Desventuras de uma família que é uma quadrilha
Enio Lins*
Enfim, a polícia pisou na soleira da familícia do Jair. Provavelmente avisados do bote, Jair e seus filhotes correram a mais de mil, supostamente num barco, da mansão que ocupavam na paradisíaca Angra dos Reis: “Fumos pescar, para num pescarem nóis” – poderiam ter escrito, no bizarro português que caracteriza o clã.
Naquela dacha, Jair (o Zero-Zero) e seus zeros à esquerda gravaram uma patética live dominical anunciando “cursos” que teriam como professores dois dos zeros filharais, além de outras estupidezes do tipo. No domingo mugiram alto, mas na segunda tugiram baixinho e fugiram da abordagem da Polícia Federal.
NENHUMA SURPRESA
Independente de algum aviso que levou pai e filhos içarem velas às cinco da matina, era óbvio que, um dia, a polícia bateria às portas de Jair & crias – algo previsível e inevitável pela impressionante coleção de malfeitos dessa casta com DNA miliciano. No caso da busca em vigor, é muito difícil terem sobrevivido provas, reconheça-se.
Mais motivos existem para que as polícias voltem aos endereços dos quatro zeros à esquerda, pois pululam evidências de falcatruas mil desses infames infantes. Isso sem falar no famigerado Zero-Zero, que está à espera de uma condenação digna desde que a justiça militar declinou de puni-lo de acordo com a Lei, em 1987.
MITO DA IMPUNIDADE
Alimentados pelas mamadeiras da impunidade, Zero-Zero, Zero-Um, Zero-Dois, Zero-Três e Zero-Quatro creem-se inatingíveis, acima das leis e da ordem, sendo possível supor até que essa visão distorcida tenha levado a alguns indivíduos dessa malta ter deixado escapar alguma prova à destruição – improvável, não impossível.
Conhecedor dos próprios delitos, Jair Falso Messias foi verdadeiro ao tentar tomar de assalto o comando da Polícia Federal conforme gravado na reunião ministerial de 22 de abril de 2020. Temia a prisão sua e de seus filhos e desconfiava do uso que Moro poderia fazer das informações de uma PF que não poderia chamar sua.
CONIVÊNCIA CRIMINOSA
Tal busca e apreensão mirava equipamentos do Zero-Dois, vulgo Carlucho, vereador carioca e tido e havido como o gestor do “gabinete do ódio”, articulador de marketing do “mito” e “experto” em arapongagem – suposto arauto da “Abin paralela” ... e único inimigo assumido da saudosa vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.
Não só o aparente aviso dessa operação, o que possibilitou a fuga (momentânea) das galinhas, mas uma série de interferências – mágicas, digamos assim – tem marcado as ações contra o clã dos zeros com uma eficiência zero: provas anuladas, processos arquivados, investigações intermináveis ou inconclusas... Será que esta vai adiante?
*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador
Nenhum comentário:
Postar um comentário