03 março 2023

Enio Lins opina

Melhor jair tirando as laranjas podres do meio das frutas sãs

Enio Lins www.eniolins.com.br


Fernando Collor, segundo presidente do período pós-ditadura militar, extinguiu o famigerado SNI (Serviço Nacional de Informações) no primeiro dia de seu mandato, 15 de março de 1990.

Evidentemente que todo país necessita de organismos de inteligência (vocábulo bonito para a velha e má espionagem), mas o problema em países mais vulneráveis ao autoritarismo é que essas agências se contaminam fácil.

Na redemocratização, o caso do SNI era mais grave, pois havia sido gerado no intestino grosso do regime militar, e veio das trevas menos de três meses depois do golpe de 1º de abril de 1964, substituindo órgãos parecidos, porém mais acanhados.

Coroava o finado SNI uma teia de serviços de espionagem, onde se entrecruzavam órgãos próprios em cada arma (CENIMAR, na Marinha; CIEX, no Exército; CISA, na Aeronáutica) e até as universidades tinham sua Gestapo: as AESI.

Sem ilusões, é importante entender que esses instrumentos, quando contaminados, não desaparecem no ar, e mais cedo ou mais tarde, a ferida eclode. Mas é fundamental que sejam desarticuladas quando seus vícios forem além da conta, para o bem da saúde institucional.

Mesmo momentânea, a desarticulação é importante, por oxigenar a Democracia com a desarrumação de estruturas corrompidas pelos hábitos de gestores cujas personalidades sejam incompatíveis com as normas mínimas de civilidade.

É o caso do GSI e da ABIN herdadas de Jair Messias, General Helenão e outros animais pouco racionais: estão contaminadas gravemente; precisam de uma profilaxia ampla, geral e irrestrita, mais parecida com a de 1990 – sim, aquela vassourada do Collor.

Foi noticiado que a ABIN passaria do GSI para o Gabinete Civil. Sei não... transferir o lixo de um balde para outro no mesmo espaço, quando o recipiente fede? Melhor seria descartar a lata com o conteúdo junto. Uma nova caixa pode se encher novamente, mas ganha-se um tempo. Sinceramente, fica a impressão que o GSI deveria sumir do mapa de vez.

Cria-se algo no lugar, pois a é grande a grita por organismos do tipo, mas tira a turma viciada do posto numa canetada só. E no caso de ser imperiosa um novo órgão com atribuições semelhantes, nomeia-se gente nova para os novos lugares, dando oportunidade a outras pessoas desse ramo. Rearruma-se a casa também nessa área.

Grande é a dificuldade do governo Lula & Alckmin para rearrumar a casa depois da República ser estropiada por Jair e seu gado. O subvertido em quatro anos de vagabundagem exigirá muito mais tempo de reconstrução do que supõe a vã filosofia das soluções rápidas, daí o cuidado em ceifar logo as ervas daninhas.

Enfim, essa é uma preocupação e uma reflexão que não afetam o ânimo nem a aposta em que o Brasil sairá da fossa em que foi jogado pelo bolsonazismo. Nessa área da chamada "comunidade de informações", é fazer como diz a filosofia popular sobre o pescador: um olho no peixe, um olho no gato.

A indiferença nas relações interplanetárias bit.ly/3mfkAAo

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