Minha opinião/crônica

Nossa saúde mental fragmentada online
Luciano Siqueira

Não exagero ao dizer que diariamente na mídia se registram notícias de que uma nova pesquisa dá conta dos males que as redes sociais fazem à saúde mental dos terráqueos.

Não apenas as redes sociais, mas as sucessivas reuniões online a que muitos de nós estamos submetidos. Eu inclusive.

Hoje a Folha de S. Paulo informa que o principal assessor de saúde pública do governo federal norte-americano alerta, em artigo, que o excesso de tempo online pode dobrar riscos de depressão e ansiedade.

Vivek Murthy, o dito assessor, é detalhista. Seu estudo está contido em texto de 19 páginas, expresso também em artigo no The Washington Post.

Na verdade, o contato visual e emocional das pessoas com o que enxergam e ouvem através da telinha do smartphone ou do notebook engloba tudo, acrescento. Dos videogames às breves operações bancárias cotidianas, incluindo o popularizado pix.

Donde se deduz que nenhum de nós, em tese, está isento dos efeitos psíquicos e emocionais nocivos próprios da atual Era da Internet.

No referido estudo, o doutor Murthy avalia que os adolescentes norte-americanos são submetidos em média a 3 horas e meia diárias de exposição à tela do smartphone.

Sinceramente, tendo em conta outros estudos semelhantes igualmente divulgados na mídia, creio que é mais do que isso.

Como aqui em nosso país tropical.

Tem solução?

Creio que sim. Desde que façamos um esforço coletivo imenso de enxergar e vivenciar experiências da vida cotidiana que a tornam interessante.

A começar de dentro da própria casa.

Eu mesmo me considero batalhador dessa causa ao manter o hábito cotidiano, que trago desde a adolescência, de ler um poema logo cedinho ao acordar.

Venho aqui à biblioteca e aleatoriamente abro um volume da estante de poesia. E assim permito que o meu dia comece em companhia de Neruda, Cecília, Vinícius, Cida Pedrosa, Flor Bela Espanca, Mia Couto, Maiakovski, Hilda Hilst, Fernando Pessoa e tantos outros.

Não resolve, mas ajuda.

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