Canção do exilado
José Almino de
Alencar
Se eu voltar a
lamber as botas do passado,
Se eu voltar a
chorar a memória da memória:
que me seque a mão
direita!
Quando o teu calor
vier
pelo vento tardio,
deste verão tão puro
e corromper o meu
tato;
e o roçar da tua
nuca, me fizer tremer.
Se eu assobiar a
tua mínima canção,
se eu procurar a
tua boca
e o ruído das tuas
ruas estrangular o meu coração:
que me cole a
língua ao paladar!
Ó devastadora filha
de Babel,
feliz quem devolver
a ti
o mal que me
fizeste!
Não pedirei mais
perdão às virtudes
do passado.
Repetirei, em
desassombro
se eu lembrar de
ti, Jerusalém
com os que
diziam:
"Arrasai-a!
Arrasai-a até os
alicerces!"
Leia: Quem ressuscitou o
fascismo? https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/04/neofascismo.html
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