamos juntos de novo para continuar a fazer história e
colocar o Brasil na mão do povo”, afirmou Gleisi Hoffmann, presidenta nacional
do PT. O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) disse “não ter dúvida” de que
“tempos melhores virão, porque esse governo miliciano vai passar”. Já o
presidente do PSOL, Juliano Medeiros, disse que seu partido e a esquerda
estarão “juntos nas eleições deste ano para escorraçar Bolsonaro”.
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), afirmou que “vai
ser difícil a luta, não tem salto alto. Mas nós vamos ganhar a eleição!”. O
governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), acrescentou: “O PSB deve se
juntar a todos os partidos progressistas do Brasil para eleger o presidente
Lula e ajudar a reconstruir este país”.
“Que floresça a esperança! Que a nossa unidade reconstrua o
Brasil”, exortou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A ex-deputada
Manuela D’Ávila concordou: “Vamos salvar o Brasil! Viva a nossa luta por
liberdade, por democracia a por direitos. Viva o povo brasileiro, a razão de
nossa existência”. O deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) ponderou: “Não vamos
ganhar a eleição por pesquisa, mas mobilizando o povo para fazer de Lula
presidente de novo”.
O Festival Vermelho se encerrou neste sábado, à noite, com shows
e atividades culturais. O evento durou dois dias e foi precedido, na
sexta-feira (25), por uma reunião extraordinária do Comitê Central do PCdoB.
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