São crimes de antibrasileirismo
Bolsonaro e deputados
mercenários compõem espécie de milícia especializada em política como negócio
imoral
Janio de Freitas, Folha de S.
Paulo
Todas
as propostas que partem de
Bolsonaro ou mobilizam o seu empenho têm alguma ordinarice, de
seu interesse pessoal, como motivação básica. Nem por isso a conduta por ele
imposta à Presidência é o que mais compromete o futuro do Brasil como país —no
conceito do mundo e no seu próprio sentimento de país envergonhado.
A aceitação da tragédia
nacional pela quase total coletividade dos influentes, civis e
militares, é ela mesma uma tragédia maior, por sua propagação incorrigível no
futuro.
Tornar legal o garimpo em terras indígenas e a
liberação prática do desmatamento são favorecimentos diretos às milícias
criminais, que invadem as áreas preservadas, e ao empresariado que toma áreas
imensas para plantio de soja ou criação de gado.
A
imobilização do Ibama, da Funai e de tantas outras entidades de controle e
estudo foi a preparação, iniciada já pela súcia dos dirigentes nomeados, para o
que agora o governo e os mercenários da Câmara procuram oficializar.
Entraram
na fase culminante do
Plano Pró-Milícias, favorecida pelos desvios de atenção e apressada
pelo risco de derrota eleitoral.
Bolsonaro
e os deputados mercenários sob o domínio de Arthur Lira compõem uma espécie de
milícia especializada em política como negócio imoral. Fizeram aprovar a
urgência para o projeto da mineração homicida, a meio da semana, em deboche ao protesto de
cantores e atores liderado, diante e dentro do Congresso, por Caetano (Caetano
Velloso é músico, poeta e escritor, Caetano, só Caetano, é uma bandeira).
Mas,
sobretudo, com isso os mercenários advertiram a população: "Não se metam
nos nossos negócios, fazemos o que nos dê vantagens". É isso mesmo.
A
propósito, nunca se saberá o quanto custa a liberação, que Arthur Lira empurra
na Câmara, para 69 cassinos, 6.000 bingos e 300 bicheiros empresariais.
No
governo Figueiredo, o lobista que vinha tentar tal liberação era um general
americano, reformado para presidir cassino de Las Vegas. Seu representante
permanente aqui era o então deputado Amaral Neto, que organizava expedições
remuneradas para cassinos nos EUA e no Uruguai.
O
lobista de agora é também frequentador sistemático de Brasília, onde esteve
pouco antes de aparecer o atual projeto. Só uma notinha, bem discreta,
registrou essa estada profícua.
Assim
como a defesa de Bolsonaro para entregar as terras indígenas a milícias e ao
contrabando, a defesa dos cassinos
e da jogatina é mentirosa. O potássio para suprir a falta do produto
russo não está na Amazônia, onde é pouco e de difícil extração. Está em
Sergipe, Minas e São Paulo.
O
jogo clandestino não acabará, porque seus controladores não têm com que
construir cassinos reais. E os impostos não resolverão nada: mesmo nas contas
oníricas do relator Felipe Carreras, do PSB de Pernambuco, mal passam de
insignificantes R$ 4,5 bi.
No
pequeno varejo não é diferente. "Cancún em Angra", onde Bolsonaro tem
casa; fim das multas eletrônicas nas estradas, onde Bolsonaro é recordista na
Rio-Angra; fim do imposto de importação de jet-ski enfiado em dispensa, também
malandra, para "veículos aéreos sem propulsão a motor"; e por aí vai,
a exemplo do gasto de R$ 1,5 milhão por dia no cartão de crédito da Presidência, durante férias em
dependência militar.
O
empresariado influente, que financia coisas como o MBL fundado pelo marginal Arthur do Val,
preocupa-se é com o sério Stedile do MST
em possível governo petista; e com hipotética relação de Lula e
Maduro, ao qual Joe Biden recorre em um espetáculo de cinismo só igualado por
ele mesmo, com sua corrida ao Irã.
São
muitas as formas de milícias. Com meios e áreas diversos. Mas convergentes no
alvo, na conivência e no ganho.
.
Veja: Fato novo nas eleições de outubro https://bit.ly/3MCkYl9
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