Momento da dobradinha entre ambientalismo e desenvolvimentismo
Enio Lins www.eniolins.com.br
Uma das escolhas mais emblemáticas feitas por Lula para o ministério em
sua terceira presidência, é Marina Silva, retornada para a pasta do Meio
Ambiente depois de 15 anos de uma ruptura que abalou as forças progressistas.
Em 2008, ao se afastar do Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva cravou uma
divergência que segue viva, relativa ao conflito entre desenvolvimento e
preservação ambiental, questão candente em todo mundo.
Essa contradição é, logicamente, mais estressada ainda nos países em
desenvolvimento. No Brasil, aquelas divergências existentes em 2008 seguem
ativas e potencializadas pelo desastre bolsonarista no setor ambiental.
Retomar essa pauta com Marina Silva, a mais atuante e reconhecida
personalidade política-ambientalista brasileira é mais um gol de Lula, e da
própria Marina, na superação dos desentendimentos do passado recente.
Reunidos em torno da governabilidade democrática, Lula e Marina não
voltam àquele ponto de ruptura, e sim dão início a uma nova etapa do
enfrentamento governamental das questões da sustentabilidade em um cenário
distinto.
Em 15 anos o Brasil sofreu mudanças intensas no quesito ecossistêmico e os
recentes quatro anos de desastrosa anarquia antiecológica bolsonarista impõem
uma agenda diferenciada, com medidas emergenciais e mudanças conceituais.
Passou o tempo de passar a boiada pela porteira escancarada, essa é a mensagem.
Retirar os contrabandos quadrúpedes da era bolsonarista da legislação e dos
órgãos ambientais é tarefa urgente urgentíssima, prioridade nacional.
Ficou fácil e simples equilibrar as agendas socioeconômicas e ecológicas? Não.
Continua coisa difícil e complexa. Mas, 15 anos depois, o amadurecimento
político trabalha a favor, assim como a visão de que o inimigo maior ronda a
porteira.
Trabalha a favor dessa certeza, confirmada pela prática do quadriênio
bolsonaroso, de que os setores sãos precisam se unir para o enfrentamento às
moléstias do banditismo antiecológico e das milícias que rondam as porteiras.
Enfim, após quatro anos como pária (também) no quesito ambiental, o Brasil
volta ao mundo civilizado. Nem a Faria Lima pode ignorar isso. Nada é tão ruim
para os negócios com o primeiro mundo como uma agenda antiecológica.
De novo no mesmo time governamental, Lula e Marina têm tudo
para o refazimento de uma dobradinha de craques nesse jogo contemporâneo tão
delicado quando vital: a busca do desenvolvimento com respeito ao meio ambiente.
A realidade é furta-cor https://bit.ly/3Ye45TD
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