A inteligência artificial vai trazer progresso ao futebol?
Gerson, com sua exuberante inteligência natural, parecia ligado a um potente computador
Tostão/Folha de S. Paulo
Como sou um ignorante tecnológico, achava que a tal da inteligência artificial era uma ficção literária. Os entendidos dizem que já é uma realidade, que vai provocar uma nova revolução no conhecimento e no trabalho de todas as profissões.
Será que a inteligência artificial vai trazer progresso ao futebol? Será que o jogo vai ser diferente? Penso que a inteligência artificial não demitiria o técnico Pepa, do Cruzeiro.
Os gramados brasileiros pedem socorro. A solução seria colocar gramas artificiais em todos os estádios, já que muitos são usados também para shows e outros eventos? Ou é melhor trazer os jardineiros ingleses? Mesmo com tanta chuva e períodos com neve, todos os gramados da Inglaterra são perfeitos, o que melhora muito a qualidade das partidas.
Por mais que avancem a ciência esportiva, as estratégias de jogo, o planejamento, o preparo físico e mental e a intensidade das equipes, os grandes e decisivos lances de um jogo ocorrem em uma fração de segundos, sem programação, decorrente das escolhas e condutas de um dois ou três jogadores próximos.
No primeiro gol do Atlético-MG contra o Santos, na inauguração do belíssimo estádio do Galo, Pedrinho percebeu, em um piscar de olhos, a movimentação de Hulk, deu o passe para ele, que, de calcanhar, passou para Paulinho finalizar com precisão. A conexão dos três ocorreu pelo olhar e movimentos dos corpos. É a comunicação analógica, natural, biológica e inconsciente.
Será que a inteligência artificial já entrou em campo para melhorar a técnica de Raphael Veiga na cobrança de faltas? Contra o Vasco, no lugar de jogar a bola por cima da barreira, como era esperado, ele colocou com precisão a bola no outro canto, com um chute forte e de curva.
Naquela partida, a inteligência artificial poderia ajudar o árbitro de campo e o do VAR, que anulou erroneamente um gol do Vasco após um chute de fora da área de Paulinho. Como explicou o comentarista de arbitragem Paulo Cesar Oliveira, do SportTV, a finalização ocorreu em um tempo muito distante do impedimento marcado. Foi outra jogada.
Será que a inteligência artificial poderia aprimorar ainda mais a inteligência natural de Suárez, com seus toques precisos de primeira na bola, que iluminam todo o espaço para os companheiros do Grêmio? Suárez é tão bom que no Barcelona, junto com Messi e Neymar, facilitou para que todos os três brilhassem. Muitos vão dizer que jogar ao lado de craques é mais fácil. É o contrário. Muitos excelentes centroavantes, artilheiros, destaques em seus clubes se perdiam quando jogavam ao lado de Pelé na seleção.
Na primeira vez que atuei ao lado de Pelé e Gerson, nós três juntos, foi em um amistoso. No intervalo, Gerson sentou ao meu lado e perguntou: "Dá para jogar em dois toques no lugar de um? Assim haverá tempo de eu, vindo de traz, me aproximar de você e de Pelé.". Fiz o que pediu, o que foi bom para nós três. Gerson, com sua exuberante inteligência natural, observava os detalhes do jogo como se estivesse ligado a um potente computador, uma inteligência artificial.
Qual é o futuro do ser humano? Como será o mundo com a inteligência artificial? O problema não é ser dependente da máquina, pois isso já é evidente, sem volta, um fato que trouxe benefícios e malefícios. O maior problema é incorporar a máquina, ser como ela, como acontece quando alguém cria um personagem e os dois passam a ser a mesma pessoa. Será que o ser humano continuará sonhando?
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