O “detalhe” até as convenções de julho*
Luciano
Siqueira
Daqui até
as convenções partidárias, que acontecerão em julho e definirão as chapas às
Prefeituras e Câmaras Municipais, ainda há muita água a correr pelos escaninhos
das conversações entre os partidos.
Parece
óbvio. E é.
Há muita
gente, entretanto, desejando que o carro seja posto à frente dos bois.
Por puro
açodamento.
A
paciência até esgotar todas as possibilidades de entendimento (Tancredo Neves
recomendava "ficar rouco de tanto ouvir, se possível") é essencial.
Inclusive para candidaturas antecipadamente bem situadas e com chances reais de
vencer.
Quanto
mais forte a candidatura, mais ampla há de ficar agregando todos os apoios
possíveis.
A história das últimas décadas nas eleições locais em cidades médias e
grandes do país registra ocorridos em que o cenário pré-eleitoral dava ampla
vantagem a determinada candidatura que, por erros aparentemente secundários,
terminou por naufragar.
Vale
para antes e durante a campanha eleitoral.
Ainda
noviço na chamada "grande política", deputado estadual pela primeira
vez e interlocutor frequente do ex-governador Miguel Arraes, pude ajudar a
atrair para a sua pré-candidatura (afinal vitoriosa) em 1986, líderes de certa
influência no interior do estado, com os quais convivia na Assembleia
Legislativa.
Ao levar
a boa nova a Arraes, sugerindo um encontro imediato dele com o deputado fulano
ou ciclano, ele sugeria paciência e cuidado para identificarmos o melhor
momento do entendimento se concretizar.
E
me contava histórias de eleições passadas em que um passo mal dado havia
contribuído para o enfraquecimento de pré-candidaturas fortes.
Hoje,
envolvido em outras tarefas e meio que equidistante dos movimentos destinados a
consolidar alianças cá em cidades importantes de Pernambuco (acompanho apenas
internamente nos fóruns do PCdoB), desde a semana passada tenho sido abordado
insistentemente por gente interessada na completa definição das alianças
políticas desde já.
Inclusive
por jornalistas — alguns veteranos, mas convertidos momentaneamente em
aprendizes, tão envoltos que se encontram numa ansiedade desnecessária.
Chamo
aqui de "detalhe" o que Engels, no ambiente político do século XIX,
identificou como "fato fortuito".
Ou
seja, por enquanto, ao lado do trabalho intenso para consolidar projetos
eleitorais consistentes, vale ainda ter muita calma numa hora dessas...
*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho
Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2021/12/miguel-arraes-vive.html
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