Dilema atroz
Luciano Siqueira
Parece uma espécie de crise de identidade fora de tempo e de lugar.
Na grande mídia corporativa pró-mercado financeiro, registram-se inquietações em relação às eleições no México, Índia e África do Sul por razões que, como diz a canção, a própria razão desconhece.
Tudo porque nesses países ainda se pratica a democracia liberal burguesa e se elegem governantes apoiados em expectativas de parte expressiva da população que rexiste aos mecanismos de exploração neoliberal.
O dilema é atroz porque esses mesmos arautos do mercado se inquietam diante de governos e governantes que restringem ao limite o processo democrático, pondo em risco o próprio papel do complexo midiático.
Mutatis mutandi, como se diz em linguagem jurídica, é como ocorre no Brasil: a grande mídia torceu contra Bolsonaro, que a tratava como inimiga gratuita, mas trava diariamente uma guerra insana na tentativa de impedir que Lula cumpra a agenda da reconstrução nacional.
Essa agenda, que inclui tanto a retomada de investimentos estatais de grande monta em infraestrutura e o incentivo às atividades industriais, como o fortalecimento de políticas sociais compensatórias, ao olhar do rentismo ameaça o sacrossanto equilíbrio fiscal.
No caso do México, diz-se que a presidente eleita Claudia Sheinbaum precisa (sic) se afastar do atual presidente de centro-esquerda, Andrés Manuel López Obrador, para que obtenha êxito.
É jogo duro.
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