Palavra de poeta: Marcelo Mario de Melo
A PRESENÇA
Marcelo Mário de Melo*
Toda fagulha da vida
pode ser poetizada
também a brasa apagada
assim como as cinzas frias
tristezas e alegrias
os vários tons da palheta.
De microscópio ou luneta
filtra o olho da poesia
na noite no claro dia
em festança ou invernada
submersa ou alada
no fugaz na epopéia
marcada por uma idéia
escalavrando visagem.
Em vendaval ou aragem
em voo rasante ou planando
a poesia transitando
em todas geografias
inventa geometrias
e marca sua presença.
Desafia toda crença
e qualquer proibição
guia do poeta a mão
traduz produz reinventa
açúcar sal e pimenta
no tempero adequado
não deixa nada de lado
olha de frente e por trás
nunca acaba seu gás
acende e ilumina.
Costura com agulha fina
quebra pedra na marreta
escreve na caderneta
transcreve em gotas de sangue
no oceano ou no mangue
andeja absoluta
na passarela ou na gruta
sempre estende seu fio
fogo rastilho pavio.
Toda fagulha da vida
pensada ou acontecida
que seja insinuada
pode ser poetizada.
[Ilustração: Max Klinger]
*Jornalista, poetaA vida
é uma interminável obra de arte https://bit.ly/3Ye45TD
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