Futebol na dura vida
real
Luciano Siqueira
Passado o glamour da
Copa do Mundo, onde desfilaram dezenas de craques multimilionários, a realidade
do futebol da maioria, no Brasil, recomeça neste fim de semana.
Em muitas cidades do
país, se iniciam os campeonatos estaduais — que aqui e acolá, de vez em quando,
surgem vozes contestando a sua continuidade.
Dizem que esses
torneios são deficitários ou que não interessam às redes de TV, que transmitem apenas
as principais competições.
Mas o fato é que, nos
mais longínquos rincões do país, agremiações interioranas inscritas nos
campeonatos estaduais ainda atraem a emoção e o interesse de grandes
contingentes de torcedores.
Uma espécie de
testemunha do que alguns chamam de futebol genuíno. Ou seja, o futebol
praticado na raça, em campos precários, mas motivado pela tradição e pelo
bairrismo.
Não têm sido poucos
os atletas de destaque no futebol nacional originários desses ambientes. Agora
recrutados pelos grandes clubes já na adolescência.
E os artistas da
bola, assim chamados por narradores empenhados em gerar emoção através das
ondas do rádio, não são poucos.
Levantamento recente
da CBF revela que no Brasil há 18 mil atletas do sexo masculino profissionais
de futebol, sendo que a esmagadora maioria recebe menos do que o correspondente
a dois salários mínimos.
Situação semelhante
vivem as 622 mulheres cadastradas como atletas profissionais.
São homens e mulheres
movidos pelo sonho de se tornarem estrelas e, quem sabe, alcançarem a
remuneração dos grandes craques.
Muitos tentam a sorte
em agremiações de terceira ou quarta divisão na Europa, levados por empresários
inescrupulosos. A maioria fracassa e grande parte, sem condições de retornar ao
Brasil, se convertem em verdadeiros párias na Itália, Espanha, Inglaterra,
Bélgica e até Portugal.
Esse é o futebol
real, que contrasta com todo o mundo fantasioso ostentado nas telas de TV.
Entre o sonho e a
realidade persiste, também no futebol, a dolorosa desigualdade social.
O instigante mundo atual https://bit.ly/3Ye45TD
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