06 junho 2024

Minha opinião

O “detalhe” até as convenções de julho*

Luciano Siqueira

 

Daqui até as convenções partidárias, que acontecerão em julho e definirão as chapas às Prefeituras e Câmaras Municipais, ainda há muita água a correr pelos escaninhos das conversações entre os partidos.

Parece óbvio. E é. 

Há muita gente, entretanto, desejando que o carro seja posto à frente dos bois.

Por puro açodamento. 

A paciência até esgotar todas as possibilidades de entendimento (Tancredo Neves recomendava "ficar rouco de tanto ouvir, se possível") é essencial. Inclusive para candidaturas antecipadamente bem situadas e com chances reais de vencer.

Quanto mais forte a candidatura, mais ampla há de ficar agregando todos os apoios possíveis. 


A história das últimas décadas nas eleições locais em cidades médias e grandes do país registra ocorridos em que o cenário pré-eleitoral dava ampla vantagem a determinada candidatura que, por erros aparentemente secundários, terminou por naufragar. 

Vale para antes e durante a campanha eleitoral. 

Ainda noviço na chamada "grande política", deputado estadual pela primeira vez e interlocutor frequente do ex-governador Miguel Arraes, pude ajudar a atrair para a sua pré-candidatura (afinal vitoriosa) em 1986, líderes de certa influência no interior do estado, com os quais convivia na Assembleia Legislativa. 

Ao levar a boa nova a Arraes, sugerindo um encontro imediato dele com o deputado fulano ou ciclano, ele sugeria paciência e cuidado para identificarmos o melhor momento do entendimento se concretizar. 

E me contava histórias de eleições passadas em que um passo mal dado havia contribuído para o enfraquecimento de pré-candidaturas fortes. 

Hoje, envolvido em outras tarefas e meio que equidistante dos movimentos destinados a consolidar alianças cá em cidades importantes de Pernambuco (acompanho apenas internamente nos fóruns do PCdoB), desde a semana passada tenho sido abordado insistentemente por gente interessada na completa definição das alianças políticas desde já. 

Inclusive por jornalistas — alguns veteranos, mas convertidos momentaneamente em aprendizes, tão envoltos que se encontram numa ansiedade desnecessária. 

Chamo aqui de "detalhe" o que Engels, no ambiente político do século XIX, identificou como "fato fortuito". 

Ou seja, por enquanto, ao lado do trabalho intenso para consolidar projetos eleitorais consistentes, vale ainda ter muita calma numa hora dessas...

*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho

Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2021/12/miguel-arraes-vive.html

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