01 fevereiro 2024

Minha opinião

Sonhando o sonho possível*
Luciano Siqueira


No ambiente saudável e instigante da Escola Nacional João Amazonas, do PCdoB, um breve debate acerca do tema "partido".

Fundamentos teóricos e referências políticas historicamente situadas, a turma obteve previamente através de sete aulas em vídeo alojadas no portal da Fundação Maurício Grabois.

Agora, um breve exercício teórico-prático, se é possível dizer assim, com um olhar sobre os desafios de construir um partido político comunista sob as complexas condições do mundo atual e do Brasil.

Nada simples.

Mudam as condições de existência dos trabalhadores, tornam-se a cada dia mais complexos os mecanismos pelos quais se formam a consciência política das maiorias.

Seja pelo rol de transformações no mundo da produção e da distribuição da riqueza produzida, seja pelo fetiche da comunicação instantânea, breve, superficial e frequentemente distorcida dos ambientes digitais.

Tudo no contexto do sistema capitalista imperante, que acumula contradições tão complexas quanto insuperáveis, e por isso mesmo já não tem o que oferecer às maiorias e recorre, mundo afora, ao autoritarismo nas suas mais diversas formas porque não suporta o confronto de alternativas.

Segue a onda de extrema direita e conservadorismo que marca o tempo presente, inclusive em nosso país.

Porém o exercício da combinação entre teoria e prática, promovido pela escola do PCdoB, produz a convicção de que o sonho que sonhamos é um sonho possível.

E, portanto, vale construir o partido cuja razão de ser está justamente na luta pela realização desse sonho nada simples nem factível em horizonte de curto prazo.

Mas uma empreitada historicamente viável mediante construção cotidiana, pelas mãos generosas e crescentemente convictas de centenas de milhares — e em breve, milhões — de brasileiros e brasileiras que sobrevivem da labuta cotidiana e dessa extraordinária parcela jovem da população, por natureza irredenta.

A chave está no programa partidário — que o PCdoB denomina Programa Socialista para o Brasil —, onde o horizonte estratégico se reafirma assentado na prolongada conjuntura de resistência ora vigente, no propósito de um novo projeto nacional de desenvolvimento a ser gerado através de reformas estruturais alcançáveis pela luta renhida de milhões.

Percorrido esse complexo, atribulado e conflituoso caminho, o povo brasileiro alcançará a elevação substancial do seu padrão de vida material e espiritual, permitindo-se a partir daí vislumbrar a alternativa socialista.

Quando?

Aí reside o fascinante paradoxo da luta transformadora. Possível, sim; mas imprevisível quanto ao desenlace a se construir mediante peleja cotidiana em múltiplas e articuladas trincheiras.

Uma chama que queima mais forte no peito do velho militante toda vez em que se vê acolhido por contingentes das novas gerações e experimenta tão fascinante convergência.


*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho.

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