16 agosto 2023

Enio Lins opina

Despedidas e permanências: o sentido da vida

Enio Lins*



Aprender com as vidas idas é essencial para quem, por enquanto, vai ficando. Essa é uma máxima desde há tempos imemoriais, mas sempre é necessário lembrar para que a cisma de “falar de gente morta” não imponha a lei do silêncio.

Pessoas muito queridas, várias, alertam: “cuidado pra coluna não virar um obituário”, “morte é tema triste”. É atenção e carinho. Buscam afugentar a tristeza que emana das linhas que lembrem a ausência de gente amada.

Triste verdade. Mas como aprender, como valorizar, como respeitar o trabalho dessa gente maravilhosa que já se foi, se não escrevermos sobre? A obra não pode ser sepultada junto com o autor, a autora.

Me perdoe a tristeza, mas é indispensável que se escreva mais sobre Zé Lessa, Beto Normande, Zelito Lages, Plínio Lins – só para citar quatro personalidades individuais que contribuíram de forma expressiva para o patrimônio coletivo.

Algo foi registrado, aqui e ali, com boas informações sobre essas quatro pessoas. É verdade. Mas foi escrito menos que o mínimo necessário. O bom seria um livro para cada um, sem a pressa de ser finalizado até o sétimo dia.

Enquanto as biografias não se arrumam como edições consubstanciadas, jornais, sites, blogs e outros formatos comunicadores devem cumprir seu papel e publicar trechos de memórias, parágrafos de lembranças, imagens.

Num segundo momento, esses fragmentos de recordação serão ainda mais valiosos para o trabalho de alinhavar, de costurar retalhos de vidas idas numa obra mais arrumada e densa, como ensaio, livro, podcast ou filme.

Como ficará assinalado o bem que Zelito Lages fez na salvaguarda do patrimônio da Fundação Pierre Chalita? E as obras do Beto como artista plástico e como arquiteto? E o acervo forrozeiro do Zé Lessa? E tudo que Plínio fez na imprensa alagoana?

Apresentando essas justificativas, este pedaço de página informa que, sem data precisa, publicará sobre a vida e a obra de pessoas que, ao encerrarem suas jornadas, tenham deixado legados merecedores de destaque.

Não é celebração da morte. É a continuação da vida nas contribuições, exemplos, ensinamentos das vidas que se foram, e que merecem ficar como patrimônio da memória de uma comunidade, de uma cidade, de um estado, de uma Nação.

*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador

Um convite à essência da vida https://bit.ly/3Ye45TD

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