Futebol brasileiro é espelho de país confuso e dividido
Esporte mais popular vive em contradições, dentro e fora de campo
Tostão/Folha de S. Paulo
O futebol brasileiro vive em contradições, espelho de um país confuso, dividido e contraditório.
Ao mesmo tempo que muitas equipes brasileiras são modernas, pressionam em todo o campo, com muita intensidade para recuperar a bola, trocam passes desde a defesa e alternam em um mesmo jogo o domínio da bola com as jogadas em velocidade, outros times, bem diferentes, possuem um estilo tradicional, ultrapassado, com muitos espaços entre os setores, com zagueiros colados à grande área e com excesso de bolas longas e cruzamentos para o gol.
Ao mesmo tempo que existem treinadores bastante atualizados, científicos, que querem aprender todos os dias, há os que acham que sabem tudo, que adoram dizer "de futebol eu entendo", como se a vida caminhasse para trás.
Ao mesmo tempo que os estádios no Brasil estão lotados, com belíssimas festas das torcidas, há péssimos gramados, como os do Mineirão e do Maracanã, excesso de jogos e partidas tumultuadas. Os árbitros são fracos e acomodados, dependentes do VAR. Chame o VAR!Ao mesmo tempo que João Martins, membro da comissão técnica do Palmeiras, critica, com razão, um grave erro do árbitro por não ter expulsado no início da partida o jogador do Athletico-PR, o que poderia ter mudado a história do jogo, ele não pode fazer acusações sem provas, levianas, paranoicas, de que no Brasil o sistema não quer que os times que trabalhem de maneira melhor ganhem duas vezes o Brasileirão.
Ao mesmo tempo que são realizadas no Brasil belas e bem jogadas partidas, ocorrem também péssimos teatros, como diz o auxiliar João Martins. São teatros bélicos, grosseiros e com a participação de alguns treinadores, como Abel Ferreira.
Ao mesmo tempo que a maioria dos treinadores trata os árbitros e auxiliares com respeito, Felipão foi expulso durante a partida contra o América por agressivas reclamações. O treinador acusou sem provas o juiz de outras condutas contra o Atlético-MG e afirmou que os árbitros apitam os jogos do Galo já com um cartão, vindo de cima, para punir Hulk. Pior, Felipão, após a expulsão, chamou o arbitro de safado. Ele e Hulk foram expulsos e vão prejudicar o Atlético-MG.
O Atlético-MG piorou com Felipão. O América foi superior ao Galo mesmo quando perdia por 2 a 0. O América, por ter desempenhos melhores que os resultados, tem esperanças de que possa sair da zona de rebaixamento e de eliminar o Corinthians pela Copa do Brasil.
O Corinthians piorou com Luxemburgo. Levou um baile coletivo do Bragantino, dirigido por Pedro Caixinha. Foi uma partida didática, para ser ensinada na faculdade, uma aula sobre as diferenças entre o futebol moderno e o ultrapassado.
Os treinadores portugueses, valorizados em todo o mundo, são na média extremamente científicos, acadêmicos, e colaboram com a evolução do futebol brasileiro e mundial.
Nesta quarta-feira (5), pela Copa do Brasil, não será um clássico entre o São Paulo de Dorival Júnior e o Palmeiras de Abel Ferreira, como gostam de dizer. Os treinadores são fundamentais, mas eles não são as estrelas do espetáculo nem podem ser excessivamente narcisistas e se achar mais importantes do que são, uma das razões das posturas agressivas de alguns técnicos contra os árbitros. O ser humano precisa ter consciência de sua insignificância.
"Sou ex muita coisa, mas ex-forrozeiro, não" https://tinyurl.com/2zbl7xtk
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