Nua
Manuel Bandeira
Quando
estás vestida,
Ninguém
imagina
Os mundos
que escondes
Sob as
tuas roupas.
(Assim,
quando é dia,
Não temos
noção
Dos
astros que luzem
No
profundo céu.
Mas a
noite é nua,
E, nua na
noite,
Palpitam
teus mundos
E os
mundos da noite.
Brilham
teus joelhos,
Brilha o
teu umbigo,
Brilha
toda a tua
Lira
abdominal.
Teus
exíguos
— Como na
rijeza
Do tronco
robusto
Dois
frutos pequenos —
Brilham.)
Ah, teus seios!
Teus
duros mamilos!
Teu
dorso! Teus flancos!
Ah, tuas
espáduas!
Se nua,
teus olhos
Ficam nus
também:
Teu
olhar, mais longe,
Mais
lento, mais líquido.
Então,
dentro deles,
Bóio,
nado, salto
Baixo num
mergulho
Perpendicular.
Baixo até
o mais fundo
De teu
ser, lá onde
Me sorri
tu’alma
Nua, nua,
nua...
[Isabel Vázquez García]
Leia também: 'A menina',
poema de Cida Pedrosa https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/02/palavra-de-poeta-cida-pedrosa_24.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário