02 agosto 2025

Futebol: estratégia e arte

Estratégias são essenciais, mas precisam estar associadas ao talento
A ação coletiva e a individual caminham juntas no futebol
Tostão/Folha de S. Paulo 

Na Copa do Brasil, como se esperava, Corinthians e Palmeiras fizeram um jogo equilibrado. A vitória do Corinthians por 1 a 0 aconteceu nos detalhes, na anulação duvidosa do impedimento de Gustavo Gómez no gol do Palmeiras e na desatenção da equipe na marcação de Matheuzinho, que cruzou para Memphis no gol do Corinthians. Um jogo equilibrado é decidido nos detalhes em frações de segundo.

O gol do Corinthians e o gol anulado do Palmeiras ocorreram em bolas cruzadas, cada dia mais frequentes nos gols no Brasil e em todo o mundo, sejam por bolas paradas ou em movimento. Aumentou o número de bons cruzadores e de bons cabeceadores. Por outro lado, diminuíram os gols decorrentes de trocas de passes, triangulações e tabelinhas pelo centro, que são mais bonitos. Além disso, poucas equipes usam a dupla de atacantes pelo meio, como faz o Corinthians com Memphis e Yuri Alberto.

Pelé e Coutinho formaram a melhor dupla de ataque da história do futebol brasileiro. Os dois, próximos, entendiam-se pelo olhar e pelos movimentos do corpo. É a comunicação analógica, menos precisa, porém mais fascinante e criativa do que a digital.

Hoje, as equipes, em vez de trocar passes pelos lados ou usar a habilidade do ponta no drible até chagar à linha de fundo, abusam dos cruzamentos da intermediária, pelos lados, para a área. O zagueiro, de frente para o lance, tem a vantagem no cabeceio.

Faltam a muitas equipes, como a do Palmeiras, a troca de passes e as triangulações pelo centro. É uma das razões da dificuldade do centroavante Vitor Roque, que gosta de receber a bola na frente para aproveitar sua velocidade. Ele não colabora, pois aparece pouco para receber a bola, trocar passes e tê-la perto do gol. Vitor Roque parece gostar do contato físico, fica colado ao zagueiro, diferentemente dos grandes centroavantes que dão dois a três passos para o lado para receber a bola antes do zagueiro.

Quando um time tenta avançar pelo centro trocando passes, os laterais adversários costumam se deslocar para o centro para ajudar os zagueiros, deixando espaços livres nas laterais. Os grandes times usam bastante as viradas de bola do centro para o lado e do lado para o centro até aparecer a chance de alguém penetrar para receber a bola e finalizar.

Na Copa do Brasil, na vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo, o Atlético-MG repetiu, com sucesso, a estratégia do jogo contra o mesmo adversário no Brasileirão, de marcar mais atrás e pressionar individualmente respeitando o setor. Em um jogo equilibrado, a vitória saiu também nos detalhes, na saída de bola errada do zagueiro Léo Pereira, o que é raro. Samuel Lino entrou no segundo tempo e mostrou que será um ótimo reforço para o Flamengo.

O Cruzeiro, diante da marcação recuada do CRB, sem espaços para os lançamentos rápidos para o ataque, como costuma fazer, abusou também das jogadas aéreas no empate por 0 a 0, no Mineirão, pela Copa do Brasil. Faltaram o drible e a troca de passes curtos e pelo centro, coma já tinha acontecido contra o Ceará e contra o Corinthians.

As estratégias são essenciais no futebol, quando bem executadas, mas precisam estar associadas às improvisações e ao talento individual. As decisões dos atletas ocorrem no momento do lance. A ação coletiva e a individual caminham juntas.

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A estratégia e a improvisação no futebol https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/futebol-tecnica-e-talento.html

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