10 junho 2024

Minha opinião/nas ruas e nas redes

Duas trincheiras interligadas 

Luciano Siqueira 


 
Vira e mexe — como se dizia no século XX —, alguém reclama ou se coloca em posição de autocrítica acerca de suposta inferioridade da esquerda diante do poderio digital da extrema direita.
 
Isto porque as chamadas milícias digitais, movidas a muita grana, daqui e de fora, e contando com o apoio remunerado das big techs, desenvolve intensa disseminação de fake news ou nem tanto, residindo aí parte considerável do seu poder de fogo político e eleitoral. 
 
Um sistema de comunicação que veicula a chamada guerra cultural mediante a dialética do ódio. 
 
Em boa parte facilmente verticalizado através de estruturas policiais e de setores das Forças Armadas e igrejas evangélicas, predominantemente pentecostais. 
 
Admito a crítica a uma certa defasagem das correntes de esquerda em relação aos instrumentos digitais de trabalho político.
 
Porém há duas considerações a fazer. 
 
A primeira de respeito à tremenda desigualdade de recursos, tornando mais forte o prato da balança direitista, alimentado pela compra de informações privilegiadas monopolizadas pelo Facebook, por exemplo. 
 
A segunda ponderação é de que o confronto há de ser enfrentado não apenas na esfera digital, mas combinadamente com o trabalho político concreto, presencial, como se diz, na base da sociedade. 
 
A comunicação digital não dispensa nem anula a absoluta necessidade do contato entre as pessoas, do debate e da mobilização coletiva. 
 
No caso das forças de esquerda e do campo popular, são duas trincheiras articuladas. 
 
Se fosse possível mensurar precisamente, é bem provável que a deficiência momentânea maior, do lado de cá, esteja precisamente nesse trabalho político direto.
 
É preciso avançar nas duas trincheiras, combinadamente.

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