26 abril 2025

Minha opinião

Coreografia à margem do campo
Luciano Siqueira 
instagram.com/lucianosiqueira65 

Não tenho certeza, parece que data do último ano do século passado a instituição da área técnica à margem do campo de futebol — aquele quadrilátero onde deve permanecer o treinador devidamente credenciado para acompanhar o seu time durante a partida.  

Se o treinador extrapola e ultrapassa a linha demarcatória é considerada infração, mas eu não sei se algum deles chegou a ser expulso por essa indisciplina espacial. 

O fato é que nas partidas transmitidas pela TV a maioria dos treinadores parece consciente de que fazem parte de espetáculo e, conforme a inspiração de cada um, exibem, às vezes, estranha coreografia. 

Uns permanecem acocorados, a maioria gesticula. Outros parecem transmitir suas emoções mediante expressão facial quando se supõem sob o close de câmeras de TV. 

Fernando Diniz, que recentemente dirigiu o Fluminense com muito êxito e foi técnico interino da seleção brasileira e do Cruzeiro, sem sucesso, mostra-se invariavelmente mal-humorado mesmo quando seu time está vencendo.  

Dorival Júnior, mal sucedido à frente da seleção brasileira, frequentemente era visto de braços cruzados e semblante angustiado.  

O palmeirense Abel Ferreira e o são-paulino Luis Zubeldía invariavelmente fazem da tal área técnica uma espécie de palanque de onde desferem constantes reclamações em relação à arbitragem e arengam ferozmente com o quarto árbitro, que ao que se sabe não tem nem prerrogativa nem autoridade para influenciar a conduta do juiz da partida. O máximo que conseguem, tanto o português quanto o argentino, são cartões vermelhos frequentes.  

Porém, ao meu modesto olhar, o mais estranho de todos é o ex-treinador do Santos, Flamengo e Atlético Mineiro Jorge Sampaoli — ilustre perdedor — que caminha a passos rápidos de um lado ao outro da área técnica, mirando os próprios pés, ao invés de observar a movimentação dos jogadores. Daí parecer permanentemente desorientado e — com licença do preconceito — tremendo farsante.

Foi-se o tempo — realmente há priscas eras — em que os técnicos permaneciam no banco e pelo menos um deles, o campeão mundial de 1958 pela seleção brasileira, Vicente Feola, até se permitia cochilos momentâneos.

Leia: Diálogo nada confortável https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/04/minha-opiniao_13.html 

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