Coreografia à margem do campo
Luciano Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Não tenho certeza, parece que data do último ano do século passado a instituição da área técnica à margem do campo de futebol — aquele quadrilátero onde deve permanecer o treinador devidamente credenciado para acompanhar o seu time durante a partida.
Se o treinador extrapola e ultrapassa a linha demarcatória é considerada
infração, mas eu não sei se algum deles chegou a ser expulso por essa indisciplina
espacial.
O fato é que nas partidas transmitidas pela TV a maioria dos treinadores
parece consciente de que fazem parte de espetáculo e, conforme a inspiração de
cada um, exibem, às vezes, estranha coreografia.
Uns permanecem acocorados, a maioria gesticula. Outros parecem
transmitir suas emoções mediante expressão facial quando se supõem sob o close
de câmeras de TV.
Fernando Diniz, que recentemente dirigiu o Fluminense com muito êxito e
foi técnico interino da seleção brasileira e do Cruzeiro, sem sucesso, mostra-se
invariavelmente mal-humorado mesmo quando seu time está vencendo.
Dorival Júnior, mal sucedido à frente da seleção brasileira,
frequentemente era visto de braços cruzados e semblante angustiado.
O palmeirense Abel Ferreira e o são-paulino Luis Zubeldía
invariavelmente fazem da tal área técnica uma espécie de palanque de onde
desferem constantes reclamações em relação à arbitragem e arengam ferozmente
com o quarto árbitro, que ao que se sabe não tem nem prerrogativa nem
autoridade para influenciar a conduta do juiz da partida. O máximo que
conseguem, tanto o português quanto o argentino, são cartões vermelhos
frequentes.
Porém, ao meu modesto olhar, o mais estranho de todos é o ex-treinador
do Santos, Flamengo e Atlético Mineiro Jorge Sampaoli — ilustre perdedor — que
caminha a passos rápidos de um lado ao outro da área técnica, mirando os
próprios pés, ao invés de observar a movimentação dos jogadores. Daí parecer
permanentemente desorientado e — com licença do preconceito — tremendo
farsante.
Foi-se o tempo — realmente há priscas eras — em que os técnicos
permaneciam no banco e pelo menos um deles, o campeão mundial de 1958 pela
seleção brasileira, Vicente Feola, até se permitia cochilos momentâneos.
Leia: Diálogo nada confortável https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/04/minha-opiniao_13.html
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