18 junho 2025

16º Congresso do PCdoB

Precisamos lutar pelo protagonismo da esquerda e mobilizar o povo, diz Luciana Santos
Para presidenta do PCdoB, bandeiras são centrais para que o Brasil derrote a extrema direita e avance para um novo projeto de desenvolvimento com soberania e justiça social
Priscila Lobregatte/Vermelho
 

O PCdoB lançou oficialmente nesta terça-feira (17), em live com mais de mil de militantes, o processo de mobilização para seu 16º Congresso, cuja plenária nacional acontece de 16 a 19 de outubro, em Brasília. Até lá, uma série de atividades discutirá, desde a base até o Comitê Central, os rumos e as lutas centrais do partido nos próximos quatro anos.

Com um formato leve e descontraído, a live de lançamento contou com a presença de dirigentes nacionais — entre eles, a presidenta do partido e ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos —, além da participação militante na sala virtual. O evento também foi transmitido pelo canal oficial do partido no YouTube.

Durante a live, foi anunciado que pela primeira vez, o próximo Comitê Central, a ser eleito durante o processo congressual, terá paridade de gênero, com metade de mulheres e metade de homens.

Também foi ressaltada a importância de as instâncias partidárias, em todo o Brasil, aproveitarem os debates congressuais para estimular a votação do Plebiscito Popular, iniciativa voltada à mobilização pela redução da jornada de trabalho sem redução salarial e fim da escala 6×1 e pela taxação dos ricos para isentar do Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil.

Por uma nova vitória da nação 

Ao falar sobre o contexto nacional, a presidenta do PCdoB, Luciana Santos, salientou: “Os desafios políticos no Brasil são imensos porque embora a gente tenha ganhado as eleições de 2022, continuamos com o país polarizado, a institucionalidade fragilizada e, portanto, com muitos obstáculos a serem superados para que a gente possa consolidar a democracia e a soberania nacional”.

Por isso, acrescentou, “penso que a principal síntese do nosso Projeto de Resolução, no plano da política, é conquistar uma nova vitória da nação e da classe trabalhadora em 2026 e realizar mudanças estruturais para impulsionar o desenvolvimento soberano”.

Ela ressaltou que a vitória no ano que vem só será possível “com uma unidade ampla, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é essencial para derrotar a extrema direita no Brasil” e defendeu “a necessidade de o país avançar na construção de um projeto nacional e no isolamento da extrema direita. “Precisamos lutar pelo protagonismo da esquerda, impulsionar a unidade e a mobilização do nosso povo”, enfatizou.

Luciana argumentou, ainda, que a frente ampla conquistada em 2022 “teve caráter democrático, de retomada das políticas públicas, mas não era uma frente ampla do ponto de vista da agenda econômica — e temos de superar isso. Precisamos ter mais forças políticas que enfrentem a centralidade do que é necessário hoje para retomar o crescimento, que é lutar contra a política de juros praticada pelo Banco Central e contra aspectos da política macroeconômica que hoje são impeditivos do crescimento nacional”. 

A dirigente enfatizou que “esse é o nosso papel de vanguarda: apontar o que precisa ser superado para podermos garantir mais bem-estar social para o povo”.

A comunista destacou, ainda, que o Brasil de Lula teve conquistas incontestes que precisam ser ressaltadas, entre as quais estão o crescimento econômico maior do que o mercado financeiro anunciava; geração de emprego; aumento da renda; lei do salário igual entre homens e mulheres; programas sociais como o Desenrola e o Pé-de-Meia; a retomada de outros como o Minha Casa, Minha Vida e do Bolsa Família sobre novas bases e o processo de reindustrialização.

Na avaliação de Luciana, a Nova Indústria Brasil (NIB), o PAC e a sinergia com os chineses “são as três grandes ações estruturantes que vão ao encontro de um novo projeto nacional de desenvolvimento”. Neste sentido, destacou o papel do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. “É claro que esse desenvolvimento só terá consistência se ele se der sobre novas bases tecnológicas e esse é o conceito que move a agenda da reindustrialização. Estamos investindo seis vezes mais em CT&I em dois anos e meio do que nos dois governos anteriores”.

Crise do capitalismo

Davidson Magalhães, dirigente do PCdoB da Bahia, fez um apanhado geral do projeto de resolução que pauta os debates do Congresso, focando, essencialmente, o cenário internacional.

“O 16º Congresso do PCdoB acontece num cenário marcado por uma grave crise do capitalismo, especialmente pela perda de dinamismo das economias dos EUA, Japão e União Europeia. Esta crise tem como principais consequências as baixas taxas de crescimento econômico, a ampliação da desigualdade de renda com alto grau de pobreza e miséria e, ao mesmo tempo, o surgimento de trilionários”, afirmou. 

Do ponto de vista do trabalho, acrescentou, “temos o aumento do desemprego e da precarização, de um lado, e a ampliação da riqueza financeira e do rentismo do outro. A esse quadro, soma-se o agravamento da crise ambiental”.

Em contraste com esse cenário de crise e decadência do capitalismo, pontuou, “vemos o dinamismo da economia asiática, notadamente a China, Vietnã e Índia. Portanto, vivemos o fim de uma ordem global em que os EUA passam por um período de declínio da sua hegemonia e transitamos para uma nova ordem com novos centros de poder, especialmente China e Rússia”.

Além dessas mudanças geopolíticas, Magalhães salientou que o capitalismo passa por mudanças estruturais significativas. “Os avanços da quarta revolução industrial, a inteligência artificial, a robótica, a internet das coisas, entre outros aspectos, criaram uma era digital, com processos disruptivos que impulsionaram a reorganização da produção e a circulação das mercadorias e das relações de trabalho em torno da economia de dados”. 

Ele pontuou que todos esses avanços tecnológicos, sob o controle do capital monopolista, ampliam a exploração e precarizam a vida do trabalhador. Ao mesmo tempo, as chamadas big techs “concentram grande poder econômico e capacidade de manipulação ideológica, através do controle dos algoritmos, proliferando conteúdos misóginos e racistas e fomentando a fragmentação e os valores da extrema direita”.

A live teve ainda a participação da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e contou com os comentários dos secretários de Organização, Nádia Campeão, e Sindical, Nivaldo Santana, além de Pedro Campos e Renata Rosa, dirigentes do PCdoB de São Paulo, como apresentadores.

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Por que só vencer eleições não basta para mudar o Brasil https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/06/walter-sorrentino-opina_17.html 

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