07 abril 2022

Rumos de um futuro novo governo

Disputa antecipada

Luciano Siqueira

 
Embora sempre seja recomendável cautela em relação às pesquisas eleitorais com tanta antecedência das eleições de outubro, inegável que se consolida a disputa entre dois polos diametralmente opostos: Lula versus Bolsonaro.

Sem que haja uma relação mecânica, essa polarização corresponde objetivamente ao conflito entre dois extremos sociais: a minoria que cada vez mais concentra a produção, a renda e a riqueza (parte dela aferindo lucros financeiros fantásticos via especulação rentista); e a grande maioria da população às voltas com as consequências da baixa atividade econômica, do desemprego, da inflação e da carestia e da supressão de direitos.

Em sua expressão político-eleitoral, trata-se de uma luta renhida entre uma oposição que cresce e se amplia, em torno da liderança de Lula; e uma situação que esperneia e tenta recuperar forças em sua base conservadora e extremada. 

E na esteira de uma provável inviabilidade do que se tem chamado "terceira via", a parte politicamente mais dinâmica do rentismo, do grande agronegócio e dos monopólios industriais e de serviços — com articulação externa — busca interferir na disputa polarizada.

Já não joga todas as suas fichas na aventura bolsonarista e, embora não simpatize com a alternativa Lula, já disputa o programa de um possível novo governo. 

Diálogos com personagens da frente oposicionista pró-Lula, reverberados na grande mídia, põem à luz a pretensão de abortar a possibilidade de novo modelo econômico que considere efetivamente os interesses e as necessidades da maioria.

Uma disputa antecipada.

Concomitantemente, o próprio PT elabora proposições para um futuro governo; o PCdoB formulou uma plataforma de reconstrução nacional; as centrais sindicais deverão produzir, dentro de alguns dias, sua carta de proposições e assim por diante. 

Sem prejuízo de um máximo de amplitude e flexibilidade, a pré-candidatura do ex-presidente Lula pode e deve expressar com nitidez o que pretende no governo, demarcando campos com o adversário . principal.

Esse confronto no campo das ideias desde já contribui para qualificar a mobilização popular e social indispensável ao êxito eleitoral.

Veja: “Heróis” efêmeros – a verdade está triunfando https://bit.ly/3JMFZHT

 

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