POESIA, PLANTA E PANO
Marcelo Mário de Melo*
Existem plantas e panos de todos os tipos e cada um com a sua função e seu momento.
Árvores altas que a gente fica embaixo passando a chuva ou o sol tira fruta e servem também para fazer balanço espionar e enforcar gente.
Pé de coentro e aquelas outras plantinhas de tirar folhas para dar gosto na feijoada junto às folhinhas de fazer chá.
Tem pano para peça íntima de vestir sobretudo capa forro de guarda-chuva cama e mesa cortina lona de caminhão pano de chão e guardanapo
É planta e pano pras mangas e a poesia acompanhando.
Tem poesia concentrada feito suco tem poesia misturada com água tirando prosa tem poesia dançando tem poesia desfilando tem poesia andando tem poesia correndo raicaindo e se levantando no visual no concreto e no objeto.
Poesia por aí aforando adentrando querendo abrir a panela da cabeça e mergulhar além de comer o feijão saborear como foi feito cozinhando-se junto e tentando fazer o relatório da metafeijoada.
Poesia imitando doutor Freud enxerido e invasivo que imitava os poetas querendo abrir a tampa do juízo das pessoas, como numa panela, e mergulhar na feijoada inconsciente. Mas como não podia, inventou o divã e aquela conversa mole, puxando conversa a fim de enganar as pessoas e elas mesmas se abrirem porquerendo ou no descuido.
E por aí se vai se vem pode-se vir não vir se ver rever não ver desver viver reviver desviver no acontesSer cimento ligando tijolo com tijolo ou ressecando sem.
A vida é uma salada de planta e de pano e uma salada de fruta de poesia.
[Ilustração: Joan Miro]
*Jornalista, poeta
Nem todos os caminhos levam aonde se quer https://bit.ly/3Ye45TD
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