06 junho 2024

Minha opinião/mídia inquieta

Dilema atroz

Luciano Siqueira 


Parece uma espécie de crise de identidade fora de tempo e de lugar. 

Na grande mídia corporativa pró-mercado financeiro, registram-se inquietações em relação às eleições no México, Índia e África do Sul por razões que, como diz a canção, a própria razão desconhece. 

Tudo porque nesses países ainda se pratica a democracia liberal burguesa e se elegem governantes apoiados em expectativas de parte expressiva da população que rexiste aos mecanismos de exploração neoliberal. 

O dilema é atroz porque esses mesmos arautos do mercado se inquietam diante de governos e governantes que restringem ao limite o processo democrático, pondo em risco o próprio papel do complexo midiático.

Mutatis mutandi, como se diz em linguagem jurídica, é como ocorre no Brasil: a grande mídia torceu contra Bolsonaro, que a tratava como inimiga gratuita, mas trava diariamente uma guerra insana na tentativa de impedir que Lula cumpra a agenda da reconstrução nacional. 

Essa agenda, que inclui tanto a retomada de investimentos estatais de grande monta em infraestrutura e o incentivo às atividades industriais, como o fortalecimento de políticas sociais compensatórias, ao olhar do rentismo ameaça o sacrossanto equilíbrio fiscal.

No caso do México, diz-se que a presidente eleita Claudia Sheinbaum precisa (sic) se afastar do atual presidente de centro-esquerda, Andrés Manuel López Obrador, para que obtenha êxito.

É jogo duro.

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