“A Era da
Indisciplina”
Luciano Siqueira
No transcurso do
século XX, alguns autores pretenderam analisar a peculiaridade dos últimos 100
anos e cunharam “A era das revoluções” (Eric Hobsbawm), “A era da incerteza”
(John Kenneth Galbraith) e que tais.
Pois eu me antecipo e
batizo este atribulado século XXI como “A era da indisciplina”.
Indisciplina nos
grupos do WhatsApp, esclareço.
Quando surgiu esse
aplicativo, cá nas rodas da militância política fomos tomados de uma certa
euforia: manteríamos nossos contatos ativos, em reunião inclusive, tão somente
teclando no smartphone. À distância.
Um dirigente do PCdoB
chegou a dizer que se Lênin tivesse conhecido o WhatsApp teria feito muito mais
do que fez. Inclusive inspirando o bom funcionamento de organizações de base
aos milhares.
Ledo engano.
Nos muitos grupos de
WhatsApp dos quais sou instado a participar, alguns de modo irrecusável, não
conheço um sequer em que role uma conversa minimamente disciplinada.
Se começa uma
discussão preparatória de uma reunião e se faz um apelo atencioso para que,
pelo menos momentaneamente, as postagens se limitem ao tema em debate, acontece
o contrário.
Vira uma espécie de
quadro de avisos virtual, em que cada um fixa o que bem entende.
Não há gênio que
consiga se concentrar no tema supostamente em discussão.
Já me disseram que em
grandes empresas grupos de WhatsApp são constituídos sob regras rígidas. Se
alguém posta algo que não está em pauta corre o risco de perder o emprego.
Acredito, pois a
ânsia do lucro máximo confere um valor superior ao tempo de trabalho e à
energia de cada um.
Mas diante da
indisciplina política generalizada, abro mão da persistência que me anima há
mais de sete décadas.
Nesse caso, desisto.
Opto pela lista de
transmissão, pois aqui a conversa, se fluir, é cara a cara; sem o risco de
misturar caldo de feijão com doce de goiaba.
É o modo de sobreviver
nessa lamentável Era da indisciplina... no WhatsApp.
Verso e reverso do que acontece
https://bit.ly/3Ye45TD
Um comentário:
Caro camarafa Luciano, você soube expressar de forma clara a ansiedade que nos toma na atualidade , quando nos enfrentamos com as formas de comunicação não apenas via zap mas também em lives. Criemos outras formas.
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