A política no posto de
comando*
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Governar
um país da dimensão e da complexidade do Brasil é missão hercúlea,
infinitamente complexa, diuturnamente desafiante sob todos os aspectos.
Lula
governa pela terceira vez, agora em circunstâncias muito mais difíceis
do que antes.
A
ordem mundial em transição para a multipolaridade é marcada por solavancos de
toda natureza, alguns que incidem negativamente sobre o nosso país, outros
abrem janelas de oportunidades. Todos igualmente desafiantes.
O
país carece de recuperação em razão dos muitos atrasos contabilizados desde o
segundo governo Dilma, marcado pela crise política e pelo descenso da economia,
e sobretudo pelo desastroso período Temer-Bolsonaro.
Isto
sob condições políticas em muitos aspectos adversas, a partir mesmo da real
correlação de forças no Senado e na Câmara dos Deputados; uma classe dominante
submissa, econômica e financeiramente imbricada com o capital financeiro
internacional; e um poderoso complexo midiático unanimemente de oposição.
Demais,
a base social com a qual o governo é prioritariamente comprometido — os
trabalhadores e segmentos médios da população — vive transformações objetivas,
tanto no modo como se organiza para produzir bens e serviços, como para se
sustentar através do trabalho informal.
Uma
maioria carente e ao mesmo tempo suscetível à avalanche midiática (convencional
e digital) alimentada diuturnamente pelo conservadorismo e pela extrema
direita.
Nestas
circunstâncias, o debate acerca do nível das entregas ostentadas pelo
governo e de uma pretendida melhora na comunicação é insuficiente.
A
última aparição do presidente da República em horário nobre e em cadeia nacional
de TV e rádio, amplificada nos meios digitais — para abordar dois programas de
atenção às necessidades básicas da população, o Pé de Meia e o Farmácia Popular
— pautou-se pelo que historicamente se tem denominado "economicismo".
O
povo precisa muito mais, carece de esclarecimento sobre o que ocorre no país e
os enormes obstáculos que o governo enfrenta.
O
discurso que não correlaciona fatos e problemas imediatos com a disputa
política que se trava em plano nacional não emociona, não esclarece e não mobiliza.
Ministros
que apenas prestam conta das realizações de suas pastas sem conexão com a luta
política em curso no mundo e no país tão somente repetem a falha do
presidente.
O
governo Lula 3 precisa urgentemente colocar a política no posto de comando.
*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho www.vermelho.org.br
Leia: Qual reforma ministerial? https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/02/minha-opiniao_24.html
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