Estratégias são essenciais, mas precisam
estar associadas ao talento
A ação coletiva e a individual caminham juntas no futebol
Tostão/Folha de S. Paulo
Na Copa do Brasil, como se esperava, Corinthians e Palmeiras fizeram um jogo equilibrado. A vitória do Corinthians por 1 a 0 aconteceu nos detalhes, na anulação duvidosa do impedimento de Gustavo Gómez no gol do Palmeiras e na desatenção da equipe na marcação de Matheuzinho, que cruzou para Memphis no gol do Corinthians. Um jogo equilibrado é decidido nos detalhes em frações de segundo.
O gol do
Corinthians e o gol anulado do Palmeiras ocorreram em bolas cruzadas, cada dia
mais frequentes nos gols no Brasil e em todo o mundo, sejam por bolas paradas
ou em movimento. Aumentou o número de bons cruzadores e de bons cabeceadores.
Por outro lado, diminuíram os gols decorrentes de trocas de passes,
triangulações e tabelinhas pelo centro, que são mais bonitos. Além disso,
poucas equipes usam a dupla de atacantes pelo meio, como faz o Corinthians com
Memphis e Yuri Alberto.
Pelé e Coutinho formaram a melhor
dupla de ataque da história do futebol brasileiro. Os dois,
próximos, entendiam-se pelo olhar e pelos movimentos do corpo. É a comunicação
analógica, menos precisa, porém mais fascinante e criativa do que a digital.
Hoje, as equipes,
em vez de trocar passes pelos lados ou usar a habilidade do ponta no drible até
chagar à linha de fundo, abusam dos cruzamentos da intermediária, pelos lados,
para a área. O zagueiro, de frente para o lance, tem a vantagem no cabeceio.
Faltam a muitas
equipes, como a do Palmeiras, a troca de passes e as triangulações pelo centro.
É uma das razões da dificuldade do centroavante Vitor Roque, que gosta de
receber a bola na frente para aproveitar sua velocidade. Ele não colabora, pois
aparece pouco para receber a bola, trocar passes e tê-la perto do gol. Vitor
Roque parece gostar do contato físico, fica colado ao zagueiro, diferentemente
dos grandes centroavantes que dão dois a três passos para o lado para receber a
bola antes do zagueiro.
Quando um time
tenta avançar pelo centro trocando passes, os laterais adversários costumam se
deslocar para o centro para ajudar os zagueiros, deixando espaços livres nas
laterais. Os grandes times usam bastante as viradas de bola do centro para o
lado e do lado para o centro até aparecer a chance de alguém penetrar para
receber a bola e finalizar.
Na Copa do Brasil, na
vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo, o Atlético-MG repetiu, com sucesso, a
estratégia do jogo contra o mesmo adversário no Brasileirão, de marcar mais
atrás e pressionar individualmente respeitando o setor. Em um jogo equilibrado,
a vitória saiu também nos detalhes, na saída de bola errada do zagueiro Léo
Pereira, o que é raro. Samuel Lino entrou no segundo tempo e mostrou que será
um ótimo reforço para o Flamengo.
O Cruzeiro, diante
da marcação recuada do CRB, sem espaços para os lançamentos rápidos para o
ataque, como costuma fazer, abusou também das jogadas aéreas no empate por 0 a
0, no Mineirão, pela Copa do Brasil. Faltaram o drible e a troca de passes
curtos e pelo centro, coma já tinha acontecido contra o Ceará e contra o
Corinthians.
As estratégias são
essenciais no futebol, quando bem executadas, mas precisam estar associadas às
improvisações e ao talento individual. As decisões dos atletas ocorrem no
momento do lance. A ação coletiva e a individual caminham juntas.
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A estratégia e a improvisação no futebol https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/futebol-tecnica-e-talento.html
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