Infinitos
espaços num campo de futebol
Salve o eterno papa Francisco!
Tostão/Folha
de S. Paulo
Parabéns ao
mestre Juca Kfouri por mais um ótimo e contundente texto sobre a jogatina disseminada
na sociedade e no futebol, com a complacência de tantos, que
pode levar a trapaças, prejuízos importantes, além dos riscos do vício e suas
graves consequências.
Escrevi na
minha coluna anterior que no futebol moderno a marcação por
pressão no campo adversário é tão decisiva quanto a presença de
um excelente meia de ligação centralizado, o camisa 10. Forma e conteúdo
caminham juntos.
A marcação por
pressão é fisicamente desgastante. O Cruzeiro, que fez isso com enorme
intensidade e eficiência contra o Bahia, não conseguiu repeti-la contra o
Bragantino. Os jogadores brasileiros ainda não estão preparados física, mental
e coletivamente para atuar com regularidade dessa maneira.
A marcação por
pressão e a compactação são hoje essenciais no futebol. Estão associadas ao
espaço que uma equipe precisa e ao espaço que não se deve dar ao adversário. A
palavra espaço é bastante repetida desde a minha juventude. Analistas e
treinadores adoram dizer que um time ganhou ou perdeu porque teve muito ou
pouco espaço.
O espaço está
sempre presente, maior ou menor. Se um time avança a marcação no meio-campo e
os zagueiros continuam próximos à grande área, como é o habitual no futebol
brasileiro, vão sobrar muitos espaços entre os dois setores para o outro time
receber a bola e contra-atacar.
Na vitória do Corinthians contra
o Sport, Memphis recebeu inúmeras vezes a bola livre naquele espaço e, com seu
talento, construiu inúmeras jogadas de gol. O técnico português Pepa deveria
continuar os estudos. Além disso, colocar em prática a teoria não é fácil. A
melhor estratégia é a que possui mais jogadores de talento e que é bem
executada.
Se um time
marca mais atrás, com oito a nove jogadores próximos à área para diminuir os
espaços, o adversário terá mais condições para ter o domínio da bola no
meio-campo e pressionar, até arrumar um caminho para chegar ao gol.
O Palmeiras é dos poucos times
brasileiros compactos e que alterna, mesmo durante uma partida, o tipo de
marcação e a estratégia de jogo. Abel Ferreira mistura obsessão com
conhecimento tático. Porém, ainda não estou convencido de sua nova postura, de
deslocar o ponta Estêvão para o meio e o meia Felipe Anderson para a ponta.
O brilhante
Estêvão, que em julho irá para o Chelsea, da Inglaterra, era chamado de
Messinho quando atuava na categoria de base do Cruzeiro. A história conta que
Guardiola, quando era técnico do Barcelona, na véspera de um clássico contra o
Real Madrid, estudava o jogo e ligou para Messi, que se concentrava em casa, pedindo
que fosse imediatamente ao campo de treinamento do Barcelona.
Guardiola
disse ao craque que queria que ele, em vez de jogar da ponta-direita aberto
para o meio, atuasse mais pelo centro, mais perto do gol, para receber a bola
entre os volantes e os zagueiros. Messi brilhou intensamente no jogo e a partir
daí nascia o maior jogador da história depois de Pelé.
Sem querer
comparar os dois jogadores, será que Abel Ferreira pensou no Messi e no
Guardiola para deslocar Estêvão da ponta para o centro? Divagar é preciso.
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Leia: Nada é necessariamente definitivo https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/03/minha-opiniao.html
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